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Pablo Kossa
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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Foo Fighters é classic rock dos dias de hoje

Grohl entende de rock de verdade | 09.04.12 - 19:33

Acompanhei todo o Lollapalooza do conforto do meu lar. Perninhas para cima nas almofadas do sofá após a lesão no joelho por conta do futebol de final de semana, observei o festival com um bom distanciamento. Ainda não sou do time que prefere sempre os grandes festivais pela televisão. Ainda. Dependendo das atrações, encaro os mega eventos para ver os artistas que me interessam. No caso do Lolla BR, a programação não me mobilizou a gastar a grana necessária para seguir para Sampa. Queria ver a Joan Jett, mas não pilhei tanto assim. O Jane’s Addiction do dono da festa Perry Farrell é uma banda que tem meu respeito, mas sei que terei oportunidades futuras para assisti-los. E tinha o Foo Fighters, a única banda que realmente poderia gerar uma mobilização e ir ao festival.

Só que isso não aconteceu. A promessa de alguns shows gringos que podem pintar no Brasil ao longo desse ano, mais o fato de que já vi a banda uma vez, 11 anos atrás, na terceira edição do Rock in Rio, consolidaram minha desistência. Sei que hoje o Foo Fighters é outra banda: muito maior em termos de popularidade (naquela ocasião, quem fechou a noite foi o REM), com um repertório de hits bem superior, com uma presença quase opressora de Dave Grohl quando a mídia especializada quer falar de alguém cool. Mesmo assim, tudo isso não me convenceu. Preferi a transmissão do Multishow.
O Foo Fighters hoje é a banda classic rock para a geração internet. Eles são o Queen que ouviu punk rock. O Pink Floyd que entende a importância do Motörhead. O mais perto do U2 que os anos 90 produziu, mas sem o messianismo. Grohl entende de rock de verdade. Dá para ver isso desde aspectos macro como a estruturação das músicas até os detalhes mínimos como a escolha dos amps – só o suprassumo do bom gosto que produziu os melhores sons da história do rock.

Além de todo conhecimento histórico e enciclopédico acerca do estilo, Grohl tem carisma de verdade. Ele consegue segurar a plateia com bom humor e entrega em cima do palco. Ele realmente se dedica para fazer um show de peso para aqueles que pagaram muitos e bons reais para estar ali. Seus hits crescem na hora certa, para que todo público se esgoele junto dele no refrão. Tudo no jeito para ter seu lugar definitivo na história do rock.
Contudo, em âmbitos artísticos ainda falta “o” disco definitivo. Aquele que marca uma banda para sempre. Seu Dark Side, Sgt. Peppers, Exile ou Pet Souds. Seu Achtung Baby, OK Computer, London Calling ou Catch a Fire. Embora Grohl tenha créditos por Nevermind, a genialidade desse album é de Kurt Cobain, não do então baterista. O desafio da banda agora é no campo da estética, pois no campo popular já ganharam o jogo.

Talvez Grohl nunca consiga esse disco. Talvez ele nem tenha tal ambição. Se a meta do cara era tocar para multidões em estádios, ele conseguiu cumprir o objetivo com louvor. Bom para ele, bom para nós que temos uma baita banda tocando mundo afora. 

Comentários

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  • 15.04.2012 07:20 Manuela Costa

    Fantástico o texto, Pablo! Se você se recorda do meu texto aqui, eu fui ao festival, e, cara, foi o melhor do show da minha vida até então! Posso dizer que os probelmas com a garganta não foram um problema e que ele soube comamandar e seguimentar a coisa muito bem! E poderíamos esperar menos de uma das maiores referências do Rock na atualidade? Abs, Manuela

  • 10.04.2012 03:13 Fábio Borges de Aguiar

    Quando David Grohl montou o Foo Fighters eu realmente achei que seria mais uma bandinha fracassada de momento e com um ex-integrande de um banda famosa. Mesmo porque o Nirvana é icônico. Ao longo do tempo acho que ele conseguiu algo que eu julgava inimaginável. Desvincular sua imagem de baterista do Nirvana para líder de uma outra grande banda. Durante seu tempo no Nirvana ele escreveu muita coisa, mas para preservar a interação do grupo ele as guardou e pode trabalhar integralmente em seu projeto. Pablo, vc diz muito bem que a banda é uma das "classic rock". Ela preserva muita coisa do melhor do Rock, rebeldia com irreverência e atitude. Fui ao Rock In Rio ano passado e acho que dentro dos gigantes que se apresentaram Motorhead, Metallica, System... Foo Fighter se encaixaria muito bem e com méritos.

  • 09.04.2012 08:11 Carlos Edu Bernardes

    Muito bom, Pablo! Eu tinha voltado de SP na quarta, após ver o Waters no Morumbi (fantástico!) e chorar - de peito aberto - ouvindo uma das trilhas sonoras da minha adolescência, o The Wall. Meus garotos foram na sexta santa e assistiram o Foo Fighters no sábado. Adoraram, pois são muito fãs da banda. Eu, nem tanto, apenas vi pedaços pela Multishow e gostei também do Manchester Orquestra. O rock vive e passa bem, acredito. E então? Vamos nos encontrar em Floripa para ver o McCartney dia 25? Abraços!

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