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São Paulo - Não, elas não são uma passarela de moda oficial. Também não integram o calendário super badalado das fashion weeks internacionais. Mas não dá para negar: quem gosta de estar sempre bem vestido tem nas tribunas sociais dos hipódromos uma bela referência para se inspirar. E detalhe: as modelos que desfilam pelos prados não precisam ter “essa ou aquela medida”. O importante mesmo é estar alinhado com o dress code que o espaço demanda.
Professora de psicologia na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás) e consultora de imagem, Gabriella Alvarenga explica que os eventos relacionados às corridas de cavalo, ou a outros igualmente realizados em hipódromos, requerem vestimenta elaborada porque são tradicionais.
“É um dia sempre de muito glamour. Em determinados lugares, como na tribuna social, o traje obrigatório para as mulheres pode ser passeio completo, que se traduz por vestido longo ou midi (na altura dos joelhos) mais requintado”, detalha a profissional. “Para os homens, a regra é o terno ou mesmo o fraque, dependendo do país”, continua.
No auge do turfe no Brasil, entre as décadas de 1930 e 1950, as cores para as vestimentas masculinas deveriam ser, preferencialmente, claras, em tons bege ou cinza, já que as corridas são realizadas durante o dia, complementa a designer de moda da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Juscélia Moreira.
(Foto: Arquivo Jockey Club de São Paulo)
Gabriella Alvarenga lembra que a influência para o vestir em hipódromos está muito ligada à paixão da monarquia britânica por cavalos, turfes e corridas. Competições em Ascot, construído pela rainha Ana em uma área adjacente ao Great Park, são realizadas desde 1711. “Na chamada Royal Enclosure, restrita à rainha e a seus convidados, o código de vestimenta é rigoroso”, pontua a consultora.
Ela exemplifica a afirmação: calças compridas femininas devem bater no calcanhar; a bainha das saias não pode subir além do joelho; barriga de fora, ombros totalmente expostos e tomara-que-caia, nem pensar. “É indispensável o chapéu ou outro enfeite de cabeça, com no mínimo de 10 centímetros de base. Para os homens, fraque completo, incluindo cartola”, diz.
De acordo com a profissional, apenas fora deste lugar reservado é possível não seguir totalmente as regras. “Dá para curtir a competição num piquenique no gramado com DJ e festa, mas ainda é pedido traje formal, e que as mulheres enfeitem a cabeça”.
A moda atrelada ao tempo
A professora da PUC Goiás ressalta que as influências no modo de vestir em hipódromos têm laços estreitos com o período que vai de 1920 a 1950, quando chapéus e luvas compunham o guarda-roupa feminino.
A designer Juscélia Moreira acrescenta que a moda é reflexo social, político e econômico do momento em que se vive. Ela pontua, por exemplo, que a queda da bolsa de valores em Nova York, em 1929, e as principais guerras mundiais provocaram uma grande crise econômica em todo o mundo, no século passado.
“As roupas produzidas em massa se tornaram mais populares, com preços mais acessíveis em relação às peças sob medidas. Apesar de tudo, as pessoas queriam passar uma boa imagem. Homens e mulheres tinham um visual sóbrio, porém sofisticado e não menos elegante”, explica Juscélia sobre a época que vai de 1930 a 1950.
(Foto: Arquivo Jockey Club de São Paulo)
O comprimento do vestido, logo abaixo do joelho, é típico dos anos 1920. Característico da década seguinte, há uma recuperação da cintura marcada, como forma de resgatar a feminilidade. "A novidade foi a criação do shape A, com cortes em godê ou evasê", diz Juscélia. Já em 1940, com influência de Christian Dior, as saias se apresentam mais volumosas, com silhueta marcada; e os chapéus se mantiveram.
Aliás, quando falamos desse item, Gabriella relembra uma frase da editora de moda da Elle francesa, Tamara Taichman: "As roupas acrescentam fascínio, mas os acessórios garantem o estilo. Uma garota usando um vestido e uma jaqueta de motoqueiro é algo muito comum hoje, mas, ao usar um chapéu, mostra atitude".
(Graciella Starling Braga, com chapéu rosa, no GP de SP 2019 / Foto: Eduardo Tarran)
Para quem quiser ousar um pouco mais, a consultora de imagem deixa um convite: conhecer o trabalho de Graciella Starling Braga, que se dedica à arte da chapelaria no Brasil (e está de chapéu rosa na foto acima).
Looks contemporâneos
O jornal A Redação separou algumas imagens do Grande Prêmio de São Paulo, realizado em 2019, no Hipódromo Cidade Jardim, que traduzem, exatamente, o dress code herdado da terra da rainha. Por enquanto, o local passa por obras de restauro, conduzidas pela Organização Social (OS) Elysium Sociedade Cultural, mas, em breve, será possível apreciar, novamente, os belos looks desse evento de moda extraoficial.
(GP de SP 2019 / Foto: Porfírio Menezes)
(GP de SP 2019 / Foto: Porfírio Menezes)
(Presidente da CSN e do Jockey Club de SP, Benjamin Steinbruch, com a esposa
Carolina Steinbruch e com o cantor Zezé di Camargo no GP 2019 /Foto: Porfírio Menezes)