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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br
Talvez você não saiba, mas tenho muito de sangue italiano correndo nas artérias. Como adotei publicamente o sobrenome Kossa, de origem dos países bálticos, o Galli que vem logo depois fica meio camuflado. Além do Galli que herdei da família de minha avó paterna, um sobrenome italiano que vem do meu avô materno, o Sanfelice, se perdeu com o passar das gerações. Meus pais têm cidadania italiana. Meu processo e de minha irmã está correndo. Com esse tanto de referências genéticas da bota do Velho Mundo, não tinha como eu não gostar de pizza. Talvez gostar seja pouco, eu realmente venero uma boa pizza. E que legal que temos um dia para falar desse delicioso prato.
O hábito de comer pizza é transmitido pelas gerações: herdei de meus pais e passo orgulhosamente para minhas garotas. Em nossa casa, comemos o prato mais de uma vez por semana. Minha esposa brinca que se deixar por minha conta, é pizza todos os dias. Não é mentira. Se eu fosse guiado somente pela vontade, é bem provável que isso rolasse mesmo. Acho as combinações possíveis sobre a massa sedutoras e incrivelmente apetitosas. Pizza cabe bem em qualquer situação, em qualquer momento. No café da manhã, almoço ou jantar. Gelada, requentada ou saída do forno. De segunda-feira a domingo. Sempre uma pizza vai bem.
A abrangência da pizza é tamanha que ela não tem distinção de classe social. Frequenta todas as mesas, de todas as faixas. Da lanchonete vagabunda de esquina ao restaurante requintado do Marista, todos têm pizza para oferecer aos clientes. E você pode comer na mão tanto quanto pode ir de garfo e faca. O cliente é quem manda.
Aliada à criatividade brasileira, a pizza adquiriu características tupiniquins. Por exemplo, um italiano roots deve achar um absurdo quem coloca maionese, ketchup ou mostarda no prato. Eu confesso que também não gosto. Agora, se o povo que está comendo acha que harmoniza, quem sou eu para dizer o contrário? Quando estive na Argentina, pedi uma pizza em um restaurante bem astral. Quando foi servida, solicitei ao garçom um azeite para dar uma timbrada. Ele disse: “Eu sabia que você iria pedir azeite. Só brasileiros comem pizza com azeite”. Eu fiquei pensativo. Para mim é absolutamente normal esse acompanhamento. Para os hermanos, não. E está tudo certo.
Também acho sensacionais as criações de recheio das pizzas brasileiras. Talvez o mais criticado seja o sabor “Frango com Catupiry”. Novamente, se o cliente quer comer assim, deixe o rock rolar. O importante é o cara ficar na boa com seu prato. Da mesma forma que acho super originais as criações regionais como pizza goiana com pequi, nordestina com elementos da culinária daquela região do Brasil ou a amazônica, com peixes e temperos da floresta tropical. Bobo de quem se apega ao conservadorismo para não reconhecer o sabor dessas invenções.
E para comemorar, nada melhor do que uma bela pizza. Hoje, será no almoço e no jantar. Afinal, é dia de festa! Está servido?