Pedro Jacobson
São Paulo - É praticamente tradição no turfe que os jóqueis se interessem pelo esporte bem cedo. Foi o caso de todos os atletas entrevistados até aqui pela
coluna Puro-Sangue e também é o de Rodrigo Schulze, diretor da Escola de Aprendizes do Jockey Club de São Paulo (JCSP).
“Comecei a frequentar o JCSP aos quatro anos de idade e sempre adorei cavalos e as corridas. A paixão e a adrenalina me movem até hoje aqui dentro. Estive à frente da escola em dois momentos, de 2012 a 2017, e voltei em setembro de 2021”, relembra ele.
Esta semana conheceremos um pouco mais sobre os primeiros passos para conquistar a glória nas pistas de corrida.
Fundada na década de 70, atualmente a Escola de Aprendizes do JCSP prepara seis atletas para a carreira de jóquei profissional. Os alunos não pagam nada pela profissionalização, mas precisam cumprir certos requisitos e já ter alguma noção de montaria. “Para entrar na escola, tem que ter 16 anos completos, medir até 1,60 e pesar até 50 quilos”, explica o diretor.
Além disso, os aprendizes costumam ser selecionados a partir do destaque em corridas menores. O curso não tem uma duração específica de tempo. Existem quatro níveis de aprendiz, nos quais o atleta vai sendo promovido, a partir do número de vitórias, até que possa ser considerado um profissional. Os alunos precisam concluir esse processo em até dois anos.
A sala de aula dos aprendizes do JCSP (Foto: Rodrigo Schulze)
"Hoje em dia, a Escola busca candidatos em outros hipódromos menores, nas canchas retas e sempre com contatos de profissionais que por aqui passaram”, conta Rodrigo. Um exemplo de jóquei que foi descoberto nas retas é o sul-mato-grossense
José Aparecido, já conhecido pelos leitores da coluna Puro-Sangue. Atualmente o atleta se prepara para competir no Champ de Mars, hipódromo das Ilhas Maurício, no sudeste africano.
Ele explicou como se deu a sua conclusão de curso na Escola: "Não é por tempo. Na minha época, em 93, tínhamos que completar 70 vitorias para poder passar para jockey profissional. A gente começa como aprendiz de quarta, depois de algumas vitórias passamos a aprendiz de terceira, depois para segunda e por fim aprendiz de primeira. E depois disso, após mais algumas vitórias chegávamos a jóquei profissional. No total eram 70 vitórias, eu consegui em menos de um ano", conta.
José Aparecido em 2012 no cavalo Invictus (Foto: Porfírio Menezes/JCSP)
Além de Rodrigo, a Escola inclui o ex-jóquei Marco Latorre, que leciona sobre o esporte na prática. Também integram a equipe professores de português e matemática, bem como um personal trainer para manter os alunos dentro do condicionamento físico necessário.
Entre os 25 ex-alunos da Escola matriculados no Jockey também está
Michel Platini. Também conhecido na coluna, ele vem se destacando nas provas e está a 17 anos montando no hipódromo Cidade Jardim.
Michel Platini na Prova Especial Almirante Barroso (Foto: Porfírio Menezes/JCSP)
“Os aprendizes, dependendo do nível de cada um, têm diferentes atribuições diárias. Mas, em geral, eles têm de lidar com os cavalos, seja tratando ou montando. Nosso maior foco é lapidar os jovens montando, orientando para a carreira de jóquei”, explica ele sobre a rotina dos alunos até chegar o momento que estejam prontos para competir profissionalmente.
O diretor Rodrigo Schulze também comentou sobre as obras de restauro, desempenhadas no JCSP pela Elysium Sociedade Cultural: “São muito bem-vindas. O Jockey Club é um patrimônio de São Paulo e merece essa restauração a fim de se atualizar”, aponta ele.
(Foto: Porfírio Menezes/JCSP)
