Gabriel Neves
São Paulo - Quem foi o responsável por colocar as linhas e contornos do Jockey Club de São Paulo entre os maiores charmes da capital paulista? Entre prédios, vias expressas, carros (muitos carros!) e uma presença genuína do mundo moderno – como é comum na paisagem da cidade de São Paulo –, o arquiteto francês Henri Sajous fincou um monumento do art déco.
A sede do Jockey só foi inaugurada na década de 1950, mas antes disso Sajous já tinha vindo da França (onde se graduou na Escola Nacional Superior de Belas Artes) para o Brasil a convite de um proprietário mineiro de estações de água que conheceu seu trabalho quando esteve em Paris. Contudo, a recessão econômica que afetou o mundo inteiro no final da década de 1920 também foi outro fator que influenciou a mudança de Sajous para o Brasil, segundo apontam alguns estudiosos.
O arquiteto Henri Sajous (Foto: Reprodução)
E o que não faltaram por aqui foram oportunidades. O arquiteto, que muito bem se relacionava com a elite econômica e cultural, fez parcerias que lhe renderam projetos e encomendas nos quase 30 anos vividos entre Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. De edifícios para a rica e imponente família Matarazzo a projetos mais privativos, foi o Jockey Club de São Paulo que incubiu 12 anos de seu trabalho, quase que ininterruptamente.
A simetria, tão presente quando observado na Tribuna dos Sócios – local nobre na estrutura do Jockey –, por exemplo, é uma dessas marcas arquitetônicas que consolidaram a carreira de Sajous por aqui. Quem visita o complexo do Jockey e observa este e outros elementos de maneira atenta pode, inclusive, se desprender por alguns instantes da realidade para somente apreciar artisticamente o que foi concebido como tal.
Elementos de serralheria, ornamentação, mesas, luminárias, obras de arte e exclusividade. Soma-se ao trabalho de Sajous, também, a amizade com nomes como Victor Brecheret – que assina algumas das esculturas presentes no Jockey Club. Porém, todo o desempenho e fama cultural que conquistou fazendo seu nome e seu espaço no Brasil foi perdendo fôlego à medida que o modelo modernista deixava de ter um espaço nobre para ceder a pressões que o mercado vigente impunha.
Os teóricos da história da arquitetura afirmam que esse foi o momento de maior crise pela qual passou o arquiteto, que nos últimos anos de vida retornou a França. Em Nice, uma cidade francesa do interior, Sajous faleceu aos 78 anos. Mas uma das coisas mais bonitas de quem trabalha projetando e construindo é exatamente a extensão deixada por aqui, alcançando gerações através do que chamamos de legado. O Jockey Club de São Paulo está aí.