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Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
(Foto: divulgação)Estreou na última sexta-feira (8/7) com muito pouco alarde e nenhuma pompa a minissérie Sem Limites, estrelada por Rodrigo Santoro e Álvaro Morte, o Professor de La Casa de Papel. Os dois atores já valiam o confere, mas a premissa da coisa toda é muito mais interessante: a história da primeira circunavegação do mundo, considerada até hoje a maior façanha náutica da História e que efetivamente mudou o rumo do ponto, catapultando a Espanha para se tornar a maior potência do planeta, superando Portugal.
Em apenas seis episódios, Sem Limites traz Santoro como o navegador português Fernão de Magalhães e Morte como Juan Sebástian Elcano, o piloto que efetivamente conseguiu terminar a viagem que partiu com 239 homens e regressou com apenas 18.
Uma excelente surpresa inicial é que a série da Amazon Prime foi filmada inteiramente em português e espanhol. Ver Santoro testando seu sotaque lusitano é divertido, porém mais interessante ainda é ouvir o próprio idioma em uma produção internacional de grande porte.
Aliás, o dinheiro dos produtores se faz visto especialmente na cenografia e nos figurinos: roupas, navios e fortalezas são historicamente corretos e muito bem-feitos, o que contribui imensamente para a imersão.
A minissérie é visivelmente ambiciosa e grandiloquente, e isso traz alguns dos seus deslizes. Devido a um orçamento de televisão, apesar das intenções, a produção nunca consegue atingir as notas altas do épico histórico que buscavam alcançar. Assim, embora seja mais fiel historicamente, não consegue causar a emoção de dramalhões como Titanic, Coração Valente ou Dança com Lobos: por estar no streaming e não na tela grande, essa limitação se faz sentir.
O outro ponto fraco está na direção, principalmente nos dois episódios finais, que são mais impactantes, e desandam um pouco para o melodrama. Todos os episódios são dirigidos por Simon West, o que foi, no mínimo, uma escolha peculiar para a empreitada.
Caso não esteja ligando o nome à pessoa, West é o responsável pelo atroz filme de Tomb Raider estrelado por Angelina Jolie e também da pérola Con Air, com Nicolas Cage. Do começo dos anos 2000 pra cá, ele entrou em projetos cada vez mais flopados e desconhecidos, sempre no campo de ação estilo Michael Bay. Ser designado para um drama histórico sóbrio é no mínimo inesperado.
Por fim, a série peca por ritmo: embora tenha mais tempo que um filme, o seriado é obrigado a fazer grandes saltos arbitrários de tempo e é genérico em determinar onde a tripulação está e o que está acontecendo. Isso deixa a história corrida e com uma estranha sensação de que nós, como audiência, estamos perdendo partes importantes.
De toda forma, é um crime que a minissérie tenha ganhado tão pouca divulgação, especialmente no Brasil e na América Latina. Se você é fã de História, ela é obrigatória, apesar de seus defeitos, por recontar uma conquista tão importante e retratar um período histórico muito pouco explorado em um mercado audiovisual globalizado dominado pelo olhar anglófono.