Carolina Pessoni
Goiânia - A história de uma cidade é formada pelos seus patrimônios que, normalmente, estão localizados na região central. Em Goiânia não é diferente. Além de monumentos e prédios construídos para sua fundação, equipamentos culturais também fazem parte desta narrativa, como é o caso do Centro Livre de Artes.
Atualmente localizado dentro do Bosque dos Buritis, no Setor Oeste, o Centro Livre de Artes (CLA) foi fundado em 1975 sob o nome de Escola de Música do Município. O objetivo era proporcionar um polo de atendimento artístico direcionado à população carente da cidade.
A história do CLA começa com a realização do sonho do professor Osmar Siqueira, que percebeu uma carência musical entre os alunos e seus colegas de trabalho. Apesar de não ser músico, reconheceu a necessidade de ampliar esse conhecimento e se dedicou a fundar uma escola de música municipal para atender a essa necessidade das classes mais humildes.
Foi aprovada, então, na Secretaria Municipal de Educação a proposta de criação de uma escola de música em Goiânia. Entretanto, o início do funcionamento dessa escola esbarrou em impasses como falta de espaço físico e de recursos financeiros.
Funcionários da Escola de Música e do Museu de Arte de Goiânia (Foto: Acervo do Centro Livre de Artes)
Com a falta de um lugar adequado, a escola foi instalada provisoriamente em uma sala de aula no Colégio São Domingos, no Setor Coimbra, com o nome de Escola Municipal de Música José Ricardo, em homenagem ao filho do então prefeito, Francisco de Freitas Castro. A inauguração foi realizada em 4 de setembro de 1975, na sede do colégio, e a solenidade contou com a presença de diversas autoridades da época, como o prefeito Francisco de Freitas Castro e a primeira-dama Nicácia de Oliveira Castro.
Com o objetivo de ampliar as modalidades de ensino, espaço físico e atendimento à população, em janeiro de 1977 a Escola Municipal de Música foi transferida para para o Chafariz, na Praça Universitária, onde atualmente é a Biblioteca Pública Municipal Marieta Telles Machado, no Palácio Municipal da Cultura. Com a transferência, a escola passou a se chamar Escola de Música José Ricardo de Castro, para homenagear o então prefeito.
Com a melhor instalação da escola, foi possível contratar mais funcionários e adquirir mais instrumentos. Em 1979, as atividades foram ampliadas e a escola passou a funcionar nos três turnos, com o objetivo do ensino musical para a formação de músicos para Goiânia.
Museu de Arte de Goiânia (Foto: Acervo Centro Livres de Artes)
Com o grande número de alunos, o espaço físico foi se tornando insuficiente e a escola foi novamente transferida. Em 1981 foi instalada no Bosque dos Buritis, no mesmo prédio onde já funcionava o Museu de Arte de Goiânia. Além das aulas de música, começou a oferecer oficinas de dança e artes plásticas e, em 1986, passou a ser chamada de Centro Livre de Artes.
Juntos, o Museu de Arte de Goiânia e o Centro Livre de Artes ocupam uma área de 1.618 m². As instalações possuem salas para as atividades artísticas oferecidas, além de espaços administrativos, apoio psicopedagógico e biblioteca. Sua atuação contempla o ensino das artes em suas diferentes linguagens, como música, artes plásticas, artes cênicas e oficinas.
Ensino
"O Centro Livre de Artes é uma instituição que, ao longo dos seus 47 anos, tem como missão a valorização da arte, da cultura e da formação artística, em uma perspectiva multicultural e laica", destaca o secretário municipal de Cultura, Zander Fábio. Ele ressalta que as ações do CLA são norteadas pelas transformações sociais, culturais, educacionais e artísticas nas mais variadas linguagens, considerando seus aspectos históricos, técnicos e práticos.
Ao longo dos anos de atuação, o CLA revelou alguns talentos das artes goianas. Entre eles, o Projeto Quinteto Harmonizza, que foi idealizado como um número musical para a abertura do primeiro Fest’arte e acabou se consolidando como um grupo musical. Outros nomes de destaque que podem ser destacados são da professora e coordenadora de atividades culturais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Flávia Cruvinel; o arquiteto, artista visual e tatuador Thiago Lima; e o músico da banda Versário Arthur Andraus.
(Foto: Walter Sales)
Na linguagem de Música, é oferecido curso sequencial com duração de três a cinco anos com aulas de teoria musical, canto coral e instrumental, e oficinas variadas com duração de um ano ou mais. Podem participar alunos com idade a partir de 7 anos. Em Artes Visuais, são oferecidas oficinas anuais de Desenho, Pintura, Modelagem em argila e Gravura em modalidades de observação, retrato, figura humana, pintura em tela, além de História da Arte, em turmas divididas entre 7 e 14 anos e 15 anos acima.
O curso de Artes Cênicas e Práticas Corporais trabalha com modalidades de ballet infantil, break dance infanto juvenil e oficinas voltadas para a conscientização corporal. Já a Oficina Integrada atende alunos a partir de 5 anos e sem limite de idade máxima em oficinas que trabalham as linguagens artísticas interligadas em aulas temáticas e vivências lúdicas.
O secretário de Cultura de Goiânia explica que são abertas matrículas anualmente no final do mês de janeiro e início de fevereiro e no meio do ano para vagas de desistentes nos cursos que surgirem. "Nossas matrículas são on-line e gratuitas através de formulário simples e de fácil acesso pelo site da Prefeitura de Goiânia. Abrimos matrículas preferenciais para alunos da rede pública e pessoas cadastradas em programas sociais do governo, assim podemos oportunizar vagas para este público específico e democratizar o acesso aos nossos cursos", finaliza.
Serviço
Centro Livre de Artes
Endereço: Dentro do Bosque dos Buritis, R. 1, 605 - Setor Oeste
Telefone: (62) 3524-1194