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José Abrão
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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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Argentina, 1985: o valor da memória

| 01.11.22 - 21:04 Argentina, 1985: o valor da memória Darín como o promotor Strassera (Foto: divulgação)Às vésperas da eleição presidencial no Brasil, estreou na Amazon Prime Video um filme fundamental e necessário que deve ser assistido por todos os latino-americanos e especialmente por brasileiros: Argentina, 1985. Apesar dos tons melodramáticos não raros ao cinema portenho, o filme de Santiago Mitre mostra como a memória é ferramenta importantíssima para impedir que abusos autoritários e sanguinários voltem a se instalar na América do Sul.
 
Se faz necessário, porque escrevi este texto enquanto o Brasil repetia o vexame dos EUA de ver seu candidato à presidência derrotado se recusando a reconhecer a vitória do presidente eleito e ameaçando o processo constitucional e democrático (não pela primeira vez) enquanto apoiadores fanáticos movidos por teorias escabrosas de conspiração fechavam 300 rodovias brasileiras clamando por um golpe militar (novamente, não pela primeira vez).
 

É por este contexto que o filme de Mitre é tão importante: o longa retrata e documenta o caso real do julgamento dos militares responsáveis pela última ditadura argentina que durou apenas 7 anos mas que entrou para a história como a mais sangrenta da América do Sul: mais de 30 mil mortos e desaparecidos (os militares reconhecem 8 mil, o que ainda é muitas vezes superior a outras tiranias notáveis, como a de Pinochet no Chile, na casa dos 3 mil).
 
Apesar de diversos retrocessos posteriores, o julgamento, realizado em 1985, foi a primeira e única vez em que ditadores foram julgados e condenados pela sociedade civil na América Latina. É algo importante por si só, mas também para lembrar a todos os latino-americanos que é este o lugar de ditadores e figuras autoritárias e violentas: no banco dos réus.
 
O famoso discurso de encerramento do promotor Julio Strassera, vivido no filme por Ricardo Darín, está disponível no YouTube.


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