Carolina Pessoni
Goiânia - Localizado na região central de Goiânia, o Setor Universitário abriga um dos símbolos da capital, a Praça Honestino Guimarães, mais conhecida como Praça Universitária.
Apesar do bairro ter sido previsto no zoneamento urbano de Goiânia em 1930, a praça só foi inaugurada em 1969. O nome oficial foi praticamente substituído pelo qual o espaço é, de fato, conhecido, por ter na região diferentes faculdades e atrair os estudantes.
A arquiteta e urbanista Maria Ester de Souza, que é assessora de Relações Institucionais do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO), destaca que a qualidade do projeto é muito superior à de outras praças. "A Praça Universitária tem um projeto arquitetônico muito inteligente. O projeto de Waldemar Cordeiro faz com que ela se acomode no terreno e os desníveis são resolvidos com jardins e bancos. Isso é desenho, é paisagismo."
(Foto: Letícia Coqueiro)
Outro diferencial da praça é que ela é Patrimônio Histórico e Cultural de Goiás e foi o primeiro espaço público que abriu para receber obras de arte e é considerado um dos maiores museus a céu aberto da América Latina. "São obras que sobrevivem há décadas, cumprindo sua função de educação para a arte da população", diz Maria Ester.
O local possui 26 esculturas produzidas em técnicas diversas, como bronze, argila e concreto - com formas variadas, como mulheres, objetos futuristas e animais - e intervenções urbanas, como grafites. Além disso, a praça conta com o Palácio da Cultura e a Biblioteca Marietta Telles Machado.
A arquiteta e urbanista enfatiza que os aparelhos de cultura dispostos por toda a praça valorizam o projeto. "Não há muros separando as pessoas das obras de arte ou da biblioteca, que tem apenas uma porta. Quando o equipamento público é colocado à disposição da população, ela aceita, utiliza o espaço, como acontece na Praça Universitária."
(Foto: Letícia Coqueiro)
A Praça Universitária tornou-se também um grande referencial da cidade por reunir diversas manifestações sociais, culturais e políticas. Por estar muito próxima às universidades, já foi palco de protestos do movimento estudantil.
"A Praça Cívica tem um caráter monumental, de autoridade. É o lugar do poder político e administrativo do Estado. Já a Praça Universitária tem essa natureza de liberdade, onde as pessoas se sentem seguras para se manifestar", completa Maria Ester.
Além de sua dimensão, uma das especificidades da praça é o sistema viário. O anel interno permite maior mobilidade de trânsito, o que ocorre somente com pequenas rotatórias de entrada e saída.
A arquiteta ressalta que a circulação dos veículos acontece sem semáforos e de maneira eficiente. "Ainda bem que ninguém teve a ideia de cortar a praça no meio para estender a Avenida Universitária. Se um dia pensarem nisso, será uma briga muito grande com a população, que tem um apreço muito grande por esse lugar."
Foto: Letícia Coqueiro/A Redação