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José Abrão
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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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A “maldição” da adaptação

| 26.01.23 - 12:16 A “maldição” da adaptação Pedro Pascal e Bella Ramsey em The Last of Us (Foto: HBO)Estreou no último dia 15 a série The Last of Us, baseada no video game de mesmo nome lançado originalmente para PS3. Até agora apenas dois episódios foram ao ar, mas foram universalmente aclamados, com notas altíssimas em agregadores como o Rotten Tomatoes e no Imdb.
 
Mas o que irritou muitos gamers por aí foi a abordagem dada pela grande imprensa em dizer que a série rompeu a “maldição das adaptações de video game”. O motivo da indignação, parcialmente justificada, é a de que apesar de historicamente esse tipo de filme ser de qualidade no mínimo questionável (vide TODAS as versões de Resident Evil ou o peculiar filme do Super Mario Bros de 1993) e no máximo execrável (Monster Hunter, Street Fighter e Mortal Kombat: Aniquilação), fato é que adaptações recentes já dançavam em outra toada.
 
Se destacam a premiada série Arcane, baseada em League of Legends assim como a adaptação de Castlevania e os sucessos de bilheteria e crítica Sonic – O Filme e Detetive Pikachu. Por que, então, ainda se fala em maldição?
 
A minha interpretação é de que, apesar do exagero dos fãs, The Last of Us ganhou essa pecha de “rompedor” da maldição por ser uma produção adulta, mainstream e passando no horário nobre da HBO, no mesmo horário reservado para os arrasa-quarteirões Game of Thrones e Casa do Dragão, com Pedro Pascal no papel principal e outros nomes grandinhos no elenco. Há a sensação de que por tudo isso The Last of Us foi elevada a um novo patamar de adaptações, conseguindo, assim, atrair um público “normal” e abrangente.
 
Argumenta-se isso devido ao fato de que as boas adaptações citadas acima são nichadas: produções para o público infantil ou animações em streaming, nada no patamar do primetime americano. E é isso o que o público geral vê. Críticos poderão me dizer agora: “você está chamando Arcane de infantil?”. Não, não estou, mas o buraco é um pouco mais embaixo.
 
Tanto no meu mestrado quanto na minha vida acadêmica sempre estudei jogos digitais e sei na pele como mesmo em ambientes supostamente mais abertos como a Academia eles não são levados a sério ou, no mínimo, são considerados uma mídia menor.
 
Por isso acho que a “elevação” de The Last of Us é sim um passo importante para que essa realidade mude. Digo isso com base em outra mídia que por décadas e décadas foi considerada menor e que hoje é indubitavelmente arte: o cinema. Foi preciso anos e anos de labuta e experimentação e movimentos fortíssimos como a nouvelle vague para que os filmes fossem considerados algo mais do que entretenimento barato para o populacho.
 
Quem sabe, The Last of Us possa ser nosso Acossado para que uma porta seja aberta de forma definitiva para uma ampla audiência alheia ao mundo dos games.

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