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Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
(Foto: divulgação)Foi lançado em março O Crime do Bom Nazista (Editora Todavia, 128 páginas), mais novo romance de Samir Machado de Machado, autor dos excelentes Homens Elegantes e Homens Cordiais, assim como de Tupinilândia. Nele, o autor gaúcho retorna, de forma ampla, ao gênero que domina: a ficção histórica, mas em novas paragens, explorando o policial e o mistério.
Mais uma novella do que um romance, o livro presta uma homenagem lisonjeira aos autores de whodunit, principalmente Agatha Christie. A trama é simples: no ano de 1933, no trajeto do gigantesco Graf Zeppelin entre Recife e o Rio de Janeiro, um passageiro é assassinado. Como o dirigível não faz nenhuma pausa no percurso, o crime só pode ter sido cometido em pleno ar por outro passageiro.
Há um outro fator: como o veículo veio de Berlim, todos os passageiros são nazistas ou simpatizantes. Quem teria motivo para cometer tal atrocidade? Caberá ao inspetor Bruno Brückner solucionar o crime em meio aos suspeitos mais odiosos do mundo.
A temática da radicalização política, do ódio e da intolerância permeia o livro com acenos e conexões diretas com o zeitgeist do mundo contemporâneo. Ele também é explorado, novamente, através da excelente pesquisa historiográfica de Machado, recontando o clima e os acontecimentos na Alemanha imediatamente antes de afundar no nazismo, indo da vanguarda europeia para a Idade das Trevas em uma viagem sem escalas.
A pesquisa também enriquece toda a construção do mundo de Machado: até a leitura do livro, eu sequer sabia que uma linha de zepelins operou no Brasil, que recebeu passagens inclusive do titã Hindenburg. Para os curiosos, o autor preenche as páginas com detalhes e anedotas deste capítulo muito pouco conhecido da nossa História, tão peculiar que quase parece ficção, mas não é.
Curtíssimo, O Crime do Bom Nazista pode ser lido de uma tacada só e é essencial em um momento político e cultural tão tumultuado como o nosso. Afinal, apesar do humor sombrio presente em toda a obra, a mensagem é clara: nazista bom é nazista morto.