São Paulo - Notícia impactante: recebi uma carta! E não era propaganda, nem cobrança, nem advertência do condomínio reclamando da fumaça do churrasco que invadiu a casa do vizinho. Era uma linda cartinha em envelope rosa com letra cursiva de vó. Achei que os Correios não soubessem mais tratar essa forma de comunicação tão simples. Como explicar para a nova geração: É tipo um email, só que num papel, sabe? A gente digita com uma caneta e já sai impresso no final... Backspace? é... não, tem não...

Foi delicioso abrir o envelope e ler a receitinha que a vovó mandou!
Na verdade, minhas duas avós nos traziam essa belezura doce e macia sempre que vinham nos visitar. Hoje só tenho uma delas para agradecer.
Segue a receitinha de Bolacha de Nata e Goiabada da Vovó Lulu!
Momento Reflexão: não tenho idéia do porquê de nós mineiros chamarmos bolacha de biscoito e vice versa, nem adianta perguntar. Será um eterno dilema, já que fazer biscoito (em Minas) pode significar uma infinidade de coisas. Desde pequena aprendi que bolacha era o que a gente comprava pronto no pacote e levei um susto quando vi que, na verdade, a embalagem traz "biscoito recheado" e não bolacha. Vai entender...
Bom, se a receita é da vovó, ela chama do jeito que quiser! :) Vó pode tudo!
Ingredientes:
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1 copo (de requeijão) de nata (pode substituir por uma lata de creme de leite sem soro)
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2 colheres (sopa) de açúcar refinado
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1 colher (sopa) de margarina
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1 colher (sopa) de "pó royal" (nem adianta pedir para ela usar outra marca!)
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250g de farinha de trigo (aproximadamente 2 xícaras e meia, ou um pouco mais)
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1 goiabada pequena (aproximadamente 300g, se sobrar não tem problema, faz suflê)
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Açúcar refinado para decorar
Primeiro vamos falar da nata. Minha avó toma leite de vaca e não de caixinha, portanto ela tem que ferver e esperar esfriar. Nesse processo se forma uma grossa camada de nata que ela retira e congela a cada vez que ferve o leite. Ela vai acrescentando dia a dia as camadas de nata até a vasilha encher. Foi uma vasilha dessas que eu trouxe da casa da minha mãe para usar na receita.

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A textura é bem diferente do creme de leite
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Já vi nata sendo vendida em alguns empórios de São Paulo e não acho que deve ser tão difícil de achar no interior, mas dá para trocar por creme de leite de caixinha sem soro e sem drama. Nesse caso vai um pouco mais de farinha para dar o ponto, mas nada que te impeça de provar essa delícia.
Para começar corte a goiabada em tirinhas de aproximadamente 1cm de espessura.
Em uma vasilha misture, com a mão, a nata, o açúcar, a margarina e o pó royal. É importante que seja com a mão pois a temperatura do corpo ajuda os ingredientes a se misturarem melhor. Vá juntando a farinha de trigo e amassando bem. Quando a massa não estiver mais grudando na mão, nem na vasilha, está no ponto.

Abra uma parte da massa com um rolo em uma superfície lisa e limpa. Se, assim como eu, você não tem rolo de massa, cubra uma garrafa com papel filme e suje com um pouco de farinha de trigo. Fica profissional!

Abra a massa até que fique com 1/2 cm de espessura, pois como usamos fermento em pó, ela irá crescer até dobrar de tamanho.

Coloque uma tira de goiabada perto da borda e cubra com a massa formando um rolinho.

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A minha tirinha está totalmente fora do padrão Vovó de qualidade!
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Corte a massa que sobrar e aperte bem a bordinha para não abrir enquanto assa. Corte o rolinho formando cubinhos e coloque em uma fôrma (o marido insiste em dizer que são "cilindrinhos"... Eu mereço). Nem precisa untar. Repita o processo até acabar a massa.


Pode ser que, com a manipulação, a massa amoleça um pouco. Não tem problema, coloque um pouco mais de farinha e amasse novamente.
Leve ao forno pré aquecido a 200 graus até dourar. No meu forno levou apenas 10 minutos, mas é melhor se guiar pela cor mesmo (cada forno, um mistério).
Assim que sair do forno, jogue as bolachinhas imediatamente em uma vasilha com açúcar refinado para cobrir. Se esperar esfriar o açúcar não gruda. #DicaDaVovó!

Pode usar esse formato também, mas tem que grudar ainda melhor as pontinhas porque nesse modelo a chance da bolachinha abrir enquanto assa é ainda maior.

Prontinho! Uma caneca de café quentinho e cheiroso para acompanhar!
