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Sobre o Colunista
José Abrão
José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br
Anya Taylor-Joy como Furiosa (Foto: divulgação)Quando o cineasta George Miller decidiu retornar para a franquia Mad Max com Estrada da Fúria, em 2015, muitos ficaram céticos: o que um diretor da velha guarda poderia oferecer à nova geração de cinema? O resultado foi não apenas o melhor filme da franquia, mas o melhor do ano, vencedor de seis estatuetas do Oscar e possivelmente o melhor filme de ação da década.
Agora, quase 10 anos depois e aos 79 anos de idade, Miller retorna ao pós-apocalipse pela primeira vez sem Max e explorando o passado da personagem mais cativante de Estrada da Fúria: a Imperatriz Furiosa. O resultado é estrondoso, brilhante e espetacular. No fim das contas, Furiosa: Uma Saga Mad Max é melhor do que Estrada da Fúria? Não, mas por muito pouco.
A trama do filme acompanha Furiosa desde o seu sequestro no Lugar Verde até a sua consolidação como braço direito do insano Immortan Joe. No caminho, ela é vivida brilhantemente por Anya Taylor-Joy em uma performance tão poderosa que consegue ofuscar até mesmo a interpretação anterior da personagem por Charlize Theron.
E no seu caminho está outro vilão de primeira categoria: Dementus, vivido por um excelente Chris Hemsworth, que parece exorcizar em cada cena de cada filme da Marvel do seu passado, fazendo de tudo para se afastar da imagem do herói escultural nórdico que ele interpretou por lá por quase 20 anos. Dementus é enfurecedor, caótico, idiota e destrutivo de uma forma que faz o outro vilão da trama, Immortan Joe, parecer um sujeito razoável.
Críticos insossos reclamaram dos filmes anteriores da franquia por ter muita ação e “pouco” roteiro, sem compreender o trabalho magistral e colossal necessário para realizar as sequências de ação práticas e estapafúrdias de cada filme. Aqui, porém, Miller se vinga: a ação continua maravilhosa e ainda vai além de Estrada da Fúria, só que as 2h30 do filme também estão recheadas até a tampa de história.
E não só da trama: do mundo, dos personagens. Miller aproveita o seu orçamento inchado conquistado a duras penas ao longo dos anos para finalmente poder construir, expandir e consolidar o seu imaginário do mundo destruído de Mad Max, algo que começou minúsculo com o primeiro filme independente e foi aumentando de forma tímida nos longas posteriores. Aqui, ele está sem amarras, e pode nos jogar de cabeça na sua visão, temas e críticas contundentes sobre a natureza humana e o fim dos tempos.
É quase redundante dizer isso agora, mas Furiosa é parada obrigatória para qualquer amante do cinema. É uma verdadeira aula que Miller dá não apenas para a nova geração de cineastas mas também para muitos colegas veteraníssimos que parecem ter se perdido dentro da própria fama.