A origem do Arquivo Histórico Estadual está ligada aos primórdios de Goiânia. Até 1924, cada secretaria era responsável pela custódia dos documentos. Inicialmente localizado na cidade de Goiás com o nome de Arquivo Público do Estado, foi transferido para Goiânia por uma lei de 1944, ficando subordinado à Secretaria de Justiça e Segurança Pública. Em 1961, passou a se chamar Arquivo Geral do Estado, sendo anexado à recém-criada Secretaria de Administração.
O Arquivo Histórico Estadual foi formalizado pelo Decreto 169/74, que alterou o Decreto nº 180, de 24 de julho de 1967, transferindo o controle para a Secretaria de Educação e Cultura. Em 1976, iniciou-se a organização do Arquivo Histórico Estadual, que ganhou sede definitiva em 1987.
Unidade da Superintendência de Patrimônio Histórico, Cultural e Artístico da Secretaria Estadual de Cultura de Goiás, o Arquivo Histórico tem a missão de receber, localizar, recolher, recuperar, preservar, organizar e divulgar o patrimônio documental do poder público. Seu objetivo é estimular estudos e pesquisas que revelem a memória e as raízes históricas do Estado.
Os arquivos são classificados em Corrente, Intermediário e Permanente. Os documentos recebidos e produzidos em todas as repartições públicas fazem parte do arquivo corrente, abrigado nas próprias repartições. Quando sua procura torna-se esporádica, passam ao arquivo intermediário, abrigado nos órgãos e no Arquivo Geral do Estado. Posteriormente, são analisados e selecionados pelo seu valor histórico e cultural, passando ao arquivo permanente, onde estão incluídos os arquivos históricos dos Estados.
O coordenador do Arquivo, Gabriel Melo, explica que a finalidade do órgão é organizar, preservar e divulgar a documentação histórica produzida e acumulada pela administração pública do estado de Goiás. "Temos documentos dos períodos Colonial, Imperial e Republicano, que servem como base de dados para o entendimento da história, guardando e conservando informações."
Mais do que um mero acumulado de documentos, Gabriel destaca que o Arquivo "conta a história de Goiás". "São registros dos séculos XVII, XVIII e XIX, como cartas patentes, contratos de divisão do estado, documentações municipais, relatórios e conjuntos de leis desde o Império", exemplifica.
O vasto acervo é dividido pelo tipo de documentação, facilitando a pesquisa. O setor de Códices, por exemplo, reúne 2,2 mil volumes, incluindo registros de previsões e patentes, sesmarias, sindicâncias e correspondências dos presidentes da província e governadores com os diversos ministérios e secretarias de Estado.
(Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
"São documentos originais e raros, inclusive manuscritos. É possível encontrar, por exemplo, comunicações dos presidentes da província e curadores de comarcas. O documento mais antigo é datado de 1724", afirma o coordenador.
O setor de Documentação Avulsa possui 1,61 mil caixas-arquivos, que se referem aos diversos departamentos da administração pública estadual, de 1731 a 1973. "Nessas caixas estão documentos relativos às sesmarias, indígenas, escravizados e ouro", destaca.
A Hemeroteca, por sua vez, é composta por títulos de jornais representativos da imprensa goiana em microfilmes e CDs. "Temos 510 jornais, sendo o mais antigo de 1822. Já os Diários Oficiais do Estado são 434, com o mais antigo datado de 1837."
Há, ainda, um acervo de livros, principalmente de autores goianos que contribuíram para o registro da história do Estado. Além disso, o conjunto dispõe de mapas de Goiânia, Goiás e do Brasil, e plantas arquitetônicas residenciais e comerciais das primeiras edificações da capital, datadas entre 1936 e 1939 e 1940.
(Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
Toda esta documentação está à disposição de pesquisadores, historiadores e outros estudiosos. Entretanto, não é preciso desenvolver uma pesquisa formal para acessar o acervo.
"Não é raro recebermos pessoas em busca de descobrir a história da própria família por meio dos registros de nascimento e óbito que temos aqui. Qualquer um que tenha curiosidade sobre as memórias do Estado pode consultar a documentação", sublinha Gabriel.
O coordenador explica que todo o acervo é descrito em um catálogo disponível aos interessados. "Diferente de uma biblioteca, onde os livros estão todos à disposição, no Arquivo Histórico a pessoa solicita o documento específico que deseja ver, e nós o entregamos."
Todo esse cuidado visa manter a preservação do material. "Como são documentos muito antigos e muitas vezes frágeis, instruímos sobre a maneira correta de manusear, passar as páginas, para que se mantenham conservados. Por isso é necessário o uso de luvas e máscaras para evitar que o suor ou alguma impureza possam danificar os papéis", enfatiza.
(Foto: Rodrigo Obeid/A Redação)
Para facilitar o acesso da população a esses documentos, o Arquivo Histórico Estadual realiza, há dois anos, a digitalização de todo o acervo. O objetivo é disponibilizar todo o arquivo digital em uma plataforma aberta a todos os públicos.
"É um trabalho minucioso e detalhista, pois os documentos são escaneados um a um. Para se ter uma ideia, 130 mil documentos já foram digitalizados, correspondendo a cerca de 20% do acervo total", explica.
Para o coordenador, o Arquivo Histórico Estadual tem uma grande importância sócio-cultural. "Por meio do que temos aqui, não perdemos o controle da história. Mantemos os registros com todo o cuidado para que essa memória não se perca", conclui.
Serviço
Arquivo Histórico Estadual
Endereço: Centro Cultural Marietta Telles Machado – Anexo 2, Praça Cívica, nº 2, Centro
Telefone: 3201-4656
Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8 às 17h
E-mail: aheg@goias.gov.br