Cristo disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida".
Roger Scruton interpretou: Ele não quis dizer a verdade de um modo literal, científico. Ele quis dizer que você pode confiar Nele e, confiando Nele você conhece algo sobre você mesmo. Talvez esse uso da ideia da verdade, que traz uma noção de confiança, seja mais importante considerar na arte, porque nós encontramos apoio na pessoa em quem confiamos. E é assim na arte também.
Roger Scruton (1944-2020) filósofo britânico conservador de extenso currículo acadêmico e bibliográfico, cita tal pensamento na palestra A Beleza, o Bem e a Verdade, na Universidade de Oxford, em 2017, disponível no YouTube. Scruton abre o discurso enfatizando a questão primordial da estética (do grego a aesthetikos que significa sentimento ou filosofia da beleza):
O que aprendemos com a arte?
A partir de comparações e de diversas citações de clássicos como a ópera de Salomé, de Strauss; a literatura de Oscar Wilde; Irmãos Karamazov, de Fiodór Dostoiévski; Retrato de uma senhora, de Henry James; os Campos de trigo, de Van Gogh e a Crucificação de Cristo, de Tintoreto, o filósofo nos oferece um banquete de paradoxos sensoriais: apreciação x exploração, exagero x simplicidade; prazer sensorial x prazer intelectual (mental); prazer intencional x desejo.
Ele utiliza argumentos literários, musicais e visuais para nos nortear e nos instruir a partir destes veículos da verdade, alternativas críticas para codificar o real sentido da Arte.
Navegando pelas redes sociais, nos deparamos com diversas entrevistas, estudos e inúmeras comprovações que alinham o bem-estar, a felicidade e a longevidade aos três pontos da palestra: beleza, bem e verdade.
Extraído do Instagram do artista, matemático, inventor, escultor e músico americano, Robert Edward Grant, a entrevista com o construtor e designer americano Aj Schlechten, em março de 2025, temos uma comprovação científica da palestra de Scruton:
Tenho uma citação da revista Scientific American: "Estudos de neuroimagem humana mostram convincentemente que as áreas do cérebro envolvidas em respostas estéticas a obras de arte se sobrepõem àquelas que medeiam a avaliação de objetos para a importância evolutiva, como a desejabilidade de alimentos ou a atração de potenciais parceiros."
Eu gostaria de dar o passo que assume que a biologia nos otimizou para nos mover em direção à beleza porque isso nos leva a uma vantagem evolutiva.
Concluo, enfim, que a estética é uma área a ser estudada e investigada cada vez mais, porque envolve uma série de aparatos sociais, científicos e sensoriais que extravasam o autodidatismo, a religião, a ciência e a lógica.
A estética é sentimento. Como tem sido nossa relação com ela?
Com os nossos sentimentos?
Uma boa Páscoa a todos!
O artista goiano, Siron Franco produziu uma série de monstros, seres híbridos e denúncias sociais que instigam as questões humanas e a autocrítica como um raio-x sobre quem somos, o que somos e por que somos assim: humano x animal; racional x irracional.
"O fundo escuro, muitas vezes negro, lembra a pintura espanhola, mais especialmente o negro nos quadros de Goya. O espaço indiferenciado do plano de fundo é implacável, mas ele também exerce efeito sobre as figuras e sofre, ao mesmo tempo, o efeito delas de diferentes maneiras"
"Figuras e Semelhança - Siron Franco", Dawn Ades, Editora Index, 1995
Siron Franco. Sem Título, c.1975, óleo sobre madeira, 90 x 90 cm, coleção particular
