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Eliane de Carvalho .
Eliane de Carvalho .

Eliane de Carvalho é jornalista e mestre em Rel. Intern. Foi repórter na CBN e em programas de TV da Globo, Band e Cultura; comandou programa de entrevistas na TV Câmara SP; apresentadora de telejornal na TV Alesp e correspondente do SBT, na Espanha. / jornalistas@aredacao.com.br

Inquietudes

O paradoxo da intolerância

| 09.05.25 - 16:24 O paradoxo da intolerância Destruição causada pela guerra na Síria (Foto: Reprodução/Instagram/@gabrielchaim)
 
Antes de ir direto ao ponto, compartilho com vocês um pouco da minha trajetória no jornalismo, que é pertinente com o assunto a seguir. Sempre tive um fascínio pela cobertura política e acabei me dedicando a ela, na maior parte dos quase 20 anos de exercício da profissão, em São Paulo.
 
Mas a política ganhou uma conotação muito negativa ao longo da história. Virou sinônimo de corrupção e dos desvios bilionários do dinheiro público, em benefício de poucos e prejuízos para a grande maioria da população. A fraude no INSS, recém-descoberta, é mais um péssimo exemplo.
 
Esta é a parte ruim. Por outro lado, não nos esqueçamos que a política é instrumento da democracia, a única forma de exercício do poder sem calar ou eliminar o adversário. Ver a política de perto também é um trabalho só possível nas democracias e foi nesse ambiente  que pude  exercer o bom jornalismo;  ver a atuação dos eleitos, entender o funcionamento da máquina pública, compreender a divisão entre os poderes, aprender sobre sistemas de governo, formas de legislar, estabelecer vínculos de confiança com as fontes e conhecer a história para ter clareza sobre o contexto que nos cerca. Fascinante!
 
E foi assim que conheci um conceito chamado Paradoxo da Intolerância, proposto pelo filósofo austríaco, Karl Popper, em 1945, mas extremamente atual. Nas palavras do próprio Popper: “Se estendermos a tolerância ilimitada aos intolerantes, se não estivermos preparados para defender uma sociedade tolerante contra a investida dos intolerantes, então os tolerantes serão destruídos, e com eles, a tolerância."  
 
Infelizmente, no mundo, não faltam exemplos de grupos que, em nome da liberdade de expressão, promovem o ódio e defendem o uso da força contra minorias e o estado democrático. Quando tolerados, esses grupos podem se infiltrar na política, eliminar opositores e acabar com  essa mesma liberdade que lhes possibilitou a chegada ao poder.
 
Proponho um exercício de aplicarmos o Paradoxo da Intolerância aos ataques do 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Naquele dia, milhares de pessoas que não reconheceram o governo democraticamente eleito, pediram intervenção militar, defenderam o golpe de Estado, invadiram e fizeram um quebra-quebra no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. 
 
A liberdade de expressão garante o direito de protesto e a manifestação de ideias, mas se esses direitos são usados para defender o golpe e promover a violência política, os autores dos atos não podem ser tolerados, sob o risco de colocarem a democracia em risco, de acordo com a teoria de Popper. Não é dado aos democratas o direito de  condescender com os que querem suprimir a democracia. 
 
O filósofo austríaco formulou o conceito do Paradoxo da Intolerância, em 1945, em resposta aos horrores do totalitarismo e do nazismo, que ele testemunhou, na Europa, antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
 
Se você quiser se aprofundar sobre o Paradoxo da Intolerância, mergulhe de cabeça no livro “A Sociedade Aberta e Seus Inimigos”, dividido em 2 volumes, de Popper, e garanto que não se arrependerá. Boa leitura! 


Comentários

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  • 09.05.2025 23:13 Sidnei Pimentel

    Texto preciso e oportuno. É hora de quem pensa a democracia como valor inegociável mostrar que não se pode tolerar a sua sabotagem. Parabéns, à colunista, por trazer assunto tão premente.

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