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Othaniel Alcântara
Othaniel Alcântara

Othaniel Alcântara é professor de Música da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pesquisador integrado ao CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical), vinculado à Universidade Nova de Lisboa. othaniel.alcantara@gmail.com / othaniel.alcantara@gmail.com

música clássica

Entrevista com o maestro Sérgio Kuhlmann: SP, RJ e Goiânia

Entrevista com o maestro Sérgio Kuhlmann | 06.09.25 - 00:00
Sérgio Kuhlmann é regente, pianista, compositor e arranjador. Natural de São Paulo, o jovem Sérgio Kuhlmann foi aluno da icônica pianista brasileira Magdalena Tagliaferro, professora do Conservatório de Paris e discípula de Alfred Cortot. Também estudou composição com o maestro Camargo Guarnieri e regência com o maestro Mario Tavares, diretor da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em Goiânia, de 1994 a 1999, Sérgio Kuhlmann foi Diretor da Orquestra Filarmônica de Goiás. Também atuou como professor de Regência e Orquestração no Centro de Educação Profissional em Artes Basileu França, instituição mantida pelo Governo Estadual. Destaca-se que, em 2000, Sérgio Kuhlmann participou da criação da orquestra jovem vinculada à Escola Basileu França.

Em janeiro de 2021, via aplicativo 
whatsapp, entrevistei o maestro Sérgio Kuhlmann. Segue um trecho de nossa coversa:

Othaniel Alcântara: De acordo com a biografia disponibilizada no link https://www.sergiokuhlmann.com, o senhor começou a estudar piano e teoria aos cinco anos de idade. Um outro site, vinculado à prefeitura de Goiânia, afirma o seguinte: “Sérgio Kuhlmann iniciou aos seis anos de idade os estudos de piano com sua mãe”. Aqui vai uma pergunta, talvez, desnecessária: foi aos cinco ou aos seis anos de idade? Outra pergunta: além de sua mãe, mais alguma pessoa da família é ou foi músico?
 
Sérgio Kuhlmann: Eu comecei a estudar, acho que um pouco antes de completar seis anos, se eu não me engano. Mas eu precisaria consultar alguma documentação para saber exatamente a época. Mas, eu me lembro bem de quando eu pedi minha mãe Margarida para começar a estudar piano, por quê? Porque em casa, eu tenho uma irmã, a  Vera Lúcia, que é dez anos mais velha do que eu e, quando eu já estava com quase seis anos, ela estava bem adiantada no conservatório. Então, minhas influências, claro, foram minha irmã; minha mãe também, que estudou piano; meu avô; meu bisavô, que era engenheiro e músico. Enfim, o entorno familiar, o ambiente familiar me ajudou muito, me favoreceu bastante.

Othaniel: Mais adiante, o senhor fez um curso técnico de piano, estudando com a profa. Magdalena Taggliaferro (Petrópolis, 1893-1986). Como é sabido, esta pianista fez carreira internacional. Além disso, em 1940, ela fundou a “Escola Magdalena Taggliaferro”. E parece que eram duas unidades: uma no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. Foi nesta Escola que o senhor teve o privilégio de conviver com essa prestigiada pianista?
 
Kuhlmann: A professora da minha irmã era a Dona Nair Lima Tabet1. Se eu não me engano, ela também foi professora da Magdalena Taggliaferro. E a Magdalena Taggliaferro fundou uma escola no Brasil, onde começou a ensinar a sua técnica pianística, porque ela foi aluna de Alfred Cortot [suíço, 1877-1962]. E toda a base técnico-pianística da Magdalena é fundamentada na escola francesa de Alfred Cortot que, por sua vez, foi aluno de Émile Decombes [francês, 1829-1912], que foi um dos últimos alunos de Frédéric Chopin [polonês, 1810-1849]. E, quando eu comecei a estudar piano, depois de seis meses, eu comecei com essa professora [Nair Tablet]. Fui aluno dela durante dez anos. Magdalena Taggliaferro vivia entre França e Brasil. E ela vinha sempre escutar os alunos. Assim, várias vezes eu tive aulas com ela. Tenho até hoje a primeira agenda, a primeira anotação em um caderninho, da primeira aula que eu tive com ela. Acho que eu tinha sete anos, sete ou oito anos.

Othaniel: Além desse curso com a Magdalena Taggliaferro, o senhor estudou piano em alguma outra instituição? 
 
Kuhlmann: Não. Eu estudei sempre sob a orientação da Taggliaferro. E mantive uma continuidade dos princípios técnicos ensinados por ela até os dezoito ou dezenove anos, época em que eu saí de São Paulo e fui para o Rio de Janeiro.
 
Othaniel: Então o senhor não fez o curso de Graduação em Piano.
 
Kuhlmann: O curso da Magdalena Taggliaferro foi um curso técnico. A graduação foi em outro local. Mas não em piano, foi em Composição.

Othaniel: Em qual instituição o senhor fez a Graduação em Composição? 
 
Kuhlmann: Escola de Música do Rio de Janeiro.

Othaniel: Sei que o senhor estudou composição com Camargo Guarnieri (1907-1993) e regência com o maestro Mário Tavares (1928-2003). Gostaria que o senhor falasse um pouco sobre tais experiências.
 
KuhlmannEu comecei a estudar com o Camargo Guarnieri quando eu tinha dezesseis anos. Foi uma influência muito importante, porque era uma pessoa muito detalhista, muito rigorosa e com um conhecimento impressionante. Acho que, no Brasil, o músico mais completo em cultura musical e em composição foi Camargo Guarnieri. É diferente de Villa-Lobos, mas Camargo Guarnieri tinha uma formação técnica completa. Mário Tavares, eu o conheci quando eu comecei a trabalhar no Rio de Janeiro. E, durante um ano ou dois anos, eu estudei com ele. Também, para o Mário Tavares, fiz alguns trabalhos de redução de orquestra. Foi uma outra oportunidade que eu tive de aprender sobre orquestração. Mário Tavares foi um grande compositor e um excelente orquestrador!

Ah, Othaniel, uma outra informação também importante: Quando eu comecei a estudar com o maestro Camargo Guarnieri, eu disse a ele “maestro, eu queria estudar regência”! Aí ele me disse: “o primeiro passo que você tem que dar é assistir aos ensaios". Em seguida, disse mais ou menos assim: Você assiste aos ensaios da Orquestra da USP [Universidade de São Paulo]; você assiste a ensaios da Orquestra Sinfônica Estadual [OSESP]. E você pega a partitura. Você vai até a discoteca. E, se você não tiver a partitura, e não conseguir uma cópia, eu te empresto. Você vai aos ensaios e acompanha detalhadamente o trabalho dos diretores das orquestras, durante todo o ensaio. De fato, fiz esse processo várias vezes. Percebi que estar presente a ensaios, acompanhando numa partitura, te dá a oportunidade de aprender duas coisas: orquestração, porque você vai ter a oportunidade de ver como os outros compositores organizaram o efetivo orquestral que eles tinham à disposição e, também, ver como um diretor resolve, organiza e administra todos esses recursos, todo esse universo sonoro. Eu aprendi muito, também, com análises de obras sinfônicas, de sinfonias etc.

Othaniel: Então, pelo que eu entendi, as experiências que o senhor teve com o Camargo Guarnieri e com o Mário Tavares não foram na graduação. 
 
Kuhlmann: Foram de caráter exclusivamente individual, particular. Na Universidade, também tive bons professores. Mas eu acho que, quando existe a possibilidade ou a grande oportunidade de poder estudar com mestres assim, e ter uma atenção dedicada, de forma exclusiva, tem-se a oportunidade de aprender bastante, aprender muito.

Othaniel: Quando o senhor começou a carreira profissional de regente? 
 
Kuhlmann: Quando eu comecei a estudar Composição com o Camargo Guarnieri, eu já havia participado de dois festivais. Estive na classe de Regência de dois professores: Roberto Ricardo Duarte [n. 1941] e, também, se eu não me engano, eu estava como ouvinte numa classe do maestro Eleazar de Carvalho [1912-1996], também no Festival de Campos do Jordão. 

O que acontece é que: Como eu posso te dizer... é uma questão muito empírica. Eu comecei a trabalhar muito cedo no Theatro Municipal de São Paulo. E, durante um ano atuei como pianista de ópera, pianista correpetidor. E essa atividade profissional é uma atividade muito importante para o desenvolvimento de um maestro, porque estamos trabalhando em todas as fases da preparação de uma produção operística, que é um gênero muito complexo por ter muitas facetas. Então, como pianista, eu tive que aprender a tocar seguindo a direção de um maestro e, neste caso, foram vários os maestros com quem eu trabalhei. 

Othaniel: No Theatro Municipal de São Paulo, o senhor começou como pianista correpetidor com qual idade? E que tipo de contrato o senhor tinha lá?
 
Kuhlmann: Em São Paulo, foi com dezoito anos. Estavam precisando de um pianista com boa leitura à primeira vista. Eu já tinha bastante prática, porque havia sempre tocado vários gêneros, um repertório muito variado, na Escola Magdalena Taggliaferro. Entregaram uma partitura, eu li. Depois, disseram: estuda durante o final de semana, até o final da primeira cena, e você começa a ensaiar com o coro na segunda, será sua segunda prova. Aí, eu estudei com uma dedicação intensa a Ópera Rigoletto [Giuseppe Verdi, 1813-1901] por dois dias. Então me contrataram. Mas era um contrato de prestação de serviços. Era um contrato no qual me pagavam a cada três meses. Não existia vínculo empregatício. Tempos depois fui trabalhar no Rio de Janeiro.

Othaniel: Quando e como foi a transferência para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro?
 
Kuhlmann: As pessoas que estavam indo a São Paulo, que cantavam no Theatro do Rio de Janeiro, disseram: Sérgio, você precisa ir para o Rio de Janeiro. Porque ali, a gente precisa de um pianista como você e lá você tem a oportunidade de ter uma estabilidade profissional. Você pode ter uma estabilidade profissional, um contrato fixo, um contrato CLT. Então, em 1989, eu arrumei as malas e enfrentei uma audição, aliás, foi um concerto que eu fiz no Rio de Janeiro. Lembro-me que estavam presentes os diretores do Theatro. Pediram meu currículo, fizeram uma entrevista, e, de imediato, comecei a trabalhar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Aí sim, era um emprego com uma estabilidade considerável. De fato, eu era um funcionário público. Mesmo assim, por algum tempo, continuei prestando serviços em São Paulo.

No Rio de Janeiro, inicialmente, exerci a mesma função de um maestro preparador de ópera. Você começa acompanhando nos ensaios, depois você começa a ensaiar, você mesmo, com o conhecimento que você vai adquirindo. E, depois de algum tempo, você começa a atuar dirigindo bandas internas, orquestras internas, atuando como maestro assistente. E essa formação empírica, essa formação da prática é muito importante! Eu conheci vários colegas que fizeram um curso, digamos, de três ou quatro anos, e que não tiveram a oportunidade de uma convivência tão estreita, tão próxima com uma atividade profissional como um teatro, no caso, um teatro de ópera.
 
Othaniel: Paralelamente a isso, o senhor foi convidado para outros trabalhos, para reger outras orquestras?
 
Kuhlmann: Sim. Eu comecei trabalhando com óperas, com sociedades de música, com empresas pequenas  que montavam óperas em concertos que eram patrocinados pelo Governo Federal, via Ministério da Cultura. Várias vezes fazia o que se chama de maestro concertatore, isto é, você é um pianista que dirige e que toca ao mesmo tempo. Em algumas oportunidades, além do piano, tínhamos um quarteto de cordas. Em outras ocasiões, trabalhei com um grupo instrumental um pouco mais numeroso. Isso dependia do espaço disponível no teatro e, claro, também, das questões econômicas. E, pouco a pouco, eu fui começando a me familiarizar com o gênero operístico, dirigindo. Nesse ínterim, aprendi muito com diretores que tinham muita prática, como foi o caso do maestro Santiago Guerra [1902-1998, primeiro maestro titular do Coro do Theatro Municipal do RJ], e outros maestros que vinham de fora, como o maestro Pedro Calderón - Pedro Ignácio Calderón - do Teatro Colón de Buenos Aires, além de maestros franceses, alemães e americanos. Nesse percurso, você absorve sempre a técnica, coloca em prática também soluções técnicas, assim como métodos de trabalho. Você vai incorporando isso no decorrer dos anos.

Ainda no Rio de Janeiro, eu tive a oportunidade de atuar como pianista da Orquestra Sinfônica Brasileira [OSB]. É outro enfoque. É diferente a música sinfônica da música do gênero operístico. Muitas vezes, tive a oportunidade de trabalhar com o Isaac Karabtchevsky (n. 1934) e com outros diretores que vinham de fora como Kurt Masur (alemão, 1927-2015). Enfim, esse contato, essa experiência de estar dentro da orquestra como músico, aporta muita informação, muitas, digamos, sensações. Por outro lado, eu tenho certeza de que um diretor de orquestra, um maestro, ele precisa também estar do outro lado, como músico, estar tocando, dominando o seu instrumento para poder saber do que um diretor necessita. Outro regente que me ajudou muito foi Romano Gandolfi [italiano, 1934-2006], um maestro de coro que teve uma carreira das mais destacadas no cenário internacional da ópera. Eu fui seu assistente na produção de Turandot [Giacomo Puccini, 1858-1924], no Rio de Janeiro. além de assistente, eu era o preparador do coro.

Meu repertório no Rio de Janeiro era, claro - por estar em um teatro de ópera - mais ópera. Mas, a questão da música sinfônica sempre esteve presente, pois, ao trabalhar orquestração com o Camargo Guarnieri e com o Mário Tavares, sempre estávamos analisando particularidades da música sinfônica, que é bem diferente. Aliás, embora sejam muito parecidas, cada qual tem uma essência distinta.
 
Othaniel: Quanto tempo o senhor trabalhou no Rio de Janeiro?
 
Kuhlmann: Eu fiquei no Rio até o final de 1994. Detalhando, naquele ano tive que tomar uma decisão: ir para Goiânia ou ficar no Rio de Janeiro. Minha opção foi assumir a direção da Orquestra Filarmônica de Goiás.
 
Othaniel: Uma pessoa aqui de Goiânia me disse que, em 1994, durante uma reunião da Orquestra Filarmônica de Goiás, um músico da Orquestra do Teatro Nacional de Brasília - que atuava também em Goiânia -, teria indicado o nome do senhor para substituir o maestro Emilio De Cesar. E, de fato, a indicação foi bem aceita. Se eu não estiver enganado, parece que, um pouco antes, o senhor havia dirigido uma ópera ou um outro tipo de espetáculo na Capital Federal. O senhor tem conhecimento desse episódio?
 
Kuhlmann: Em 91, 92, 93 e 94, a atriz e cantora Bibi Ferreira [1922-2019, nascida Abigail Izquierdo Ferreira] me convidou para dirigir um espetáculo que se chamava Bibi in Concert. Este espetáculo reunia elementos sinfônicos, elementos de ópera, de balé e de coral. Enfim, eu posso dizer que se tratava de um espetáculo completo. No Rio de Janeiro, durante os dois primeiros meses, as apresentações foram dirigidas pelo maestro Henrique Morelenbaum [n. 1931, brasileiro de origem polonesa]. Neste período eu estava atuando como pianista do grupo. Depois, a Bibi Ferreira teve a oportunidade de fazer uma gira, uma excursão, uma turnê por dezessete estados do Brasil. Foi quando ela me chamou e me disse: “Sérgio, você poderia dirigir esse espetáculo? É uma orquestra sinfônica, têm números sinfônicos, têm números de ópera, necessidade de arranjos, é um espetáculo que tem muita variedade de estilos”. E eu disse: Sim. E complementei a resposta: Pelo fato de ter ensaiado com você durante vários meses e, depois, ter tocado dois meses, eu tenho praticamente esse espetáculo de memória. Em seguida, Bibi Ferreira falou: “Ah, muito bem! Então, vamos começar a ensaiar”. Então comecei a ensaiar e preparar-me tecnicamente para essa empreitada.

Durante a turnê, fizemos o espetáculo 
com muitas orquestras diferentes. E eu me lembro muito bem que, em agosto de 1994, eu dirigia o espetáculo da Bibi Ferreira em Brasília. É um espetáculo muito, muito, muito complexo (...), falando, digamos, da dificuldade, do nível técnico, do preparo que se deve ter. Porque são muitos gêneros, muitos gêneros distintos! E é uma formação sinfônica, por excelência. Existe um coro, existe um grupo instrumental que se chama de “base”, que é composto por um violão, uma guitarra, piano, bateria e um baixo elétrico. Isso, somado à orquestra. Era, digamos, um espetáculo muito, muito bom! 
 
Quando eu estive em Brasília, eu vi vários amigos. E, depois, [quando] eu estava viajando pelo Nordeste, aí sim, me contataram e me perguntaram: Olha, você conhece o maestro Emilio De Cesar? Eu disse: Claro! Eu o conheço há muito tempo, desde o Festival [Campos do Jordão]; me lembro dele dos festivais, um grande diretor! [Amigo: ]: “Ah, ele está deixando a Orquestra Filarmônica [de Goiás], porque é uma orquestra que está atualmente com muitos problemas; muitos problemas econômicos. E você aceitaria esse desafio? ” Eu disse: Vamos conhecer melhor. Aí eu fui a Goiânia (...), tive uma entrevista com as pessoas que estavam à frente dessa questão e me escolheram. E eu comecei um trabalho com a Orquestra Filarmônica.

Othaniel: Daqui de Goiás, quem foi que contactou o senhor, quem conversou com o senhor pela primeira vez?
 
Kuhlmann: Foram três pessoas: Dalva Albernaz [do Nascimento], Belkiss Spencière Carneiro de Mendonça e Dona Tânia Cruz [cujo nome de batismo é Maria Luiza Póvoa Cruz].
 
Othaniel: E, se for possível dizer, quem foi essa pessoa de Brasília, aquela que fez o primeiro contato com o senhor? 
 
Kuhlmann: Não houve um contato em Brasília. Eu conhecia músicos da Orquestra [de Brasília], mas eles não estavam, de modo algum, relacionados com este, digamos, contato que eu tive com Goiânia. Foi uma pessoa que me disse: “Olha, Goiás está precisando de um maestro”. Aí eu disse: Então me dá o telefone. E ele: “Por favor, você entra em contato, envia teu currículo. Eles vão fazer um trabalho de pesquisa e, de repente, te chamam”. Aí me chamaram. Eu fui, fiz a entrevista pessoal e me contrataram.
 
Othaniel: O senhor começou a dirigir a OFG em 1994. Em qual mês se deu o contrato? E o senhor ficou até 1999. Em qual mês se deu a sua saída?
 
Kuhlmann: Meu primeiro concerto com a Orquestra Filarmônica de Goiás foi no dia, se não me engano, no dia 16 de outubro de 1994. Foi no mês de outubro. Não, foi antes, foi setembro. É, entre setembro e outubro. Acho que foi 16 de setembro ou 16 de outubro, porque eu cheguei no início de setembro e já tínhamos que fazer um concerto no Teatro Goiânia. Aí fizemos um repertório (...). Me lembro que até consegui um material no Rio de Janeiro, porque eu já conhecia as obras. Uma das obras foi uma obra muito interessante que foi uma orquestração de Léo Peracchi de Impressões Seresteiras de Villa-Lobos. Era um grande orquestrador o Léo Peracchi [paulista, 1911-1993]. E fizemos algumas peças, algumas obras também de [Aram] Khachaturian [armênio, 1903-1978]. E eu tenho que consultar agora porque eu não tenho certeza do restante do repertório. E fiquei até o início de 1999, quando eu passei para a Secretaria de Educação, porque estavam desenvolvendo um outro projeto que, acredito, logo vamos falar sobre ele, este projeto que se concretizou depois.
 
Othaniel: Nesse período, entre 1994 e 1999, os ensaios da Filarmônica foram realizados sempre no Centro Cultural Gustav Ritter?
 
Kuhlmann: Na maioria das vezes, sim, porque era o espaço que tínhamos disponível. Houve uma época em que começamos a ensaiar no Centro de Cultura e Convenções. Havia uma sala destinada a ensaios ali. Mas, por algo relacionado com a privatização, questão que eu acho que não explicaria bem, pois não tenho informações suficientes, não foi possível continuar ensaiando ali. Ensaiamos sempre no Gustav Ritter, que tinha uma infraestrutura razoável. Tínhamos uma sala. Havia, às vezes, condições bem satisfatórias, mas não era o ambiente ideal para uma orquestra sinfônica.

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Othaniel Alcântara é professor de Música da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pesquisador integrado ao CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical), vinculado à Universidade Nova de Lisboa. othaniel.alcantara@gmail.com / othaniel.alcantara@gmail.com

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