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José Abrão
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José Abrão é jornalista e mestre em Performances Culturais pela Faculdade de Ciências Sociais da UFG / atendimento@aredacao.com.br

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‘O Filho de Mil Homens’ é belo e desconjuntado

| 26.11.25 - 10:37 ‘O Filho de Mil Homens’ é belo e desconjuntado Rodrigo Santoro no filme (Foto: divulgação)O Filho de Mil Homens, novo longa de Daniel Rezende baseado no romance de mesmo nome escrito por Valter Hugo Mãe, é um filme que aposta na poesia visual e na delicadeza emocional, mas nem sempre encontra o equilíbrio entre suas tentativas poéticas e a narrativa. A obra tem um ritmo contemplativo que, embora proponha uma experiência sensorial, por vezes se estende além do necessário, fazendo com que certas cenas pareçam forçadas sem acrescentar profundidade aos personagens ou à trama.
 
Esta acompanha um pescador, vivido por Rodrigo Santoro, que sonha em ser pai. Aos poucos vai se formando ao seu redor uma verdadeira família, composta por pessoas marcadas pelo trauma, finalmente encontrando a aceitação e o amor umas nas outras. O tema da família e o trauma geracional permeiam toda a narrativa, tanto de forma simbólica quanto literal, com graus variados e inconsistentes de sucesso.
 
A direção busca transmitir sensações mais do que acontecimentos, mas morre de medo de você perder o fio da meada. Então os acontecimentos acabam, ao contrário, esmiuçados, desprovidos da sutileza proposta, com direito a monólogos de um outro personagem, detalhando exatamente o que está acontecendo caso você tenha cochilado ou olhado pro celular.
 
Da mesma forma, o simbolismo, frequentemente evocativo, ocasionalmente parece meio jogado: uma cena é bonita por ser bonita e nada mais. Aliás, belo o filme é e esse é seu ponto mais forte. As escolhas de fotografia e cenografia trazem algo de realismo mágico para a empreitada, mas parece apenas um verniz, uma casca fina.
 
Há ideias também belas e momentos sensíveis, mas a execução nem sempre acompanha a ambição poética. O resultado é um filme que emociona em fragmentos, sem conseguir sustentar a força simbólica e narrativa de que parece estar sempre à procura.
 
Ainda assim, a obra tem méritos sensíveis e um olhar humano sobre a formação de afetos e sobre o que é família. O que faz sentido: que família, afinal de contas, não é desconjuntada?


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