Amanhã tem um show para lá de interessante em Goiânia. O Loop Studio Pub recebe diretamente de Uberlândia (MG) a banda Porcas Borboletas. Se você não conhece, por favor, faça isso agora. Você está perdendo uma grande banda e uma das revelações mais legais da nova música brasileira. Pode parecer cabotino de minha parte, afinal vou discotecar na festa e sou amigo dos caras, mas mesmo se não fosse trabalhar e colocar o papo em dia com os brothers, não perderia os mineiros no palco.
Já não sei contar quantas vezes os assisti. Nem me lembro da primeira vez. Não sei se foi em um Bananada no Martim Cererê ou no Festival Calango em Cuiabá (MT). Maldita memória combalida. Mas isso pouco importa. O fato é que, a partir daí, não mais deixei de vê-los sempre que foi possível. O impacto dos shows seguintes nunca foi menor que na primeira vez. Pelo contrário. A cada vez que assisto, percebo nuances que antes passavam desapercebidas. Faço novas conexões. Observo mais e mais referências. Arte. Com “A” maiúsculo.
A banda entendeu a vanguarda paulistana e não fechou os ouvidos aos anos 90, às guitarras dissonantes do grunge. Titãs é uma referência óbvia. Odair José é uma avançada. Tudo no meio disso desce redondo. O caldeirão sonoro é farto. As letras se destacam. O discurso é repleto de uma poesia urbana que reflete o enclausuramento do homem de bem nas oito horas diárias de seu trampo ordinário e que necessita extravasar na sua folga noturna. O lado escuro da lua, cheio de sarcasmo, depressão, angústia, raiva e, porque não, melancolia. O humor anda ao lado da violência. É assim no Porcas, é assim na vida.
Se as letras são um ponto forte, o instrumental não passa batido. Músicos virtuosos, estudados, típicos do ambiente universitário de Uberlândia – uma Goiânia com a metade de nossa população, talentosos mas que não são da escola masturbatória. Sabem que tocar bem significa tocar bem quem ouve. Ouça o que lhe digo, eles tocam bem.
No show, a performance de Danislau merece destaque. Um ator travestido de cantor. Ou um cantor que é um excelente ator. Cator. Antor. Você decide. Não é por menos que Paulo Miklos é alguém que ele reverencia. Faz todo sentido. Danislau é parte especial do espetáculo e merece um olhar atento. Mas fique tranquilo. Isso não é um problema. Seu olhar será naturalmente atraído para sua força interpretativa. É natural. Tal qual olharmos aquela senhora caminhando no parque dona de uma magnífica bunda, mesmo quando não queremos. O olhar simplesmente vai.
Estou curioso para conhecer as músicas novas que eles certamente apresentarão amanhã. Sempre fico curioso para saber o que sai desse criativo caldeirão. Se mantiver o nível dos dois discos anteriores, já nascerá clássico o terceiro e aguardado próximo álbum da banda.
O show é amanhã e, se você perder, provará que é um baita vacilão. Como diz o ditado, quem avisa amigo é.