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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

O Blog

Quer um escravo chinês em sua casa?

Tudo é aceitável se for do outro lado do mundo | 05.09.13 - 18:17
Tem um site chinês que virou febre com a mulherada do meu trabalho. Elas compram um monte de roupas e badulaques mil, passam poucos dólares no cartão de crédito internacional e recebem no conforto do lar a mercadoria. Até agora, nenhuma tomou calote. O frisson é geral. Só tem um probleminha: para vender com valor tão atrativo, é elementar que mão de obra praticamente escrava está na jogada.

Todas que estão empolgadas com as compras do outro lado do mundo são muito inteligentes, humanistas e que se preocupam com questões que considero pertinentes. Uma é vegetariana por não compactuar com o sacrifício de animais para alimentação humana. Outra é entusiasta da causa de animais domésticos e se mobiliza direto para conseguir adoção para os bichinhos. Uma terceira já é revoltadíssima com os usos nada republicanos do dinheiro público em nosso País e sempre está em manifestações. Só que o processo industrial desumano sabe-se lá onde não tirou a empolgação pelos vestidos a preços sedutores.

A real é que nossa hipocrisia é de cair o queixo. Amamos o churrasco mas não queremos ver o abate dos animais, vide a polêmica boba envolvendo o chef Alex Atala. Queremos altíssima tecnologia com valores acessíveis e não estamos nem aí para a forma como tais equipamentos foram montados. Se a roupa é barata, ninguém se importa para direitos trabalhistas.

Esse site só escancara algo que sabemos que acontece há séculos, mas simplesmente fechamos os olhos para isso. Por exemplo, provavelmente esse computador, tablet ou smartphone que você usa agora para acessar A Redação foi fabricado em um país no qual CLT é sonho tão distante quanto a Mega-Sena para o brasileiro. E isso não nos causa um grande dilema moral.

Se nós fôssemos usar, digamos, um aparelho celular todo fabricado sob regras trabalhistas que consideramos decentes , nada muito ousado, só carga horária digna, remuneração compatível com a função exercida, férias, salário extra ao final do ano e licenças médicas remuneradas, o valor cobrado pelo telefone seria inviável para grande parte de nós. Por isso, não pensamos muito no assunto. Apenamos curtimos o próximo post engraçadinho nas redes sociais e tocamos o barco adiante.

Se a sujeira e a escravidão estão longe de nós, a impressão é que não existem. A velha tática de empurrar o que não presta para debaixo do tapete. Ou para o outro lado do mundo. O que os olhos não veem, o coração não sente. E se o bolso ainda aprova, aí é que fica melhor ainda.

Enquanto isso, outra criança asiática começa sua rotina de trabalho de 20 horas por dia em um galpão fechado. Tudo para seu conforto.

Comentários

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  • 07.12.2013 04:41 Caio Marques

    Olá, li esta redação, e posso dizer que penso da mesma forma. Porem, gostaria de saber sua opinião; como EU um individuo COMUM posso não participar disso? sendo que a maioria, e repito A MAIORIA dos produtos que compramos e consumimos é produzido em países como as China. Eu adoro essas parafernálias eletrônicas, gosto de comprar produtos de boa qualidade das marcas tradicionais global, mais não posso fugir da realidade de quem, e em que situação vivem as que montam, costuram esses produtos. Por favor, se possível gostaria de ler sua opinião. Abraços

  • 09.09.2013 10:50 Silas Cow

    Eu olho para seu rabo Gabriel Arantes, rebola para mim vai...

  • 06.09.2013 19:36 Gabriel Arantes

    Primeiro: não é trabalho escravo. É trabalho servil. Segundo: dó de jornalista que fez trabalho escravo (esse sim, escravo, pois era sem salário nenhum) no Diário da Manhã ninguém tem. Terceiro: cara, aquela máxima do "olha para o seu rabo" vale demais para você. Sério.

  • 06.09.2013 15:34 Ricardo Brasil de Mesquita

    Pablo, mexeu em caixa de maribondo, agora abane-se, corra e tapa na orelha, valeu um abraço.

  • 06.09.2013 14:57 Ademar Lourenço

    Na verdade não é o trabalho escravo que faz as coisas ficarem baratas. Elas poderiam ser mais baratas ainda. O trabalho escravo alimenta o lucro das empresas. Se esse lucro diminuisse, o trabalhador poderia receber bem e a mercadoria ser mais barata ainda. Mas o texto é bom. O que tem de gente que vai para a manifestação do 7 de setembro mas no ano que vem vai pedir emprego para político em troca de voto não tá no gibi. Se você se interessa por essas coisas Pablo, pesquise um pouco sobre um minério chamado Cobalto, que é explorado em minas na República Democrática do Congo. E daí que vem a bateria dos nossos celulares. A exploração desse minério é feito na base de guerra e trabalho escravo.

  • 06.09.2013 14:56 Paula Christina

    *de comprar

  • 06.09.2013 14:55 Paula Christina

    É, confesso que também fiquei pensando: "queria algo levemente polêmico e estava sem assunto". Seu iphone, tênis e provavelmente suas roupas também vêm do trabalho escravo da China ou da Índia, como foi dito aqui. E são mais caras porque existe o valor agregado das marcas que as revendem, como conhecemos. Mas isso tudo já foi dito, só queria ter certeza de quer seria pensado novamente. Mas o que eu quero saber mesmo é: qual a sua sugestão de como agir? Deixamos de compra no site direto da China e continuamos com os mascarados?

  • 06.09.2013 14:24 Raimundo

    Me passa o link desse site chinês que quero comprar lá também!!!

  • 06.09.2013 12:56 Kelvin Inumaru

    Pablo, te admiro e gosto muito de você, mas, seu texto foi meio que: "acabei de inventar a roda". A verdade é que todos nós somos escravos. Primeiro, trabalhamos para um chefe e este nos explora nossa energia física, mental e também o nosso tempo. Somos mal pagos. E então recebemos o contracheque e aí vem mais sacanagens. Trabalhamos em um país com altíssima carga tributária, são praticamente quatro meses de trabalho todos dedicados a pagar impostos, COFINS e ICMS nos esfolam, entre outras inúmeras cruéis siglas. Somos alvejados pelas melhores agências de publicidade do mundo e acabamos comprando produtos inúteis. Financiamos um carro caro que nos suga até a alma para pagarmos as prestações e vem um apertamento dois quartos mínimo com 240 parcelas (20 anos) que terminam de nos escravizar para pagarmos o básico para vivermos neste mundo. Trabalhamos para nosso patrão, para o Estado e para os Bancos. Votamos em políticos que não nos representam, ao contrário, nos exploram. Não há duvidas, só não enxerga quem não quer. SOMOS TODOS ESCRAVOS.

  • 06.09.2013 11:50 Murilo Matos

    O mesmo erro de quem acha que a culpa do tráfico de drogas é do usuário, foi cometido agora. Lógica simplista e errônea achar que: 1º só os produtos baratos da china são produzidos com trabalho escravo e que o preço desses produtos é definido apenas ou por causa disso, verifique os números (praticamente em todos os mercados de bens de consumo, há uma porcentagem do trabalho escravo na fabricação do produto ou de sua matéria prima e não só na china). 2º achar que, sem o consumo, esse trabalho escravo vai deixar de existir e o governo da china vai parar de explorar sua mão de obra barata e as empresas vão deixar de usá-la ( o buraco é mais acima, na esfera de economia global, essa mão de obra também faz da china um gigante). 3º vejo muita gente empunhar a bandeira do: "vamos deixar de ser hipócritas", deixar de ser hipócrita é uma ótima ideia, como não pensamos nisso antes né? que tal se formos contra a roubalheira? acho uma boa tbm, e que tal sermos contra a violência? todas essas posturas dá na mesma, bandeiras insípidas...mas voltando a hipocrisia, temos q deixar de lado sim! Mas achar q isso vai acabar com os problemas do mundo, com o trabalho escravo da china, com a corrupção no brasil, com o consumismo desenfreado...ah...faça-me o favor...

  • 06.09.2013 10:38 Sarah

    Esse povo do seu trabalho é muito paia.

  • 06.09.2013 10:18 Sandro

    Tudo é produzido na China. Seu iPhone, seu tablet, seus tênis de marcas famosas. Usa Nike, Adidas? Não critique apenas as moças. Infelizmente, esse sistema englobou o comércio do mundo e é difícil fugir de consumo de produtos chineses. A diferença é que as grifes superfaturam os preços. As lojas dos sites chineses vendem sem intermediadores.

  • 05.09.2013 22:27 Silas Cow

    Quero um chinês com dotes atípico para mim.

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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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