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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Quando eu entendi o Velvet Underground

Som da banda não bateu na primeira audição | 28.10.13 - 19:47
Recordo perfeitamente do primeiro dia que vi aquele disco na banana na minha frente. Júnior, um grande amigo que morava no mesmo prédio que eu, fazia Biomedicina na UCG. No curso, conheceu um roqueiro doido chamado Diogo. O cara é fã de Velvet Underground e Lou Reed e aplicou meu amigo no som que logo apareceu com o lendário primeiro disco da banda.

Fomos para casa dele ouvir o som e... achei horrível! Eu era adolescente demais, tinha testosterona demais, não tinha o entendimento de mundo e música que tenho hoje. As baladas não me caíram bem, o que chegava perto do rock era esquisito e o clima me soava soturno demais.

Não só não gostei, como tratei de avacalhar com tudo. Típico. A zoeira em cima do Júnior por ele ter virado fã de uma banda de rock menininha era infernal. Todo exemplo de som chato que eu queria colocar citava o Velvet como caso em questão.

Dizem por aí que o tempo é o senhor da razão, não é mesmo? O cara que disse isso sabia mesmo das coisas.

Depois de um ano ou dois, entendi o Velvet Underground. Eu precisava de mais audições e um ouvido menos pueril para compreender a beleza/urgência/poesia/ousadia que a banda nova-iorquina exibia. Virei fã. E Lou Reed foi galgado ao patamar dos meus heróis pessoais.

Durante anos nutri a esperança de assistir o cara ao vivo. Em 2010, quase que deu certo. Estava com passagens e ingressos na mão para assistir Paul McCartney em São Paulo quando foi divulgado que Lou Reed tocaria na terra da garoa no mesmo final de semana.

Mobilizei minha amiga Andrea Régis para conseguir os ingressos. Seria em um Sesc da vida e o espaço comportava pouquíssimas pessoas. As entradas evaporaram mais rápido que os primeiros pingos de chuva no asfalto quente da Anhanguera e não conseguimos ver o cara.

É claro que eu não tinha noção que seria minha última chance. E o pior: mesmo que soubesse, teria muito pouco a fazer senão me lamuriar nas redes sociais.

Ontem o mundo ficou mais chato sem a presença do genial chato entre nós. Lou Reed foi dar uma volta pelo lado selvagem do mundo aos 71 anos. Alguns momentos de sua carreira são extremamente brilhantes e irão me acompanhar até quando for minha hora de também dar essa volta.

Mas quando o cara chutava para fora, também era com gosto – vide o experimentalismo sacal de Metal Machine Music. Mesmo no equívoco, ele não abria mão de sua assinatura e identidade artística.

Muito obrigado por tudo, Lou!

Comentários

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  • 29.10.2013 22:55 Retroagido

    Galera eu sou o Silas Cow, mudei de nick para o Eron, meu namorado, não ficar com ciúmes.

  • 29.10.2013 00:16 roberto rodrigues da silva junior

    Não me lembro bem, mas acho que foi em 1996. Era noite, num gol quadrado branco quando ouvi Velvet pela primeira vez naquele k7. Lembro-me bem o que senti naquele momento: incômodo. Sentia-me incomodado por gostar daquela melodia languinhenta e daquela viola distorcida. Saí daquele carro com avidez por mais, era como heroína. Fui abençoado por ouvir tal som e novamente fui feliz por passar esse som para o sempre amigo. Tristes por Reed, contentes por Velvet. Abraço, amigo. Júnior

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