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Tutti Frutti

A máscara do Batman

Se você não conhece, compra | 22.11.13 - 11:20

Goiânia - No espetacular julgamento do “mensalão do PT”, vendido como um novo capítulo da história do Brasil, Joaquim Barbosa emergiu como uma figura heróica. A revista Veja, baluarte do pensamento de direita, cravou em sua capa que ele era “o menino pobre que mudou o Brasil” e, em coro, os barões da imprensa o aplaudiram, massageando seu ego e dando peso extraordinário ao seu martelo da lei.
 
Noutro capítulo que ficará para a história do país, os manifestos de junho, novamente Joaquim Barbosa surgiu como o salvador da pátria que poderia limpar o Brasil da politicagem corrupta. A Folha utilizou seu instituto de pesquisas para mostrar que, entre os manifestantes, Barbosa era o preferido para presidir o país.
 
Mas o juiz aclamado até como Batman pelas mídias sociais parece ter telhado de vidro em sua “batcaverna”. A reforma de seu banheiro no supremo tribunal, para a qual pagamos 90 mil reais, foi o primeiro indício. Depois, soube-se da viagem de jatinho da FAB para ver o jogo do Brasil no Rio. Em seguida, que ele embolsou mais de 500 mil reais das tetas públicas relativos a questionados “auxílios atrasados”. Ainda teve o episódio do filho do juiz trabalhando com Luciano Huck, cujo pai é um advogado (para o qual Barbosa chegou a gravar um vídeo cumprimentando por seu aniversário) que já teve processo analisado por Barbosa. Agora, é a compra de um apartamento de um milhão de reais em Miami e a participação em empresa no exterior feita em desacordo com a lei 8.112/90, o estatuto do servidor público.
 
O Brasil de Barbosa nada difere do que se faz por aqui desde as Capitanias Hereditárias. Sua capa de Batman é pura ficção, patrocinada por uma mídia de desagradáveis entretenimentos.
 
Enquanto o samba de uma nota só chamado "mensalão" monopoliza as manchetes da velha mídia e todos os textos de colunistas-ventríloquos-dos-seus-patrões-especuladores (há oito anos esse dramalhão não sai da tela), o Brasil dá dois passos no sentido do olho por olho dente por dente. Confesso que não consigo entender (e nem quero!) pessoas desejando a morte de José Genoino. Não vou entrar no mérito das conclusões do julgamento. Nem no conteúdo das denuncias que levaram a produção de penas. De qualquer forma os condenados declarados culpados pelos crimes que lhes foram atribuídos – fato com o qual estou de acordo – tem o direito a um tratamento respeitoso.  Incomoda-me o gestual e as declarações pouco civilizadas, ainda que simbólicas, da população.
 
O patético colunismo da mídia está se deliciando com a ação penal 470, mas não fala do processo sobre o mensalão tucano, que, aliás, é anterior às denúncias contra petistas, só que jaz engavetado no STF e vai prescrever, sem que ninguém seja punido. Ficaram perdidos ao tentar defender os amigos de seus patrões após vir à tona o escândalo do metrô de São Paulo, vários dos colunistas-Mor da velha mídia se superaram nas acrobacias com as palavras.
 
O ultraconservador Reinaldo Azevedo ficou em polvorosa diante da citação de seu amigo José Serra, denunciado por tentar macular uma licitação (ao propor um "acordo" com empresas acusadas de dar propina a políticos brasileiros). Azevedo chegou a atribuir ao PT a veiculação das matérias que o Jornal Nacional e a Folha deram sobre o caso. "Essa imprensa poderia ter ignorado a gritaria dos petistas e dos sedizentes 'ninjas', mas resolveu provar a seus algozes e maus juízes que é 'independente'. Numa formulação simples e exata: para demonstrar que não é antipetista, atira, se preciso, em tucanos, ainda que contra a evidência dos fatos", ele escreve.
 
Ou seja, para Azevedo, a mídia noticiou o caso cedendo à pressão de petistas e "ninjas" e alvejando covardemente os angelicais tucanos, contra os quais não há qualquer possibilidade de denúncia verdadeira. Surreal!
 
Outro ultraconservador, Merval Pereira, do Globo, também ficou em desespero. Primeiro, disse que seria "o pior dos mundos" se comprovado que existem tucanos corruptos (oi?). Agora, ele diz que a desonestidade de um político é menos danosa à democracia do que a de um partido: "Para um leitor de boa-fé, está claro que não tratava da corrupção em si, mas da maneira como ela fora praticada. Uma coisa são casos de corrupção de agentes políticos isolados, que acontecem em todos os países, outra bem diferente é a organização política."
 
Ou seja, para Merval, existe uma corrupção boa (de tucanos) e outra ruim (de partidos, no caso, certamente, do PT). Ele omite em sua tresloucada análise que as denúncias envolvendo o metrô de São Paulo envolve todos os governos tucanos nas últimas duas décadas: Covas, Serra e Alckmin. Seria esta, caso comprovada, uma corrupção "boa" e "isolada"? Também se esquece Merval que dez políticos do ninho tucano já foram indiciados pela Polícia Federal no caso.
 
Dora Kramer, do Estadão, amicíssima de Serra e revoltadíssima quando houve as denúncias do mensalão petista, ficou muda, da mesma forma que ficou quanto ao mensalão tucano de Minas. Ricardo Fiuza, da revista Época, cujos textos quase pedem que Lula seja queimado em praça pública, idem. Augusto Nunes, de Veja, a metralhadora a serviço (hoje) dos Civita, também.
 
A velha mídia é uma piada de mau gosto. E vários jornalistas a serviço dela, que se incumbem do papel de especialistas em tudo, são patéticos.
 
Justiça seletiva e partidária não é Justiça. 

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