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Sobre o Colunista
Rodrigo Hirose
Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com
A diluição da originalidade na internet | 27.11.13 - 18:48
Goiânia - Inicialmente, esse texto seria sobre um assunto mais factual: será que o Facebook fará companhia ao Orkut no “museu das grandes novidades”? A questão veio à tona desde que executivos da criação de Mark Zuckerberg admitiram que os jovens começam a se cansar dela. Porém, quando comecei a pesquisar sobre o assunto, caiu a ficha para outro tema que para mim é mais inquietante, apesar de que, confesso, não chega a ser novidade: a googlerização do conhecimento.
Ao digitar os termos “jovens” e “Facebook” milhares páginas surgiram naquele passe de mágica típico do Google. Boa parte dos links vinha com o título “Porque os jovens estão deixando o Facebook”. Imaginei que poderia, então, ler várias abordagens sobre o assunto para chegar a alguma conclusão. Sem surpresa alguma, de cada dez links, nove levaram a um mesmo texto reproduzido em sites, blogs e portais.
Em muitos, nem a autoria do texto era citada, num claro desrespeito aos direitos autorais, naquela típica diluição da originalidade levada ao limite na internet. E isso se repetia mesmo em portais e sites de grandes veículos de comunicação, que, teoricamente, teriam mais zelo com o conteúdo que levam a seus leitores e com a credibilidade junto a eles.
No início da internet, professores, principalmente do ensino superior, viam a web como ameaça à legitimidade da produção acadêmica. O temor era com a cópia de trabalhos já prontos disponíveis na web. A tentativa de burlar não arrefeceu, mas, hoje, estudantes amigos do Crtl C + Crtl V são flagrados com facilidade.
O ciberespaço segue sendo um universo rico para troca de experiências, compartilhamento de conhecimento, avanço nas questões sociais, emergência de aspectos culturais e, por que não, uma inesgotável fonte de entretenimento. Para tanto, existem buscadores especializados (dentro do próprio Google, inclusive, há ferramentas muito úteis), sites de alta qualidade, produção acadêmica abundante convertida em linguagem binária.
Ou seja, o conhecimento está ali, a poucos cliques de distância. Basta apenas saber onde buscar e, mais ainda, querer buscar. Tudo depende, como sempre, mais do usuário do que da ferramenta.
A tal busca sobre a diáspora dos jovens em relação ao Facebook, citada lá no início desse texto, tornou-se, portanto, frustrante. Mas, o pior é o que ficou ainda mais evidente para mim. Como a grande maioria das pessoas não passa da terceira página da busca, não tem conhecimento dos caminhos possíveis dentro da internet e limita-se a reproduzir ao invés de refletir sobre o que lê, caímos no inverso da desejável inteligência coletiva: o que emerge, muitas vezes, é um pensamento pasteurizado e equivocado que não passa da superfície.
Aí corremos o risco de reviver a tragédia da ninfa Eco, que, segundo a mitologia grega, foi condenada pela deusa Hera a repetir eternamente tudo o que os outros dissessem.