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Raisa Ramos
Raisa Ramos

Raisa Ramos é jornalista, autora do blog Algum Lugar Etc., apaixonada por cidades, viagens e fotografia / raisa.ramosp@gmail.com

Algum lugar

Ulalá, Paris!

Os franceses são difíceis,mas a cidade é linda | 25.06.14 - 15:19

Para ler ouvindo:
Edith Piaf | La foule

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 (Foto: Raisa Ramos) 

Minhas dicas de Paris são menos profundas e menos pontuais que as de Londres, mas mesmo assim, válidas para entender melhor o funcionamento da cidade e ter uma boa estadia. Para quem chega da capital inglesa, pode levar um pequeno susto com a cidade, especialmente se chegar pela estação Gare du Nord.

Paris não é tão limpa, nem tão segura, nem tão funcional quanto Londres, mas tem um charme todo especial e um céu cor de rosa inexplicável no pôr-do-sol. Acho que só fui entender de verdade a beleza depois de ver um fim de tarde da igreja Sacre-Coeur, que fica no topo de um morro e dá para ver praticamente a cidade inteira. O bairro onde ela fica também é de suspirar, o famoso, boêmio e artístico Montmartre, que hospedou tantos artistas impressionistas, cubistas, fauvistas etc. etc., quando estes moraram na cidade.

Aquela dica clichê “o melhor de Paris é se perder por Paris” é a maior verdade do mundo (se não fosse, talvez não teria virado clichê), então ande sem medo e aproveite todos os tesourinhos encontrados no caminho. Em Montmartre existe um restaurante muito famoso por ter sido pintado várias vezes por vários artistas, como Renoir. Moulin de la Galette (83 Rue Lepic) hoje é lotado, um pouco salgado no preço, com garçons mau-humorados, mas vale pela experiência de sentar ali e pensar que Renoir um dia estava na mesma situação, pintando e retratando a cena.

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 (Foto: Raisa Ramos) 

E já que falei de garçom mau-humorado, vá com paciência. A não ser que você tenha muita sorte, provavelmente topará só com parisiense grosso (com raríssimas exceções). É uma característica deles serem ríspidos com turistas, independente se você chega falando em inglês ou se tenta arranhar no francês. Mas como eu disse, é questão de sorte, quase uma loteria. Faça a aposta e torça para dar certo. Uma tática que muitas vezes funciona para tentar derreter o coração de pedra deles é mencionar de alguma forma que você é brasileiro. Eles amam brasileiro e o tratamento muda completamente depois que sabem sua origem, mas às vezes, dependendo da conversa, é bem difícil encaixar essa informação no diálogo sem que pareça estranho.

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 (Foto: Raisa Ramos) 

Vá de bike!
Quando cheguei em Paris, fui muito mal tratada logo de cara, seguida e agredida por um morador de rua, expulsa de um café por querer comprar uma água e usar o banheiro, amedrontada por um grupo de rapazes na saída da estação… Poderia continuar horas falando dos traumas na cidade, mas era só pegar uma bicicletinha Vélib e começar a pedalar pelas ruas que eu me esquecia de tudo. Ah, Paris… como é linda. Aliás, super indico o sistema de empréstimo de bicicleta deles. Dá para fazer o cadastro em qualquer ponto (e há centenas espalhados pela cidade) e já pegar sua bike. É muito fácil, prático, barato e todo mundo usa (TODO MUNDO. Às vezes é uma dor de cabeça achar bicicleta disponível ou pontos com vaga para estacionar). O cartão de sete dias custa 8 euros e te dá o direito de usar cada bicicleta pelo prazo de 30 minutos, quantas vezes quiser durante uma semana. Muito mais em conta que qualquer outro meio de transporte, além de seguro (há ciclovias em praticamente todos os lugares) e mais charmoso.

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 (Foto: Raisa Ramos) 

Vá de tênis!
Em Paris a andança é grande, até porque são tantas coisas bonitas que você encontra pelo caminho que, quando percebe, cruzou a cidade inteira andando de monumento a monumento. Lembro de um dia que saímos do Louvre e resolvemos andar até o Palais-Royal (tem um jardim muito lindo dentro dele) e depois vimos que a Ópera era logo ali do lado. Como o dia já estava quase no fim e estávamos cansados, decidimos andar só até a Ópera e depois voltar para o studio que alugamos (dica de ouro, inclusive, que darei mais adiante). Quando chegamos na Ópera, contudo, avistamos uma parte da Madeleine, linda. “Está tão perto!”, pensamos, “Vamos só até lá e depois vamos embora”. Ledo engano, rs. Da Madeleine, dá para ver o Obelisco da Praça da Concórdia e, de lá, o Arco do Triunfo, na Champs-Elysées. Quando vi, já era noite e ainda estava batendo perna pelas lojas da avenida, que tem uma Virgin enorme e uma Sephora de preocupar todo gerente de banco (se você levar seu passaporte, eles já descontam o imposto na hora!). Apesar de cansativo, rodar toda essa parte da cidade a pé é uma delícia e não importa qual rua você decida pegar. Qualquer uma vai ser linda e reservar várias surpresinhas gostosas.

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 (Foto: Raisa Ramos) 

Museus
O Louvre é lugar de bater ponto, eu sei, mas é tão lotado e tão massificado que se você não se importar muito com arte barroca e conseguir viver bem sem ver a Mona Lisa ou a Vênus de Milo, super apoio excluí-lo do roteiro. A única parte que eu realmente gostei e pude apreciar com calma sem ninguém me dando cotovelada ou entrando na minha frente foi a parte do apartamento de Napoleão III. É realmente lindo, quase uma Versailles (lugar este, aliás, que não se pode deixar de ir. É necessário um dia inteiro para conseguir ver todos os palácios e o jardim imenso). Para mim, que gosto mais de arte moderna e contemporânea, acho o D’Orsay (cheio de impressionistas) e o Pompidou (Warhol, Kandinsky e Giacometti) muito mais interessante. Seja qual for a sua escolha, indico comprar o Paris Museum Pass, um passe que dá direito de entrada em diversos museus e monumentos da cidade. Dependendo de quantos lugares você pretende visitar, o passe sai super em conta (varia de 42 a 69 euros, dependendo da quantidade de dias desejados) e não precisa enfrentar fila para comprar ingresso. No site há lista de todos os lugares que aceitam o Paris Museum.

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 (Foto: Raisa Ramos) 

All that jazz e dica ixperta
A experiância mais francesa que já tive foi ir a uma jam session na cidade. A Rue des Lombards abriga três dos mais famosos bares de jazz: Le Baiser Salé, Le Duc des Lombards e Sunset/Sunside. As ruazinhas nas proximidades também são repletas de opções e vale uma averiguada antes de decidir em qual lugar encerrar a noite. Esses bares ficam no 1º distrito e recomendo procurar hospedagem até o 8º distrito (Paris tem um urbanismo em espiral, dividido em distritos, em que o 1º é o mais central e o outros vão se distanciando gradativamente). Depois do 8º as coisas ficam mais longe, apesar do metrô atender bem a cidade. Quando pesquisei hospedagens na cidade, percebi que os hotéis eram bem salgados (preço que se paga para visitar uma das cidades mais turísticas do mundo), mas encontrei uma opção que talvez seja a melhor dica de qualquer viagem que eu possa dar. Alugar um studio ou pequeno apartamento pode sair muito mais em conta do que qualquer hotel meia boca. Existe uma boa agência de aluguéis de temporada chamada NY Habitat que atende Nova York, Londres e Paris. Nós escolhemos um lugar no charmoso 5º distrito, entre os Jardins de Luxemburgo e a Notre Dame, cujo o dono é um professor universitário irlandês que morou anos em Salvador, então não há dificuldades de comunicação.

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 (Foto: Raisa Ramos) 

O studio tem espaço para duas pessoas, e uma cozinha pequenininha bem equipada, o que possibilita algumas experiências gastronômicas usando ingredientes franceses (nhami!). Mesmo para quem não gosta de cozinhar, alugar um studio pode ser econômico não apenas na tarifa cobrada, mas também no quesito alimentação. Próximo ao studio, há várias mercearias, padarias e feiras repletas de coisas gostosas. Há ainda um Carrefour Express, onde é possível comprar uma garrafa de Boudeaux por 4 euros (sim!). Dessa forma é possível ter cafés-da-manhã e jantares franceses sensacionais sem pagar muito por isso (quando eu fui, tinha um rádio na cozinha sintonizado em uma estação de jazz, para ajudar na atmosfera romântica).

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 (Foto: Raisa Ramos) 

Sobre comida
Os franceses gostam de comer bem, então acho difícil passar por alguma experiência muito ruim gastronomicamente na cidade. Só que nesse caso, a qualidade influencia diretamente no preço. O valor das coisas em Paris é bem maior do que nas outras cidades da Europa, até porque eles gostam de sentar e gastar horas para concluir uma refeição. Não existe muitos quitutes de feiras, como nas outras capitais. Não existe comer em pé ou sentado no meio fio. As pausas são longas e prazerosas, o que é ótimo, na verdade. Pense que você vai comer super bem! Uma alternativa mais em conta, além da que eu citei acima sobre se arriscar na cozinha, é ir a restaurantes que ofereçam “menu du jour”, uma espécie de prato executivo, servido apenas no almoço. Geralmente é uma entrada, um prato principal e uma sobremesa por um valor fechado e mais barato do que seria se o pedido fosse separado. Os restaurantes que oferecem essa opção sempre colocam um aviso na porta, anunciando o cardápio do dia e o valor. Mas não vá com pressa. Quando se trata de comida em Paris, as coisas demoram. C’est la vie.

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 (Foto: Raisa Ramos) 

Se ainda ficou alguma dúvida com relação a Paris, sinta-se à vontade para mandá-la por email. Adoraria trocar umas ideias e ajudar a montar um roteiro dessa cidade que é tão especial. No mais, bon voyage!

 Leia este e outros textos sobre cidades, viagens, receitinhas e beleza também no blog Algum Lugar Etc.


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Raisa Ramos é jornalista, autora do blog Algum Lugar Etc., apaixonada por cidades, viagens e fotografia / raisa.ramosp@gmail.com

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