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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br
Goiânia - Estou gostando da simpática estratégia comercial de gravadoras e artistas que liberam o download legal para quem adquire o LP do mesmo. Há séculos não compro um CD, não sei se tal prática rola também para essa mídia. Mas com os vinis está cada vez mais comum. O último caso que vi foi no disco Morning Phase, do Beck. De cabeça, me recordo de também receber o cartãozinho com senha para download em um site criado especificamente para baixar as músicas em vinis de Blur e Boogarins.
Considero uma forma interessante de recompensar quem se dispões a gastar uma grana pelo LP do artista. Arranjar o MP3 de qualquer um desses nomes é mais fácil que fazer gol no Vila Nova. Basta uma simples busca para que a discografia completa da imensa maioria dos artistas do mundo esteja na sua cara. O fã que compra o disco é alguém inegavelmente especial, que quer realmente ouvir o som da banda em uma plataforma que demanda um trampo maior, uma dedicação extra. Dar o disco completo em MP3 é um gracejo dos mais legais para esse consumidor.
Não sou o tipo de cara que gosta de repetir mídias dos discos que tenho. O que tenho em CD, normalmente não tenho repetido em vinil ou MP3, salvo raras exceções. Então, se comprei o disco, não iria baixar o som daquele artista - eu já teria contato com a obra por meio da vitrola. Mas já que está ali na mão, de graça, acabo baixando. E, por consequência, ouvindo mais o trabalho daquele artista, já que está tanto na prateleira dos discos quanto na pasta de arquivos virtuais.
Não se trata de nenhuma revolução, nenhuma prática super moderna de relacionamento com o fã/consumidor. Talvez seja a mais antiga de todas as estratégias comerciais: cordialidade e simpatia no trato. Mesmo sendo táticas para lá de velhas, arrisco dizer que ainda não inventaram nada melhor para fidelizar um cliente.
Em tempos onde o grosso da receita de um artista vem dos shows, espalhar sua obra pode ser uma bela estratégia para viabilizar mais apresentações. Ao disponibilizar o MP3 para quem já adquiriu o vinil, a banda pode estar fazendo com que aquele fã se torne um multiplicador, que ele apresente a música que gosta aos amigos, aumentando assim o contigente dos que conhecem aquele trabalho.
Não será a salvação da lavoura para a indústria fonográfica, mas não deixa de ser uma interessante gentiliza para o fã.