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Sobre o Colunista

Fabrícia  Hamu
Fabrícia Hamu

Jornalista formada pela UFG e mestre em Relações Internacionais pela Université de Liège (Bélgica) / fabriciahamu@hotmail.com

Inspiração

Olhai os lírios do campo

Deus se fez presente em minha vida | 19.12.11 - 11:34

 

 
Respeito muito os ateus e os agnósticos. Jamais seria capaz de criticar quem não acredita em Deus ou tem sérias dúvidas sobre sua existência, pois acho que a liberdade das crenças individuais não deve ser mero discurso, mas prática constante. Entretanto, minha história me fez diferente. 
 
Por uma série de razões que não caberiam nesse espaço, Deus se fez muito presente na minha vida. Uma presença forte, de alento e indubitável força. Há 13 anos, essa crença foi reforçada por um livro. “Olhai os lírios do campo”, de Erico Verissimo, foi uma obra definitiva na minha trajetória.
 
O livro retrata a história do jovem médico Eugênio. Vindo de uma família extremamente pobre, ele sentia-se inferiorizado em relação aos colegas ricos e nutria grande ambição de subir na vida. Casou-se com a milionária Eunice, mas era apaixonado por Olívia, médica humanista e de valores diferentes dos dele.
 
Eugênio era cético, enquanto Olívia tinha uma crença inabalável em Deus. Ele sonhava com bens materiais e ela com um mundo mais justo e solidário. Tantas diferenças não impediram que o amor entre os dois florescesse. Um dos momentos mais bonitos do livro é quando Olívia escreve uma carta a Eugênio. 
 
Na carta, ela pede que o médico leia o Sermão da Montanha, na Bíblia, e reflita sobre o ponto em que Jesus fala dos lírios do campo, que não trabalham nem fiam, mas nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles.
 
“Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu”, ensinava Olívia.
 
Talvez o livro tenha me tocado tanto por seu eu, assim como Eugênio, uma jovem que também se sentia inferiorizada. Alguém que tinha a ilusão de que com roupas, carro e casa caros conseguiria preencher o grande vazio no coração e a sensação de estar sempre um degrau abaixo do mundo.
 
Até que conheci pessoas que me aceitavam como eu era. Gente que valorizava apenas a minha essência e para quem todo o resto era absolutamente dispensável. Em cada uma dessas pessoas fui enxergando a face de Deus. Um ser generoso, que sabe que o que enobrece um homem não é ausência de erros, mas a vontade de acertar e viver.
 
Essas pessoas entraram no meu caminho em momentos distintos, mas com uma frequência curiosa. E, a cada vez que uma delas aparecia, eu me lembrava da carta de Olívia e percebia que o segredo para ter paz de espírito e enxergar o essencial da vida era ser simples. De alma e coração.
 
Vi que, ao fechar os olhos e pensar nos momentos mais felizes de nossas vidas, o que nos vem à mente não é a compra de uma roupa de grife, de um carro equipado ou de uma bolsa importada, mas o dia em que ouvimos “eu te amo” de quem somos apaixonados, em que escutamos o riso de um filho pela primeira vez ou que fomos abraçados com intenso calor e afeto. 
 
Você deve estar se perguntando por que estou falando desse assunto aqui. Afinal, o que essa coluna tem a ver com Deus? Tudo. Quando me formei em Jornalismo, achava que para ser reconhecida precisava usar apenas o cérebro e fazer análises politicas, econômicas e sociais complicadíssimas, cheias de raciocínios lógicos.
 
Um dia, tanta complexidade racional não bastou e decidi deixar a simplicidade do meu coração falar mais alto. Foi assim que esta coluna surgiu. Nela, esse coração, às vezes alegre, engraçado, às vezes triste, se reflete puro, sem rodeios. E, por meio dela, venho experimentando uma realização pessoal inimaginável e vivenciando situações muito especiais. 
 
Como o evento em que fui recentemente e uma senhora, ao ser apresentada a mim, pediu para me dar um abraço apertado. Emocionada, me contou que a filha (com câncer no seio) andava muito desanimada, mas que depois de ler o texto “Sobre dramas e tempestades” recuperou o entusiasmo e a vontade de lutar.
 
Ou como a mensagem privada que um jovem me enviou pelo Facebook, dizendo que depois de ler o texto “Quanto pior, melhor” desistiu de terminar o noivado, pois percebeu que estava sabotando um relacionamento maravilhoso. Pela simplicidade do meu coração consegui me conectar com pessoas que nunca vi e levar a elas um pouco de paz e reflexão. E enxergar nesses leitores a face de Deus.
 
A você, que assim como eu acredita num ser maior que nos protege e acolhe, desejo que nesse Natal ele lhe dê coragem para ouvir seu coração e realizar seus sonhos. Que Jesus possa lhe mostrar que quando não desistimos da vida, ele também não desiste de nós e acende em nossa alma uma centelha de força e entusiasmo.
 
A você que não crê em Deus ou duvida da existência dele, permita-me sugerir que observe os lírios do campo e as aves do céu e faça uma analogia. Assim como as flores brotam nos locais mais inóspitos e áridos, a alegria também pode ser descoberta nas curvas dos caminhos tortuosos que muitas vezes a vida nos impõe.
 
Assim como os pássaros -- seres tão simples e irracionais -- conseguem alçar voos altos e promover belos espetáculos colorindo o céu, você, indivíduo dotado de inteligência e determinação, também pode conseguir ver além do horizonte e subir tão alto quanto queira. Basta acreditar e agir. 
Que nesse Natal possamos todos, como disse Erico Verissimo, “segurar a vida pelos ombros e estreitá-la contra o peito, beijá-la na face”. Porque ela sempre vale a pena. 
 

Comentários

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  • 24.12.2011 01:51 Fabrícia Hamu

    Eliana, Cacau, Marilda, Camila, Marcos, Janaína, Nathália, Daniella, Ana Paula, Ana Carolina e Augustiane, obrigada pelas mensagens carinhosas! Desejo em dobro tudo de bom o me desejaram para 2012. Tê-los como leitores é o melhor presente de Natal que eu poderia receber! Beijos

  • 24.12.2011 11:11 Augustiane Magalhaes

    Parabens... belissimo o seu texto... Feliz Natal e que Deus possa cada vez mais fazer parte da sua história, da sua vida...

  • 24.12.2011 10:46 Ana Carolina Castro

    Belíssimo texto. Me tornei leitora assídua de sua coluna e quem ganha com isso de fato não é apenas você, mas todos os leitores. Parabéns, um excelente Natal e um Ano Novo abençoado!

  • 23.12.2011 08:09 Ana Paula Liam

    Tenho o privilégio de ser sua amiga nesses últimos 20 anos, com você aprendi e venho aprendendo diariamente.Lendo seus textos lembro de cada conversa que tivemos, você é uma pessoa iluminada, de um caráter e postura inquestionáveis e tem um coração de mãe!Agradeço a Deus por ter lhe colocado em minha vida. Amo-te infinitamente!

  • 22.12.2011 07:23 Daniella Santiago

    COMECEI LENDO SUA COLUNA POR CURIOSIDADE DE AMIGA. DEPOIS PORQUE ESPERAVA MAIS UMA SURPRESA E AGORA PORQUE LEIO PORQUE É FUNDAMENTAL PARA ESSA VIDA CORRIDA E ESTRANHA QUE NÓS PAREMOS PARA PENSAR QUE A VIDA É BEM MAIS QUE TRABALHAR, PAGAR CONTAS E CUMPRIR COM COMPROMISSOS SOCIAIS E FAMILIARES. AS VEZES PARECE QUE LIGAMOS NO AUTOMÁTICO E QDO ACORDAMOS ACABOU A SEMANA. ESSA COLUNA É UM PARAR PARA PENSAR, RESPIRAR, MUDAR PEQUENAS COISAS QUE NO FINAL VÃO FAZER GRANDES DIFERENÇAS. UM SORRISO , UMA LEMBRANÇA, UM DESEJO QUE AFLORA DEPOIS DE TANTO TEMPO ESQUECIDO OU ENGOLIDO COM A CORRERIA OU OBRIGAÇÕES DO DIA A DIA. HOJE LER SUA COLUNA É UMA ALEGRIA!!! É UM PARAR PARA PENSAR, REFLETIR, SENTIR. BJIM GRANDE E UM NATAL DE LUZ, FÉ E ESPERANÇA. QUE SEU 2012 SEJA DE SUCESSO, SABEDORIA, SAÚDE,AMOR E ALEGRIAS.

  • 20.12.2011 02:38 Nathália Bariani

    Desde que A Redação surgiu, me encanto de forma deliciosa com os seus textos e com os da Bia. É sempre um deleite perceber que o jornalismo não consiste necessariamente na forma, mas principalmente no conteúdo. Parafraseando para a minha veia publicitária, o que importa não é o meio, mas a mensagem. E a mensagem de hoje fez com que, pela primeira vez, eu resolvesse explanar o que eu senti quando li o texto. Sempre que leio as colunas de vocês duas, eu me emociono - ou fico triste, ou reflito, ou me divirto ou sorrio sem porque. É batata. Mas hoje, a maior vontade que me deu foi de deixar você saber o quanto está fazendo isso certo. Parabéns, Fabrícia. E obrigada.

  • 20.12.2011 11:03 Janaina

    Belo, belo, belo! Não sei dizer o quanto seus textos me tocam. Sou muito grata por ter convivido com você durante um tempinho e por me lembrar de você sempre.

  • 20.12.2011 10:03 Marcos Arruda

    Parabéns pelas belas e sábias palavras, um texto que nod desperta para a reflexão, prazeroso de se ler. Foi como um presente de Natal. Permita-me compartilhá-lo no Facebook. Obrigado a todos de A REDAÇÃO, um excelente Natal, com muitos lìrios. Marcos Arruda

  • 19.12.2011 06:33 camila caiado

    lindo e emocionante !

  • 19.12.2011 03:28 Marilda Terra

    Parabéns pelo texto, simples e de uma beleza que toca a alma...

  • 19.12.2011 12:45 Cacau

    Que texto lindo, Fabrícia! Me emocionei lendo e agr me lembro que já me emocionei lendo vc outras vz. É mt fácil duvidar ou negar a Deus. Afinal, nunca o vemos ou tocamos de fato. Da mesma forma que não vemos o vento. O amor. O verão. Mas sentimos todos. E em cada um, a presença indiscutível de Deus. Obg por nos lembrar nessa segunda, que "nem Salomão em toda sua glória, se vestiu como os lírios, que não trabalham nem fiam" Bjo.

  • 19.12.2011 12:05 Eliana ABRAHAO

    TEXTO EXCELENTE,EH COMO SE ELA FALASSE COM A ALMA.... EH PRECISO MUITA SENSIBILIDADE PRA ESCREVER SOBRE COISAS QUE PASSAM DESCPERCEBIDADES.....PARABENS..

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Fabrícia Hamu

Jornalista formada pela UFG e mestre em Relações Internacionais pela Université de Liège (Bélgica) / fabriciahamu@hotmail.com

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