Eu, esposa e minhas duas filhas começamos ontem nossa viagem de férias. Sempre escolhemos um estado brasileiro para dar um rolê geral, conhecer detalhes, nuances pouco observadas pelo olhar convencional e que não estão aprofundadas nos guias de turismo. A intenção é entender o que pensa e como vivem as pessoas de determinada região do País, saindo do roteiro maquiado para os turistas. Escolhemos dessa vez a Paraíba. Mas vou deixar para explicar os porquês de visitar o estado em um próximo texto. Hoje vou falar da experiência ultra particular de viajar com um bebê a tiracolo.
A Nara, minha caçula, tem oito meses de idade. E ela tem que entrar no ritmo familiar de todo janeiro: colocar a mochila nas costas e encarar a meta de ser um Kerouac mais playboy – afinal, depois dos 30, a lógica do “On the Road” tem que ser meio revista. Por isso, organizamos uma lógica de viagem um pouco diferente, mais recatada (mas não menos intensa), para nossa rota.
O primeiro ponto que muda quando viajamos com um bebê é o volume de malas carregadas. O número de bagagem triplica, sem exagero algum. Antes, era uma boa mala per capita. Agora, só a Nara já mobiliza um berço portátil, um carrinho para viagem e o bebê conforto. Belos trambolhos na hora de embarcar. Além desses itens estruturais, tem a banheira inflável que ocupa um volume considerável na mala e roupas que não acabam mais. Pois enquanto fazemos a conta de uma bermuda e uma camiseta por dia, um bebê não segue essa lógica cartesiana. São bodies, camisetinhas, vestidinhos, shortinhos que dariam para vestir todas as crianças chinesas. E o pior é que todo quanto nunca é suficiente. Por isso já estamos olhando uma lavanderia por perto para dar uma geral nas roupinhas dela...
Além disso, as tretas normais de uma viagem ganham proporções desesperadoras. Os atrasos dos voos quebram qualquer planejamento que a rotina de um bebê exige. Por exemplo, o almoço dela é às 11 horas da manhã. E não interessa se estamos no meio de uma turbulência, se estamos em pé na hora de fazer uma conexão ou se a chuva não deixa seu avião sair do lugar. Ela vai abrir o berreiro naquele horário e ponto final. E para os pais o choro de um filho dói mais no ouvido do que aquela pressão que sentimos quando o avião decola. Então, que se dane as recomendações de segurança. Lá vamos nós resolver a fome da menina. E vou poupar vocês do drama que é trocar a fralda dentro de um minúsculo banheiro de avião... Coisa que até Indiana Jones pensaria duas vezes antes de topar.
Apesar de todas as barcas, não dá para ignorar o prazer de ver as descobertas do bebê perante as novas experiências. Ou você acha que eu deixaria um sorriso como esse abaixo em casa por causa de um probleminha qualquer no trânsito aéreo ou um excesso de bagagem?