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Rodrigo  Hirose
Rodrigo Hirose

Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com

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Redes sociais e a bolha ideológica

| 01.04.16 - 18:37
Goiânia - Uma interessante pesquisa tocada por professores da Universidade de São Paulo expôs o abismo que separa os brasileiros nesse momento de acirramento político. Com base em dados coletados no Facebook, os professores Márcio Moretto Ribeiro (de Sistema de Informação) e Pablo Ortellado (de Gestão de Políticas Públicas) concluíram o que já era possível inferir mesmo sem metodologia científica adequada: a absoluta falta de diálogo que permeia as relações nas redes sociais diante da crise atual.
 
Com base em 434 mil perfis, os pesquisadores descobriram desde hábitos de leitura da imprensa até as páginas de Facebook curtidas pelos usuários que indicaram intenção de participar das manifestações dos dias 13 (pró-impeachment) e 18 de março (em defesa do mandato da presidenta Dilma Rousseff).
No primeiro grupo, que reuniu 410 mil internautas que confirmaram presença nos atos pelo impedimento, veículos como Estadão, Veja, Folha de S. Paulo aparecem como as principais fontes de informação. Já entre os 24 mil usuários que confirmaram presença nos atos “contra o golpe”, havia uma clara preferência por veículos digitais, como G1, R7 e UOL.
 
As páginas do Facebook preferidas pelos militantes também demonstram a divisão. Enquanto os manifestantes do dia 13 compartilhavam textos do jornalista Reinaldo Azevedo, do apresentador Danilo Gentili e do filósofo Olavo de Carvalho, a turma do dia 18 preferiu postagens do cantor Tico Santa Cruz, do humorista Gregório Duvivier e do jornalista Leonardo Sakamoto. O jornalista Ricardo Boechat, da Band, parece ser uma exceção, sendo acompanhado proporcionalmente pelos dois lados.
 
Em outro estudo, os próprios cientistas sociais do Facebook detectaram a questão. Em artigo publicado na revista Science, com base em 10 milhões de perfis, descobriram que a grande maioria dos usuários tende a rejeitar postagens que confrontem suas próprias convicções.
 
Os cientistas dividiram os usuários entre progressistas e conservadores. Notaram, então, que apenas 22% dos primeiros visitam links que iam de encontro às suas ideias. Já entre os segundos, somente 33% clicaram em links que não confirmassem sua ideologia.
 
E isso ocorre muito mais por decisões pessoais dos usuários que por causa dos algoritmos do Facebook – ferramenta que filtra o conteúdo que tenha mais a ver com o gosto do internauta, tornando, assim, a timeline mais personalizada.
 
A conclusão que se pode extrair da leitura dos dois estudos só pode ser uma: nas redes sociais, falamos para convertidos. Ou, falando de outro modo, o poder de influência que de cada usuário é limitado, pois geralmente falamos para quem já compartilha dos nossos pensamentos. A tendência é que somente nossos iguais comentem ou mesmo leiam o que postamos. Os haters são exceções.
 
Assim como na “vida real”, permanecer nessa bolha ideológica no mundo virtual é confortável, seguro, cômodo. Mas corremos o risco de perder exatamente aquilo que poderia ser mais atrativo nas redes sociais: a enriquecedora experiência de um mundo plural.
 

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