Eu sabia que a coisa estava grande, mas não tinha dimensão de fato. Acho que ainda não tenho, pois não sou um expert em assuntos de novidade mesmo trabalhando com as tais das news – eu nunca fui um bom exemplo. Pelo que andei pescando pela internet nesses preguiçosos dias de férias é que o Ai se eu te pego de Michel Teló ganhou o mundo. A música cruzou o Atlântico e é o som que rola em tudo quanto é canto do continente europeu. Feliz 2012.
Negar a virtude pop do hit é a mais pura miopia e ignorar o óbvio. É daquelas músicas que o refrão gruda, não sai da cabeça nem com porrada. Rápida, impactante, divertida e que desperta sentimentos extremados de ódio e amor. Nada é mais divertido do que aquilo que vai nos extremos, tipo futebol. A música tem uma coreografia que parece natural, que se completa e se realiza quando executadas. O som sem a dança perde a força, a dança sem o som perde o sentido. É tipo uma macarena do século XXI. O Brasil era o país do futuro e parece que o futuro chegou. A classe C chegou lá e Michel Teló está aí para não nos deixar esquecer.
E é legal ver o desespero do ouvido médio ao ver que o Ai se eu te pego foi exportado e diverte o mundo. Depois da bossa nova, só exportamos sons absolutamente renegados e bastardos de suporte da intelligentsia. Quando o funk carioca pancadão influenciou meio mundo na música eletrônica, nego torceu o nariz nervoso. Quando o tecnobrega paraense extrapolou o estado, nego pensou em suicídio. Quando Michel Teló se transforma em termos de projeção no novo Tom Jobim, nego se mata fácil, fácil.
Outro ponto que merece ser observado é a forma da projeção do Ai se eu te pego. Da periferia para o centro, do Brasil subjugado para dentro do Brasil branco, do Centro-Oeste para o mundo, do boteco fuleiro de mesa de plástico da esquina para a boate cheia de playboy do Bueno. Só isso já faz eu ter simpatia pelo fenômeno. Essa é a tal inversão do peso simbólico cultural dentro do nosso país. Lembra-se quando eu falei anteriormente que a classe C chegou lá? Michel Teló é a prova cabal do fato. Seja sábado na balada, seja na timeline do Twitter.
Já vejo você me perguntando se eu escuto a música. Não, não escuto em casa. Tem tanta coisa no mundo para a gente ouvir que não dá tempo. Mas gosto de Ai se eu te pego. E se toca em um lugar onde estou, me divirto. Não danço, pois até para ser ridículo precisamos ter limites. E é só ouvir para o restante do dia o refrão ficar tatuado na memória. Delícia...