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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

O Blog

Hora de dizer tchau (ou vida longa à Fósforo)

E a chama da Fósforo segue queimando | 02.03.12 - 16:15

 

Eu tinha uma banda e queríamos tocar. Como não éramos convidados por casa de show alguma, comecei a produzir eventos onde pudéssemos ter palco. Desse desejo mais que egoísta, me tornei produtor cultural. Da mesma forma egocêntrica, surgiu o Vaca Amarela. Os festivais Goiânia Noise e Bananada já eram consolidados e minha banda não era chamada. Sem problemas! Fui lá, fiz meu festival e toquei do jeito que queria. Mas uns barbudos já haviam dito que todo carnaval tem seu fim. E minha quarta-feira de cinzas chegou. Hoje, me despeço de um dos projetos de minha vida que mais me deu orgulho: a Fósforo Cultural.

Como o fato de ser artista me levou à produção cultural, a produção acabou me afastando do fazer artístico. O tempo escasso que tenho para mexer com Cultura era inteiramente direcionado aos infinitos afazeres de uma produção bem-feita, como sempre nos prestamos a fazer na Fósforo. Eu agora quero voltar a ensaiar, compor um disco novo com minha banda e, se rolar, um ou outro showzinho por aí. Sem estresse, sem aquele vigor de antes. Tudo na maciota. Pretendo terminar a composição do novo disco do Chapéu, Cerveja e Frustrações (sim, esse é o nome da banda em que toco) esse ano e lançar o trabalho ano que vem. Você pode baixar nosso primeiro disco, intitulado Sucesso no Brasil, nesse link e ouvir ele inteiro no nosso Myspace.

Não me lembro como conheci o João Lucas, único membro da Fósforo que está desde o início ao meu lado. Deve ter sido em algum desses eventos por aí. Mas me recordo perfeitamente da primeira vez em que trabalhamos juntos. Foi na produção da quarta edição do Vaca Amarela. Ele então coordenava o artístico do extinto selo Beacid junto de Pedro Cambaleado. A experiência de ter trabalhado com eles foi ótima. Eles tinham um selo sem um festival forte, eu tinha um festival ascendente na cena local sem um selo. Era o casamento perfeito. Entrei para a Beacid e, logo no começo dos meus trabalhos, os dois se desentenderam. Naquele momento, Pedro afirmou que não tinha mais interesse em trabalhar com Cultura. O João Lucas falou que queria continuar. Criamos a Fósforo.

Nem com muito esforço consigo me lembrar de quantas pessoas passaram pela Fósforo. Cada um deixou sua colaboração. Acho que também deixei a minha. Nunca funcionamos como uma empresa, somos um coletivo de Cultura que segue uma lógica de participação calcada na livre adesão e no livre desligamento dos seus membros a qualquer momento. Por isso nossa rotatividade de pessoal sempre foi alta. Muita gente contribuiu com a Fósforo. Uns saíram por novas ambições de vida, outros por discordâncias de trabalho. Cada um seguiu seu caminho e deixou sua marca. Todos levaram minha amizade, assim como deixo lá amigos para toda vida. Agora eu sigo minha trilha e a Fósforo fica nas competentes mãos do João Lucas, Naya de Sousa e Grazi Reis – gente que prezo e tenho plena confiança para tocar em frente o projeto.

Me perguntaram se não sinto uma dorzinha no coração ao deixar algo pelo qual trabalhei tanto. Sinceramente, não. Acho que minha contribuição foi dada e agora é preciso respirar novos ares. E a chama vai seguir queimando por muitos e muitos anos.

Vida longa à Fósforo Cultural!


Comentários

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  • 28.03.2012 10:55 Kaio Bruno Dias

    Que história legal de ler. Muito bacana os esquemas que já rolaram e ainda viram pela Fósforo. Vida longa

  • 04.03.2012 12:10 Nádia Junqueira

    Engraçado que no meu último texto aqui, Pablo, falei que para mim gente sábia é gente que sabe lidar com fins naturalmente. Que sabem que tudo na fida acaba, e é normal. Aliás, é para dar novos começos. Para você e para outros, né. Então parabéns pela sabedoria, pelo excelente trabalho que sempre fez junto à Fósforo e que a militância cultural não perca seu vigor! Boa sorte, Pablo! Vou querer prestigiar essa banda que não conhecia! Beijo.

  • 04.03.2012 11:32 Marlos Japão

    Tudo tem sua hora certa , não é , meu amigo Kossa ? E você , sempre com sua transparência e elegância comunicativa nos mostra que a vida às vezes toma caminhos e rumos que nem senpre esperamos , e que mudanças são necessárias para o crescimento e satisfação nessa curta vida. Desejo toda sorte do mundo na nova fase e é bom saber que continuaremos nos trombando por aí e que a parceria continua ! Grande abraço ! Japão

  • 03.03.2012 08:57 Dr Live

    A sua banda era ruim mesmo, meu caro, não virou porque era ruim e ponto. No máximo era divertida, mais pra vocês do que pra outrem. Sobre sua saída da Fósforo, sussa demais, saiu agora o pau mandado da mulher... vai continuar como comentarista de programa de rádio pop e contribuinte do jornal de bosta que rende mais mesmo...

  • 03.03.2012 11:30 Jamilton

    É isso!!! E torcer pro fósforo não queimar os dedos de quem o segura...

  • 02.03.2012 06:19 Jadson Jr

    excelente texto, é legal compartilhar com a gente esse seu momento de virada, de superação, de retomada e tudo o mais. Quem gosta de rock nessa cidade sabe que você é um representante da cena rock que está na mídia e que usa isso em proveito da cena. Parabéns e tudo de bom.

  • 02.03.2012 04:52 Pedro Naves

    Me lembro como se fosse ontem, nós (eu e o João) indo até o Pablo, na praça universitária, pra falar do Vaca Amarela, festival que já rolava sob comando do Pablo. Sentamos na mesa de um bar, como sempre, tomamos uma cerveja e falamos sobre o festival, formato, identidade visual, equipe e tudo que fosse pertinente. Sai da reunião animado, eu e o João falávamos de como ia ser bacana a parceria, cheguei em casa e já comecei a pensar no flyer, nas bandas e tudo mais. Fizemos o festival, o Fabricio Nobre estava envolvido também, nos surpreendemos com o público e foi só alegria. No outro dia, após o festival o Pablo encontrou conosco ali na praça do Avião, sempre achei engraçado esse saudosismo que o Pablo tem com algumas coisas que são bem caracteristicas dele, praça do avião, verdão, brizola, flamengo, frank zappa e por aí vai. Comemos um pastel e fizemos o saldo do festival, ali eu tinha certeza que era o parceiro certo na hora certa. A BEACID infelizmente não retornou o que precisávamos, o João Lucas sempre foi e será como um irmão pra mim e o Pablo, apesar dos desentendimentos normais que qualquer profissional possa ter sempre foi muito querido e respeitado por mim. Mesmo após ter voltado à Fósforo percebi que ali não era meu lugar, era muito a cara dos dois, parceria João e Pablo, tanto que rende frutos e tem muito mais por render. Vida Longa à todos que fizeram o que fizeram com o coração.

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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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