Yuri Lopes
Goiânia - Com a nomeação do ator Mario Frias, nesta sexta-feira (19/6), para comandar a Secretaria Especial da Cultura do governo Jair Bolsonaro, o ex-galã de Malhação se torna o quinto titular a ocupar o cargo.
Antes dele, passaram pela pasta a atriz Regina Duarte (de 4/3/2020 a 20/5/2020), o dramaturgo Roberto Alvim (de 7/11/2019 a 17/1/2020), o economista Ricardo Braga (de 9/9/2019 a 6/11/2019), José Henrique Medeiros Pires (1/1/2019 a 21/8/2019) e José Paulo Soares Martins, que ocupou interinamente a secretaria de 21/8/2019 a 9/9/2019, de 17/1/2020 a 4/3/2020 e de 10/6/2020 a 19/6/2020.
Relembre abaixo os quatro ex-titulares e o secretário coringa José Paulo Martins, que ocupou interinamente a secretaria por três vezes:
Regina Duarte e o pum do palhaço
A mais conhecida a ocupar o cargo de secretária de cultura, Regina Duarte entrou para o governo Bolsonaro após quase dois meses de “namoro" e
assumiu com o compromisso de apaziguar os ânimos do setor cultural e dialogar com todas as vertentes. Não só não conseguiu realizar nenhum dos dois maiores desafios como não conseguiu apresentar sequer um esboço de algum grande projeto ou reforma para a área cultural. Saiu após semanas de “fritura” interna e muitas críticas de representantes de diversos setores culturais.
A desastrosa
entrevista concedida à CNN, onde ela exaltou o golpe militar de 1964, menosprezou as mortes pela covid-19 e se recusou a ouvir a fala da colega Maitê Proença, foi a pá de cal na curta passagem pela secretaria: 77 dias.
Por 20 dias, Regina Duarte ficou no limbo do governo federal. Após sair da Secretaria de Cultura, recebeu de Bolsonaro a promessa de que iria para a Cinemateca Brasileira, o que acabou sendo descartado pelo governo.
A exoneração saiu no dia 10 de junho e foi comemorada pela atriz. “Deu-se!. #Ufa!”, escreveu Regina na legenda do post que fez no Instagram anunciado a saída do governo.
Roberto Alvim e o nazismo
Bem recebido pela ala ideológica do governo Bolsonaro, o dramaturgo Roberto Alvim ganhou mais notoriedade ao criticar a atriz Fernanda Montenegro, após a atriz aparecer na capa de uma revista em setembro de 2019.
Antes de assumir a Secretaria de Cultura, Alvim foi diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, órgão subordinado à secretaria.
Um dia após participar de uma live no Facebook do presidente Bolsonaro,
Alvim publicou um vídeo com forte conotação nazista (de cenário a texto e trilha sonora) para divulgar o Prêmio Nacional de Artes. Sem ter como negar a inspiração no ministro de cultura e comunicação do nazismo, Joseph Goebbels, Alvim caiu após repercussão negativa de entidades, de líderes do Congresso e Judiciário e até de aliados do presidente.
Ricardo Braga e a passagem relâmpago
O economista Ricardo Braga tem experiência em bancos e corretoras, mas foi indicado para assumir a Cultura do governo Bolsonaro com a missão de dar mais dinamismo e eficiência aos projetos da pasta. Ficou dois meses e saiu para chefiar a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação.
José Henrique Medeiros Pires não “bateu palma para censura”
O primeiro secretário de Cultura do governo Bolsonaro pediu demissão do cargo por discordar, entre outras medidas, da suspensão de um edital para a TV Pública com linha dedicada à produção com temática LGBT. “Para ficar e bater palma para censura, eu prefiro cair fora”, disse Pires na época.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, José Henrique disse que a suspensão do edital foi apenas a gota d’água de uma série de tentativas do governo Bolsonaro impor censura em atividades culturais. O edital foi suspenso por portaria assinada pelo então ministro da Cidadania, Osmar Terra, no dia 21 de agosto, após reclamação do presidente durante uma live promovida no Facebook.
José Paulo Soares Martins, o tapa-buraco
O único da lista a ocupar a Secretaria de Cultura por três vezes, José Paulo Soares era secretário-adjunto de Cultura quando assumiu interinamente. Foi ele quem ficou no comando da secretaria antes e depois de Regina Duarte e após a saída de Henrique Pires, até a chegada de Ricardo Braga.