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Caldas Novas cria Bonecos Gigantes e os utiliza como instrumento de educação

Peças estão reunidas em um museu | 21.04.21 - 11:20 Caldas Novas cria Bonecos Gigantes e os utiliza como instrumento de educação Os bonecos lembrando Ghandi, Cora Coralina e JK (Foto: divulgação)
Jales Naves
Especial para o AR

Goiânia - Bonecos gigantes chamam a atenção de longe, atraem crianças e adultos em suas caminhadas, constituem-se em instrumento de educação e de cultura e são forte atrativo turístico para a cidade. Foi essa a ideia que a artista plástica Rosângela Marçal teve ao se instalar, em definitivo, em Caldas Novas, em 2016. Pernambucana de nascimento e em São Paulo desde os l0 anos, ela se dedicou ao turismo e viu, na encenação dessas peças de tamanho maior, um instrumento para colocar em prática suas propostas, conciliando trabalho e atividade econômica.

Ela tinha como referência, nessa área, o trabalho de seu irmão, Leandro Castro, que criou, com sua equipe de artistas, no Recife antigo, uma nova geração de Bonecos Gigantes, tendo, como principal objetivo, a construção e materialização de grandes ícones da história e da cultura brasileiras e de personalidades mundiais. Essa proposta vem impressionando bastante a todos pelo grande realismo das expressões faciais e figurinos. O peso dos bonecos de Olinda, PE, que atingem até quatro metros de altura, é de 20kg, confeccionados em fibra após terem sido moldados na argila.

O Museu dos Bonecos Gigantes de Caldas Novas surgiu nessa linha. Instalado em local de fácil acesso, na Av. das Nações, Qd. 1, lote 4, no setor Jardim dos Turistas, recebe a visita de alunos de diversas séries, quando ouvem a história das figuras representadas, conversam com sua idealizadora e passam a conhecer mais de sua história. A preocupação, desde o início, foi produzir peças retratando santas católicas ligadas às Igrejas locais, como Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora da Salete – são 18 padroeiras que integram a Diocese de Ipameri, da qual Caldas Novas faz parte – e personalidades, como a poetisa Cora Coralina, o bandeirante Martinho Coelho de Siqueira, considerado um dos descobridores de Caldas Novas, e os mascarados de Pirenópolis.

Autodidata na arte da escultura e pintura, Rosângela de Castro Freire Marçal teve forte influência, em sua formação, do pai, arquiteto Nivaldo Pereira de Castro, que propiciou visitas a museus e galerias de arte e a festividades folclóricas. Da mãe, Dolores Maria Bezerra de Castro, a passagem pela área de turismo. Casada com o empresário de hotelaria Antônio Freire Marçal, é formada em Turismo, comandou a maior operadora do segmento de luxo do país, agraciada com prêmios pelos serviços prestados e destaque nos roteiros criados, e vice-presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), responsável pelo destino Brasil e o representado em feiras e eventos no exterior. Hoje, preside o Conselho Municipal de Cultura e a Academia de Letras e Artes de Caldas Novas.
 
Idade média e religião
O projeto original dos bonecos teve origem na Europa, na Idade Média, sob a influência dos mitos pagãos escondidos pelos temores da Inquisição, e eram utilizados em procissões em forma de santos católicos. Foi implantado no Brasil na pequena cidade de Belém do São Francisco, no sertão pernambucano, em 1919, pelas mãos de um padre belga, que levou ao conhecimento de todos a tradição europeia, produzidos em tamanho maior do que o convencional, para atrair os fiéis e despertar o interesse pelos cultos e procissões religiosas. É dessa cidade, também, a criação do primeiro boneco gigante do Brasil, o Zé Pereira, um dos principais símbolos do carnaval. Em 1931 foi criado o boneco Homem da Meia Noite, quando se popularizou a tradição do Encontro dos Bonecos Gigantes; vários deles se encontram no sítio histórico de Olinda durante o período de carnaval.

Com essas ideias e considerando a cultura e a tradição religiosa de Caldas Novas, Rosângela começou a trabalhar e ela mesmo, como artista plástica, a produzir as peças, num processo demorado, pelo formato e pelo material utilizado, gastando em média 30 dias nessa construção e que pesam, em média, 25kg. Nas caminhadas, os bonecos ficam com cinco metros de altura.

No diálogo com os visitantes, em especial os estudantes e os turistas, vai ampliando o acervo do Museu, que já conta com 26 Bonecos Gigantes, que fazem sucesso em eventos sociais e momentos especiais da cidade, como a Parada de Natal, a Procissão do Fogaréu, a Romaria de Nossa Senhora da Salete, a Cavalgada do Santuário de Nossa Senhora da Salete, desfile de comemoração do aniversário de Caldas Novas, o carnaval antigo e decoração de festas. Ainda, são realizadas aulas e oficinas no Museu e em escolas.

Já é um local de visitação obrigatória da cidade. Uma criança, acompanhada de adulto, tem entrada franca e adulto paga R$ 15.
 

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