Jales Naves
Especial para o jornal A Redação
Goiânia - Poeta, cantor, autor de letras e compositor, Renato Castelo está com nova obra, “Dobraduras”, que teve origem em um poema com esse nome publicado originalmente no livro “Conversa.com Verso”, escrito a quatro mãos com a poetisa Heloísa Campos Borges. Neste novo trabalho ele se refere ao “nada” representado por uma folha de papel de onde o artista faz surgir algo em outra dimensão. “Dessa “dobradura” pode surgir, por exemplo, um Tsuru, pássaro sagrado que representa longevidade, sorte, felicidade e paz. O papel dobrado em um Origami tem uma representação mágica. Da manipulação cuidadosa a arte surge”, afirma.
A intenção foi a de tomar o poema original como abertura para a elaboração de textos poéticos como se as ideias pudessem ser "dobradas" com frases curtas e secas, pontuadas. Uma característica em todo seu trabalho.
“Dobraduras” apresenta uma linha poética do autor que, após ter quatro livros publicados – “Um Grito no Teatro Escuro” (1991), “Conversa.com Verso” (2007), “Poemas de Outubro” (2017) e “Pássaro Noturno” (2020) – retrata um momento de vida reclusa no interior do Estado de Goiás, que o proporcionou fazer uma metáfora entre a transformação de uma folha de papel em um objeto de arte como o Origami para as transformações do cotidiano vividas nos meses da pandemia.
O autor
Goiano nascido em Natal, RN, em 1947, Renato Castelo dedicou-se à literatura e à composição musical desde a juventude, percorrendo o caminho das letras de canções e dos poemas. Em “Dobraduras” o autor pontua o cotidiano que se dobra sempre em outra realidade. Escreve como quem recorta momentos do dia a dia como retratos isolados de um quadro maior que apenas é imaginado como real. “É como se encontrasse o sentido da fotografia no detalhe”, explica.
Apenas um dos poemas tem título: “Manhãs de abril”; os demais carecem dessa preparação que o nome do poema provoca. O autor procura trazer o leitor para dentro de seu universo na primeira frase.
Na segunda parte do livro são construídos pequenos origamis poéticos sob a forma de quadrinhos tal qual as exclamações que a gente faz nas surpresas do dia a dia.