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Memória

Iphan inicia Plano de Salvaguarda dos Bens Culturais do povo Karajá

Esforço envolve Goiás, Mato Grosso e Tocantins | 07.09.23 - 12:58 Iphan inicia Plano de Salvaguarda dos Bens Culturais do povo Karajá (Foto: divulgação)A Redação
 
Goiânia – O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizou a Reunião de Elaboração do Plano de Salvaguarda dos Saberes e Práticas Associados ao Modo de Fazer Bonecas Karajá e do Ritxoko: Expressão Artística e Cosmológica do Povo Karajá, registrado como Patrimônio Cultural do Brasil. O encontro aconteceu na cidade de São Félix do Araguaia (MT), na última terça-feira (29/08), e reuniu representantes do povo Iny Karajá de mais de 20 aldeias da área de abrangência do bem cultural, gestores culturais e representantes das superintendências do Iphan em Tocantins, Mato Grosso e Goiás.
 
A ação contou com a colaboração da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) no apoio logísticos e deslocamento de representantes do povo Iny Karajá, que na sua grande maioria foram mulheres e ceramistas, as quais compõem um segmento cultural importante dentro da prática e dos saberes do Modo de Fazer Bonecas Karajá.
 
O analista do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan, Luan Moura, acompanhou o encontro e colaborou com a execução das atividades junto ao povo Karajá. “Tivemos apoio e a participação ativa de representantes das comunidades detentoras espalhadas no território Karajá, especialmente mulheres e ceramistas que transmitem este saber. Isso é resultado do esforço integrado das superintendências do Iphan”, contou Luan.
 
Para a superintendente do Iphan-TO, Cejane Pacini, a construção do plano com a participação dos gestores de cultura e detentores é fundamental. “Não tem como fazer a gestão dos bens culturais sem os detentores. Essa construção do plano faz parte da reconstrução da cultura brasileira”, explicou.
 
Saberes e Práticas Associados ao Modo de Fazer Bonecas Karajá
Denominadas na língua nativa ritxoko (na fala feminina) ou Ritxoo (na fala masculina), as bonecas Karajá são consideradas representações culturais que comportam significados sociais profundos. Com motivos mitológicos, rituais, da vida cotidiana e da fauna, são importantes instrumentos de socialização das crianças indígenas que, brincando, se vêem nesses objetos e aprendem a ser Karajá.
 
De acordo com o parecer técnico que reconheceu o bem cultural como Patrimônio Cultural do Brasil, em 2011, e inscreveu o Ofício e Modos de Fazer as Bonecas Karajá no Livro dos Saberes e a Ritxoko: Expressão Artística e Cosmológica no Livro das Formas de Expressão, os Karajá dedicam-se à pesca, à agricultura e ao artesanato. A cultura material Karajá abrange técnicas de construção de casas, tecelagem em algodão, madeira, palha e cerâmica, a única ou a mais importante fonte de renda familiar.
 
O mesmo documento do Iphan mostra que a confecção das figuras de cerâmica é uma atividade exclusiva das mulheres e envolve técnicas e modos de fazer considerados tradicionais e transmitidos de geração em geração. O processo envolve um repertório de saberes que vai desde a coleta do barro ideal até as pinturas das cerâmicas.
 
A indígena, detentora e ceramista, Mahuederu, do povo Iny Karajá, acredita que o Plano de Salvaguarda ajudará nos aspectos econômicos e simbólicos do bem cultural. “Essa oficina de construção é muito importante, por conta da necessidade da venda das bonecas. Eu tenho os saberes das bonecas antigas. Com a modernização, as bonecas são diferentes, mas a simbologia continua a mesma”, contou.
 
Plano de Salvaguarda
O plano de salvaguarda é um instrumento fundamental para a gestão dos bens registrados como Patrimônio Cultural Imaterial. Apresenta as iniciativas de proteção de maneira estratégica, os objetivos e o planejamento de ações a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo, a fim de promover um amplo alcance da política de salvaguarda, a qual deve, também, estar sempre articulada a outras políticas públicas.

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