A Redação
Goiânia - O saguão da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) será transformado em galeria para a exposição “Meditações Visíveis”, com obras dos artistas visuais goianos Cejoro e Reis Néri, de 16 a 30 de junho. A abertura oficial será no dia 18, às 19h, com apresentação musical de Danilo Verano e Randal Braz. A entrada é gratuita.
A mostra propõe um encontro sensível entre o invisível e o visível, entre os estados interiores e suas manifestações plásticas. Nas palavras de Cejoro a exposição “é um convite ao olhar desacelerado, à escuta silenciosa e à contemplação do que se move além da superfície”.
Cejoro apresenta telas e obras em acrílico cristal (PMMA), apostando na fluidez de formas que remetem à pareidolia — o fenômeno de enxergar imagens em nuvens ou manchas. “A nuvem é minha metáfora central. Ela escapa de qualquer rigidez, está sempre em transformação. As obras abstratas são abertas ao olhar e a interpretação de quem as contempla”, afirma o artista.
Já para Reis Néri, o fazer artístico é antes de tudo espiritual. Seus trabalhos, guiados pela intuição e pela busca de equilíbrio, têm na linha o elemento estruturante. “Pintar é um ato meditativo. O que aparece na tela é só a ponta do que se vive por dentro”, diz. Suas formas circulares sugerem uma espécie de harmonia em meio à complexidade. “A vida é provavelmente redonda, como dizia Van Gogh. Tento traduzir essa ideia em cada pintura ", lembra Neri.
Com abordagens distintas, mas convergentes na sensibilidade, os dois artistas propõem um mergulho no que há de mais essencial no gesto criador: a escuta de si e do mundo. Meditações Visíveis se constrói como uma travessia sensível, onde o tempo se dilata, o olhar se interioriza e a arte se torna ponte entre o que sentimos e o que somos capazes de pensar. Cada obra é uma tentativa de materializar o pensamento, não como resposta, mas como caminho aberto, imagem que pulsa no intervalo entre emoção e forma.
Serviço: Exposição “Meditações Visíveis”
Data: de 16 a 30 de junho, 07h às 19h
Local: Saguão da Alego - Av. Emival Bueno, Quadra G - Lote 01 - Park Lozandes, Goiânia - GO
Gratuito
Sobre os artistas:
Cejoro
César Rodrigues, conhecido artisticamente como Cejoro, tem uma trajetória marcada por persistência e descobertas. Nascido em Bonfinópolis, mas desde pequeno em Goiânia, começou a trabalhar ainda menino e conheceu a arte por acaso, durante um serviço de campo. Foi ao observar um colega desenhar formas abstratas que despertou para o mundo da criação. “Você pode imaginar o que quiser”, ouviu. Essa frase mudou o rumo de sua vida. Em um ambiente onde a arte era rara e ser artista parecia impossível, Cejoro escolheu o caminho do sensível e nunca mais parou de criar.
Aos 20 anos decidiu pintar com dedicação. Em 1987, participou do Gremi de Inhumas, onde seus primeiros quadros foram selecionados para a final. Já no ano seguinte, em 1988, foi escolhido para expor na Casa Grande Galeria de Arte e premiado com sua primeira mostra individual. A partir daí, acumulou participações em diversas exposições e concursos, consolidando seu nome no circuito artístico goiano. Em 1995, ingressou na Faculdade de Artes Visuais da UFG para cursar Design Gráfico. Na época, já atuava como professor de pintura no Museu de Arte de Goiânia, unindo prática artística e docência em um processo contínuo de aprendizado e criação.
Hoje, Cejoro é reconhecido por suas obras que dialogam com o simbólico, o orgânico e o sensível. Professor e artista, vê a sala de aula como extensão do ateliê, e vice-versa. Sua produção atravessa suportes diversos — da pintura a óleo ao uso de acrílico cristal (PMMA) — e é marcada por formas que evocam nuvens, organismos e imagens internas. “Ver o invisível é, talvez, a essência do meu trabalho”, afirma. Ao explorar a pareidolia e o corpo como territórios poéticos, Cejoro transforma memória, sensação e pensamento em arte viva.
Reis Neri
Natural de Inhumas (GO), Reis Néri construiu uma trajetória sólida nas artes visuais ao longo de mais de quatro décadas. Nos anos 1980, viveu em Petrópolis (RJ), onde iniciou sua formação artística com mestres como Abeylard Carneiro Niemeyer, na pintura, e Gastão Manuel Henrique, no desenho, no MAM do Rio de Janeiro. Estudou também filosofia, o que influenciaria profundamente seu modo de pensar a criação. De volta a Goiás, a partir de 1984, passou a integrar ativamente o circuito de exposições, com mostras individuais e coletivas em importantes instituições culturais do estado e do país.
Graduado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás, com habilitação em Gravura, Reis também se especializou em Arteterapia. Viveu em Londres entre 1995 e 1996 e ao longo da carreira recebeu diversos prêmios, como o 1º lugar em pintura no XXIV Gremi e reconhecimentos em salões e concursos promovidos por universidades, museus e instituições nacionais. Sua produção, marcada pelo uso intuitivo da linha, da cor e pela presença de formas circulares, carrega um profundo desejo de síntese e integração.
Além de artista, Reis Néri atuou como professor de arte e arteterapeuta, experiências que alimentam sua visão humanista sobre o fazer artístico. Desde 2001, colabora no Setor de Conservação e Restauração do Museu de Arte de Goiânia, mantendo viva sua relação com o patrimônio e a memória. Para ele, pintar é um ato meditativo, uma forma de buscar harmonia na complexidade da vida e tornar visível aquilo que só se revela no silêncio do processo criativo.
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