A Redação
	
	Goiânia - O goiano Jeferson Barbosa foi premiado no 2º Prêmio Vandando de Literatura pelo Melhor Projeto Gráfico com a obra “Verso horizonte” (Editora Mondru). A premiação ocorreu no dia 31 de outubro, na Sala Martins Pena, do Teatro Nacional Cláudio Santoro. "Receber o Prêmio Candango de Literatura com Verso Horizonte, de Axé Silva e Fábio Teixeira, é uma alegria imensa. O livro nasce do encontro entre a palavra poética e o olhar fotográfico, um diálogo entre dois modos de ver o mundo. Meu trabalho no projeto gráfico foi justamente o de conectar visualmente esses universos, poesia e fotografia, criando uma unidade estética capaz de revelar a força simbólica dessa parceria", afirmou Jeferson.
	
	A 2ª edição do evento, realizada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF) em parceria com o Instituto Cultural Casa de Autores (ICA), revelou os vencedores de sete categorias, exaltando o talento e a diversidade da língua portuguesa: Melhor Romance, Melhor Livro de Contos, Melhor Livro de Poesia, Prêmio Brasília, Melhor Capa, Melhor Projeto Gráfico e Projeto de Incentivo à Leitura. Foram distribuídos R$ 195 mil em prêmios.
	 
	No eixo Literário, a escritora carioca Giovanna Ramundo conquistou o título de Melhor Romance com “Sorriso sorvete de cereja” (Editora Cambucá): “Entrar para a história do Prêmio Candango, mais que uma alegria, é uma grande honra”, celebrou a autora. O baiano Luís Pimentel levou Melhor Livro de Contos com “A viagem e outros contos” (Editora Patuá): “A literatura se faz do que se vê, do que se escuta e, principalmente, do que se lembra”, destacou o escritor.
	
	O português Ricardo Gil Soeiro foi o vencedor de Melhor Livro de Poesia com “Lições da miragem” (Assírio & Alvim). “Se a poesia é, como diria René Char, ‘a alma em exercício de liberdade’, então esta distinção, que tanto me honra, representa, para mim, o reconhecimento de tal liberdade”, afirmou Soeiro, representado no evento por Daniel Stanchi. amigo.  E, no Prêmio Brasília, dedicado a autores do Distrito Federal, a brasiliense Juliana Monteiro venceu com o romance “Nada lá fora e aqui dentro” (Editora Patuá): “Ter recebido o Candango pelo meu primeiro romance é algo que eu nunca vou me esquecer”.
	 
	No eixo Editorial, a obra “Cavalos no escuro”, de Rafael Gallo (Editora Record), rendeu ao designer carioca Leonardo Iaccarino o reconhecimento de Melhor Capa: “Receber esse prêmio em Brasília, a capital política do Brasil, tem um significado especial. Viva os livros, viva a cultura!”, afirmou o designer. O goiano Jeferson Barbosa conquistou o prêmio de Melhor Projeto Gráfico com “Verso horizonte” (Editora Mondru): “É uma alegria imensa receber este Prêmio através da obra de Axé Silva e Fábio Teixeira.” Já o eixo Pedagógico premiou o Sarau da Dalva e Estreloteca, idealizado por Sabrina Sanfelice, de Campinas, em São Paulo, na categoria Projeto de Incentivo à Leitura: “Esse prêmio não é só meu, é de toda uma gente que se junta para que a leitura esteja viva nas comunidades”.
	 
	O secretário de Cultura Claudio Abrantes destacou o alcance da edição, que recebeu quase três mil obras inscritas, de autores do Brasil e de outros 17 países, o que demonstra a diversidade e a potência criativa da língua portuguesa. “Fernando Pessoa dizia que a literatura, como toda a arte, é a confissão de que a vida não basta. Queremos histórias, queremos sonhos e a possibilidade da eternidade que a palavra nos propicia”, afirmou o secretário, ressaltando o papel de Brasília como polo de convergência cultural. “É uma alegria ver esta sala novamente pulsando com o talento dos nossos escritores e escritoras. O Candango é mais que um prêmio: é um gesto de afirmação da nossa língua, da nossa identidade e da força criadora que une povos e gerações”, completou. Na ocasião, ele ainda compartilhou uma boa notícia: a confirmação da 3ª edição do Prêmio Candango de Literatura, já para o primeiro semestre de 2026 (a distância entre a 1ª e a 2ª edição foi de quase três anos).
	 
	O evento reuniu escritores, editores, artistas, gestores, representantes da cena literária e autoridades, reforçando Brasília como um centro pulsante de cultura, arte e criatividade. Participaram da mesa de abertura o secretário de cultura; o embaixador de Portugal, Luís Faro Ramos; a presidente do Instituto Casa de Autores, Iris Borges; o subsecretário de Patrimônio Cultural, Felipe Ramón; o coordenador do prêmio, Maurício Melo Júnior e o curador da edição, João Anzanello Carrascoza. 
	 
	Falas como a do escritor, jornalista e membro do ICA, Maurício Melo Junior, coordenador da premiação, ressaltaram o espírito coletivo que move a premiação e a vitalidade da língua portuguesa. “Duas coisas chamam a atenção no Prêmio Candango de Literatura: a comunhão das pessoas que o fazem e a intensidade da nossa língua, essa língua que Olavo Bilac chamou de ‘inculta e bela’ e que hoje reconhecemos como profundamente bela e profundamente culta”.
	 
	Arte, emoção e descontração
	A efervescência começou já no foyer, com a feira de livros de autores, livreiros e editoras e muitas fotos no cenário temático. A descontração seguiu noite adento, com a condução conferida pela dupla de mestres de cerimônia Adriana Nunes e Adriano Siri. Entre falas de autoridade e premiação, houve espaço para homenagear dois gigantes da literatura brasileira. 
	 
	Em celebração ao legado de Drummond, o público assistiu à declamação do poema “No meio do caminho tinha uma pedra”, onde Adriana Nunes e Juliana Zancanaro dividiram inspiradas estrofes, acompanhadas do violão de Vitor Batista, arrancando suspiros dos presentes. Já para relembrar a verve cômica e irônica de Luiz Fernando Veríssimo, as atrizes encenaram o diálogo entre as personagens Gisela e Martô, do texto “Cuecas”:  desta vez, o público respondeu com risos.
	 
	No encerramento, o cantor, compositor e violonista Toquinho compartilhou não só sua música, mas passagens de uma trajetória vivida ao lado de tantos poetas. “Eu convivi, amigavelmente, com Fernando Sabino, Rubem Braga, o próprio Drummond, que foi homenageado, e, também, com Vinicius de Morais, com quem tive uma parceria de 10 anos. Imagine o quanto eu fui privilegiado em absorver o aprendizado desse homem, com sua gentileza enorme, uma cultura profunda, mas nunca ostentada. Ele encontrava Ismael Silva, que dizia ‘nós vai’, então o Vinicius falava ‘nós vai’ também. Ele não impunha seu conhecimento, embora tivesse estudado poetas nas línguas originais. Era simples, direto, afetuoso. Um homem de uma delicadeza de alma enorme”, compartilhou o artista.
	 
	No repertório escolhido para a noite, o músico trouxe canções como “Aquarela”, “Tarde em Itapoã”, “Regra três”, “O Caderno”. Ao lado da cantora Camilla Faustino, convidada especial de toquinho, o público foi embalado por “Se Todos Fossem Iguais A Você”, “Andança”, “Chega de Saudade”, “Eu sei que vou te amar”, entre outras. Ao fim e ao cabo, um espetáculo. 
	 
	Sinopses 
	“Sorriso Sorvete de Cereja” (Editora Cambucá), de Giovanna Ramundo – Melhor Romance
	O romance conta a história de Rio, uma menina-mulher submersa em recordações familiares e estranhezas da infância. Na tentativa de reconstruir sua vida, Rio se depara com a descontinuidade da própria memória, o que a faz oscilar entre um eu e vários nós que compõem seu universo particular. Numa língua bravia, franca e inquiridora, a protagonista revela as várias formas de violação que seu corpo sofreu. Em cenas desconcertantes e de forte carga simbólica, enfrenta a tragédia de ser diferente — um mergulho poético e visceral na reconstrução de si mesma.
	 
	“A Viagem e Outros Contos” (Editora Patuá), de Luís Pimentel  -- Melhor Livro de Contos 
	A temática de Luís Pimentel é aparentemente a mais trivial de todas: o homem simples, o cidadão pacato. O autor é baiano, mas sua Bahia é toda a alma. O homem simples que lhe serve de lastro para uma melhor percepção das chamadas coisas do mundo e sua milpartida realidade, está certamente em toda parte. Sobretudo “dentro” de nós. Privilegiam-se talvez os humilhados e ofendidos: violência, desemprego, solidão, o grotesco, a vida de sonhos, o romantismo bocó. Mas o tratamento dado a esses temas embebe-se sempre de um grande lirismo. E, como na vida comum desses personagens comuns, finais não apoteóticos parecem marcas desse texto. Concluímos a leitura de um conto e temos a sensação que é assim mesmo que deve ser: fim é o que não há. Viver – filosofamos cada um ao nosso modo – é que é preciso. Luís Pimentel não explica. Relata. Denso de vida, leve (quase lépido) de estilo, eis porque é um dos bons escritores de nossos dias”. (Antonio Brasileiro)
	 
	“Lições da miragem” (Assírio & Alvim), de Ricardo Gil Soeiro  -- Melhor Livro de Poesia  
	Neste seu novo livro de poemas, Ricardo Gil Soeiro propõe-se interpelar o mundo através de vários saberes, da anatomia à semiótica. São versos que se desdobram como pequenos tratados, cartografando o invisível e a promessa que o mundo de miragens deixa adivinhar.
	 
	“Nada Lá Fora e Aqui Dentro” (Editora Patuá), de Juliana Monteiro – Prêmio Brasília
	A obra acompanha a jornada de Loretta em 2020. No cenário pandêmico, ela enfrenta também a perda repentina de sua mãe, uma renomada escritora. Loretta reflete sobre suas relações familiares e questões como luto, memória e identidade. O livro traz uma reflexão profunda sobre a pandemia e seus efeitos, especialmente na Itália, durante o período de quarentena.
	 
	Cavalos no Escuro, de Rafael Gallo (Editora Record), com projeto gráfico de Leonardo Iaccarino -- Melhor Capa
	O conto que dá título ao livro narra a história de um casal que trabalha em uma fazenda, onde a mulher é abusada pelo patrão. Nascidos e criados nesse ambiente, eles desconhecem outra realidade além daquela em que vivem — um ciclo de violência e aprisionamento. O conceito gráfico da capa foi traduzido por Iaccarino como um “aprisionamento tipográfico”, em que o design transmite a imobilização e a angústia dos personagens diante da violência. A proposta foi única e aprovada de forma unânime, uma síntese visual potente do enredo e de sua atmosfera.
	 
	“Verso Horizonte”, de Axé Silva e Fábio Teixeira, com projeto gráfico de Jeferson Barbosa – Melhor Projeto Gráfico
	A obra propõe um diálogo entre palavra e imagem, criando uma experiência estética em que o olhar poético de Axé e a fotografia de Fábio se fundem em um mesmo horizonte sensível.
	 
	Sarau da Dalva e Estreloteca  -- Melhor Projeto de Incentivo à Leitura
	O Coletivo Cultural Comunitário Encruzilhada Estrela Dalva, idealizador do projeto, atua há 15 anos na periferia da zona leste de Campinas (SP), promovendo ações culturais, pedagógicas e artísticas que fortalecem a identidade e o acesso à cultura em sua comunidade. Composto majoritariamente por mulheres e pessoas negras, o grupo mantém uma biblioteca comunitária, realiza eventos e formações, e foi reconhecido como Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura. 
	 
	Premiados da 2ª edição do Prêmio Candango de Literatura
	Melhor Romance – Giovanna Ramundo, com “Sorriso sorvete de cereja” (Editora Cambucá):  R$ 35 mil
	Melhor Livro de Contos – Luís Pimentel, com “A viagem e outros contos” (Editora Patuá): R$ 35 mil Melhor Livro de Poesia – Ricardo Gil Soeiro, com “Lições da miragem” (Assírio & Alvim): R$ 35 mil 
	Prêmio Brasília – Juliana Monteiro, com “Nada lá fora e aqui dentro” (Editora Patuá): R$ 35.000
	Melhor Capa – Leonardo Iaccarino, para “Cavalos no escuro”, de Rafael Gallo (Editora Record): R$ 20 mil
	Melhor Projeto Gráfico – Jeferson Barbosa, com “Verso horizonte” (Editora Mondru): R$ 20 mil
	Projeto de Incentivo à Leitura – Sabrina Sanfelice, com o Sarau da Dalva e Estreloteca: R$15 mil