A Redação
Goiânia - A cidade de Goiás recebe o XVIII Festival de Artes de Goiás a partir desta segunda-feira (17/11) até quarta-feira (19/11). Com o tema “Encruzilhadas”, o evento reúne artistas locais e de diferentes regiões do país em uma programação gratuita que ocupa espaços culturais e ruas da cidade patrimônio da humanidade.
Ao longo de três dias, estudantes de vários câmpus do Instituto Federal de Goiás (IFG), servidores e moradores da cidade dividem a paisagem com visitantes de outras regiões, circulando por apresentações de dança, teatro, música, artes visuais, audiovisual, cinema e performances, além de oficinas e mostras especiais. A proposta é transformar a velha Goiás em um grande território de encontros, experimentações e trocas.
Para a reitora do IFG, professora Oneida Barcelos Irigon, o Festival reafirma o lugar da arte como elemento central da formação humana: “o XVIII Festival de Artes de Goiás reafirma a arte como direito e como política pública central para a formação humana integral que defendemos no IFG”, destaca.
XVIII Festival de Artes de Goiás celebra “Encruzilhadas” e conecta arte, memória negra e diversidade
A edição de 2025 chega robusta: foram 509 inscrições para compor a programação — 131 propostas de oficinas e 378 ações artísticas, contemplando artes visuais, audiovisual, circo, dança, música, teatro e artes integradas. A maioria veio de Goiás (346 propostas), com adesão de outros 19 estados; Goiânia lidera as inscrições (155), seguida da Cidade de Goiás (81) e Aparecida de Goiânia (31).
Ao assumir “Encruzilhadas” como eixo curatorial, o Festival se aproxima também do Novembro Negro. Celebrado em 20 de novembro — agora feriado nacional instituído pela Lei 14.759/2023 — o Dia da Consciência Negra convoca a sociedade a reconhecer a contribuição histórica da população negra e a enfrentar o racismo estrutural. A realização do festival neste período reforça a dimensão pública da arte como espaço de escuta, memória e reparação simbólica.
No palco central, destacam-se apresentações nacionais que ultrapassam o mero espetáculo: a discotecagem de BNEGÃO e o show de Dandara Manoela se inserem numa estética de interseção entre música, cultura afro-diaspórica e cena contemporânea. Soma-se a isso a homenagem à Cia de Teatro Nu Escuro — fundada por egressos do IFG há quase 30 anos — com o espetáculo “O Cabra que Matou as Cabras”.
Essa coletividade local reforça a continuidade de trajetórias e o entrelaçamento entre instituição e comunidade artística.
Dentro dessa perspectiva, o Festival torna-se mais do que entretenimento: é espaço de reflexão sobre a imposição de uma história única, sobre as encruzilhadas identitárias e sobre os diferentes caminhos de pertencimento no Brasil. A instituição educacional — que já amplia sua atuação na formação em cultura, por meio de cursos, plataformas e editais destinados à diversidade cultural — reforça essa linha ao promover atividades que enfocam a cultura afro-brasileira, a produção artística periférica, linguagens de resistência e processos colaborativos.
Homenagem: Nu Escuro, quase 30 anos de cena
Criada por egressos da antiga Escola Técnica Federal de Goiás (atual IFG), a Cia de Teatro Nu Escuro será homenageada nesta edição e apresenta o espetáculo “O Cabra que Matou as Cabras”, comédia de humor ácido sobre golpes, enganos e reviravoltas, obra premiada e querida pelo público goiano.
Atrações nacionais convidadas
Entre os destaques, o rapper e multiartista BNegão — voz histórica do Planet Hemp e nome central da música brasileira contemporânea — apresenta repertório que atravessa ritmos como a cumbia, punk, samba-reggae, arrocha e pagode baiano, em sintonia com a atmosfera do seu primeiro álbum solo, Metamorfoses, Riddims e Afins (2024).
*No mesmo compasso de cruzamentos, a cantora Dandara Manoela *— compositora e intérprete com trajetória que articula música, educação e produção cultural — leva ao Festival sua potência vocal marcada por matrizes afro-diaspóricas (trabalhos com Cores de Aidê e Orquestra Manancial da Alvorada), dialogando com a temática e o período do Novembro Negro.
Oficinas e ações artísticas
As oficinas do Festival acontecem nos dias 18 e 19 de novembro, das 14h às 15h30, no IFG – Câmpus Cidade de Goiás, com 30 vagas cada, gratuitas e abertas ao público em geral (com certificação do IFG). As inscrições podem ser feitas pela internet. Ao todo serão 14 oficinas, das mais variadas linguagens, com pesquisadores e artistas de diversas regiões: Danças contemporâneas e artes visuais; Teatro do Oprimido; Consciência corporal através da parada de mãos;
Vogue Old Way; Na Encruzilhada da Rima: Palavras e Pontos Riscados; Omolu em palha de milho; Fabulações Coletivas: a encruzilhada de corpos-agulha; Transcentrado (Teatro) - Escrita performática e criação de cenas a partir de corpos dissidentes e plasticidade travesti; OBS Studio Descomplicado: Fundamentos de gravação/streaming; Solta o Canto; O Caminho do Beat; O Sorriso do Palhaço; Máscaras Afro-goianas; Caracterização para Cinema e Audiovisual.
Serviço:
O quê: XVIII Festival de Artes de Goiás – Tema: Encruzilhadas
Quando: 17 a 19 de novembro de 2025
Onde: Cidade de Goiás (GO) – IFG Câmpus Cidade de Goiás e espaços parceiros (como o Cineteatro São Joaquim)
Destaques: - Homenagem à Cia de Teatro Nu Escuro (O Cabra que Matou as Cabras);
- Discotecagem BNEGÃO
- Show de Dandara Manoela;
- recitais pedagógicos de grupos do IFG;
- ampla grade de oficinas gratuitas com certificação.