Yuri Lopes
Goiânia - Dez músicas de Raul Seixas sofreram uma metamorfose promovida pela filha do cantor baiano, a DJ de house Vivi Seixas. Ela acaba de lança o disco Geração da Luz, com remixes de faixas como Rock das Aranhas, Como Vovó já Dizia, Mosca na Sopa e uma versão em espanhol de Metamorfose Ambulante.
DJ de house, Vivi Seixas inicialmente relutava em tocar as músicas do pai. Há quatro anos, aceitou o desafio de fazer com o marido, também DJ, um projeto de remixes das músicas de Raul: o disco Geração da luz, que, só agora, resolvidas as questões judiciais com as irmãs, chega ao mercado.

Raul e Vivi Seixas, que reformulou dez músicas do pai em novo CD de house (Foto: álbum de família)
Com São Paulo registrada na certidão de nascimento e Rio de Janeiro no boleto de IPTU, Vivi Seixas, de 31 anos, falou ao jornal A Redação sobre o novo projeto musical, as (poucas) lembranças que tem do pai e do que gosta de ouvir. O álbum foi lançado no Rio de Janeiro, no último dia 10 de abril, e teve produção dos DJs Plínio Profeta e do californiano Mike Frugaletti. Confira a tracklist do álbum e a entrevista a seguir:
Confira a tracklist do disco Geração da Luz:
1- Abertura
2- Metamorfose Ambulante
3- Aluga-se
4- Carimbador maluco
5- Rock das Aranhas
6- Super Heróis
7- Mosca na Sopa
8- Geração Da Luz
9- Só Pra Variar
10- Conversa Pra Boi Dormir
11-Como Vovó já Dizia (versão censurada)
A Redação - Como surgiu a ideia de fazer esse disco de releituras das músicas do seu pai?
Vivi Seixas - Tive acesso às capellas do meu pai há 7 anos quando estava começando a minha carreira como DJ. Guardei esse material pensando que faria algo no futuro. Foi quando recebi o convite da gravadora Warner para fazer esse CD.
A Redação - Você acha que o Raul aprovaria as versões eletrônicas das músicas?
Vivi Seixas - Claro que sim. Ele misturava rock com baião, não ia aceitar esses remixes?
A Redação - Qual seria a principal mensagem que seu pai deixou através das músicas dele?
Vivi Seixas - Não desistir dos seus sonhos, lutar pelo que você acredita e ser você sempre. As letras do meu pai continuam muito atuais.
A Redação - Como foi o processo de seleção das músicas que entraram para o disco? E como foi a negociação com as gravadoras para liberarem os direitos essas faixas?
Vivi Seixas - Muitas músicas do meu pai ficaram perdidas. Apenas a Universal (antiga Polygram) e a Sony (antiga CBS) tinham material disponível. Então fiquei com poucas opções. Dependendo do BPM de cada música escolhíamos um estilo. Por exemplo: Rock das Aranhas é uma música bem rápida, então fizemos o Drum 'n Bass por ter BPMs acelerados. Já Metamorfose Ambulante é mais lenta, então pensei que daria um bom reggae. E assim por diante.
A Redação - Você disse que deu uma nova roupagem às músicas do Raul Seixas. Quais elementos você usou para deixas as canções dele com um toque mais contemporâneo?
Vivi Seixas - Drum Machines, efeitos e sintetizadores. E escolhemos estilos musicais mais atuais como o Drum n Bass, Trip Hop e a House Music.
A Redação - Seu pai era muito admirado como compositor e intérprete. Você compõe? Gosta de cantar? Pretende gravar faixas com a sua voz?
Vivi Seixas - Não componho. Tive algumas aulas de canto, gostava muito... mas costumo dizer que não canto, só encanto (risos).
A Redação - Como se deu seu interesse pela house music? Você gostava de outro estilo antes? Acompanha outros gêneros?
Vivi Seixas - Comecei tocando lounge e downtempo. Um dia fui convidada a ter uma noite semanal numa boate no Rio de Janeiro. Tinha que tocar algo mais dançante. De todos os estilos musicais escolhi a House Music por ser um som versátil, que pode ser tocado em várias ocasiões. Mas gosto de outros estilos como o Techno alemão, por exemplo.
A Redação - Você chegou a ler alguma das biografias sobre seu pai? O que acha delas?
Vivi Seixas - Nunca houve nenhuma biografia do meu pai. O Sylvio Passos, que é chefe do fã clube Raul Rock Seixas e o Toninho Buda fizeram uma discografia sobre a vida e obra dele pela editora Martin Claret. [Aqui, Vivi ignora a biografia Raul Seixas - O Sonho da Sociedade Alternativa (também lançado pela Martin Claret), de Luciane Alves. Ignora ainda os especiais biográficos sobre Raul feitos pelas revistas Isto É Gente e Contigo!. Vivi e Kika Seixas (a viúva de Raul) conseguiram impedir, desde 2009, que o jornalista Edmundo Oliveira Leite Júnior publique a biografia O Baú do Raul. Ambas alegam que há distorções sobre como o escritor aborda o período de uso de drogas por Raul.]
A Redação - Seu pai morreu quando você tinha 8 anos. Você tem alguma lembrança musical da época em que ele era vivo? Você se lembra de ouvir música com ele?
Vivi Seixas - Me lembro do meu pai cantando Elvis para a minha mãe. Ele também era muito fã de blues. Era muito pequena na época, tinha apenas 6 anos.