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Lançamento em Goiânia

Livro reúne repertório pianístico do Brasil Central

Obra é resultado de pesquisa de 15 anos | 23.09.16 - 16:09 Livro reúne repertório pianístico do Brasil Central (Foto: A Redação)
A Redação 
 
Goiânia – A publicação ‘Antologia do piano no Brasil Central’, da editora Elysium, será lançada no dia 27 de setembro durante um recital no auditório da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (UFG). Resultado de uma pesquisa de mais de 15 anos, a obra reúne trabalhos de 12 compositores atuantes entre Goiás e o Triângulo Mineiro. 
 
O recital levará uma amostra de algumas das músicas que podem ser conferidas no livro, que também traz respostas a curiosidades como o papel do piano no Brasil Central nos séculos 19 e 20. 
 
Consta na publicação a obra mais antiga para o instrumento escrita no interior do Brasil Central encontrada até o momento: a polca Orlinda, composta por Tonico do Padre, em Pirenópolis, há 127 anos. As polcas eram danças bastante populares em todo o Brasil até o início do século 20. “As polcas estão na raiz do chorinho, que surgiria na cena urbana carioca a partir dos anos 1910”, lembra Wolney Unes, organizador do volume. 
 
Completam o livro obras de artistas renomados como Joaquim Jayme, regente da Orquestra Sinfônica de Goiânia, Brás Pompeu de Pina Filho, Sérgio Kuhlmann, entre outros. 
 
Lançada pela Sociedade Cultural Elysium, a obra teve o patrocínio do Fundo Estadual de Cultura e é fruto de pesquisa conduzida pelo Centro de Estudos Brasileiros da UFG. 

Inéditas
O levantamento de compositores na Antologia do piano no Brasil Central não esgota o assunto e há ainda vários outros compositores por descobrir e divulgar. A pesquisadora Maria Augusta de Saloma Rodrigues conta que o primeiro piano de que se tem notícia teria chegado à região em 1853, em Vila Boa de Goiás. O piano chegou em lombo de burro, comprado por João Fleury de Camargo para sua esposa Mariana Augusta. Apesar de caro e da dificuldade de transporte, logo o instrumento se disseminou pelo interior. 
 
Em Morrinhos, o mestre de bandas Bruno Vieira passou a dedicar-se também ao instrumento, a partir de 1940, utilizando-o para elaborar arranjos e composições. Em correspondência intensa com músicos do Rio de Janeiro, Bruno acabou atuando como arranjador para a Rádio Nacional, tudo por correspondência. O pesquisador Juarez Portilho encontrou no Museu da Imagem e do Som várias partituras e arranjos do morrinhense, inclusive de obras de outros autores. 
 
Mas o caso mais interessante parece ser mesmo o de Tonico do Padre, nome com que ficaria conhecido Antônio da Costa Nascimento. O músico pirenopolino, autodidata, regente de banda, foi também responsável pela pintura do forro e dos barrados na Matriz do Rosário de Pirenópolis. Infelizmente todo esse trabalho se perdeu. Só não se perderam essas obras paras piano por iniciativa de Pompeu de Pina, advogado e colecionador de Pirenópolis. Como Pompeu relatou ao organizador da obra, certa feita, na década de 1970, Pompeu prestava serviço em Cocalzinho, cidade próxima, quando alguém lhe chamou para ir à sua casa para lhe oferecer uma "antiguidade". 
 
Chegando lá, Pompeu disse ter logo reconhecido a caligrafia de Tonico do Padre: tratava-se de um álbum com mais de 100 páginas, contendo desenhos, fotografias, anotações e partituras. Pompeu conta que o desconhecido lhe ofereceu o álbum "pelo preço de um Fusca". Após regatear bastante, sem muito sucesso, o pirenopolino acabou desembolsando a quantia e levando para casa o álbum de seu conterrâneo. Foi só em 2005 que Pompeu resolveu divulgar o caderno, permitindo que os pesquisadores do Centro de Estudos Brasileiros tivessem acesso ao material.  "É incrível como um pirenopolino autodidata, que só saiu dali uma vez, para ir ao Rio por uma semana, tenha produzido essas obras", conta o organizador da antologia. 
 
Conhece-se bem sua música para banda, mas as três obras para piano da antologia eram desconhecidas até então. Compostas entre 1888 e 1890, são músicas simples, mas bem representativas do gosto musical da região na época. 
 


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