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Superintendente do CCON

Nasr Chaul: “Sucesso da Filarmônica é resultado da qualidade do trabalho"

Contexto histórico foi lembrado | 30.04.17 - 17:03 Nasr Chaul: “Sucesso da Filarmônica é resultado da qualidade do trabalho" Nasr Chaul (Foto: Letícia Coqueiro) 
Yuri Lopes
 
Goiânia – Com o desafio de manter o crescimento de público em seus concertos, a Orquestra Filarmônica de Goiás iniciou a Temporada 2017 no dia 16 de março, no Teatro Goiânia. Para o superintendente executivo de cultura da Seduce, Nasr Fayad Chaul, a aceitação do público pelo trabalho da orquestra se deu nos últimos anos graças ao empenho focado na qualidade, na melhoria do repertório e no investimento contínuo na Filarmônica.


Em entrevista concedida ao jornal A Redação em sua sala no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), Chaul contextualizou historicamente os fatores que contribuíram para a consolidação da Filarmônica, fez um balanço do papel da orquestra na cultura goiana e reforçou a importância de continuar investindo em cultura sempre visando a qualidade.
 
Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
 
A Redação - Quais os fatores são responsáveis pelo sucesso da Orquestra Filarmônica de Goiás?
 
Nasr Chaul – Primeiro acho que precisamos entender Goiânia, uma cidade edificada sobre a égide de um batismo cultural. Capital planejada, moderna, cheia de prédios no estilo art déco, cravada numa cidade de mais de 200 anos hoje, que é Campinas. Então ela sofreu uma mistura do urbano com o rural, da tradição com a modernidade, do sertão com o litoral. Isso faz com que a gente tenha o Bananada e também as maiores duplas sertanejas do Brasil. Que tenha a Quasar Companhia de Dança e as Cavalhadas de Pirenópolis. Temos essa mescla de representações que não é uma dualidade, mas uma dialética cultural. Isso no campo da música você tem uma MPB de altíssima qualidade, um rock reconhecido internacionalmente, um sertanejo que conquistou o país inteiro, além de uma música concerto que veio das tradições do século 19, quando tínhamos saraus literários em Vila Boa, atual Goiás, óperas nos barracões de Pirenópolis, antiga Meia Ponte. Há uma tradição meio oculta que vai desaguar em uma nova capital, com público para todos os tipos de representação musical. Especificamente sobre a música clássica, há um trabalho que relembra Nhanhá do Couto, maestro Braz Pompeu de Pina, Tonico do Padre, Estércio Marques, a Escola de Música da Universidade Federal de Goiás (UFG). Todos eles foram responsáveis no processo que veio desaguar na Filarmônica de hoje.
 
E como foi o processo de transformação da orquestra até chegar no formato atual?
 
Em 1999, quando assumi a Agepel (atual Seduce), o Estado tinha uma Orquestra Filarmônica, mas toda desmantelada, sem maiores estruturas. Meu diretor de ação cultural, o maestro José Eduardo Morais pegou para si a tarefa de transformar a Filarmônica diluída em na Orquestra de Câmara Goiás, que foi muito bem, se estruturou, apresentou com alguns concertos. Quando voltei ao governo em 2011, recebi a missão de administrar o Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), e recebi de imediato a tarefa de que a Orquestra de Câmara viesse para o Centro Cultural, o então secretário Gilvane Felipe concordou com a mudança e eu então acolhi a orquestra. Acolhi com uma perspectiva de que a superintendente da orquestra, Ana Elisa França, totalmente vinculada com a área, e demos todo o apoio para que a orquestra fosse reestruturada.
 
E qual foi o primeiro passo para esta reestruturação?
 
A primeira coisa foi realizar um chamamento público, contratamos estes mais de 50 músicos em cargos comissionados, após uma audição pública, e então foi elaborada uma primeira apresentação em formato de temporada, isso entre 2011 e 2012. A partir daí a orquestra foi conquistando público, com apresentações no Teatro Goiânia, em parques, no Centro Cultural Basileu França, no CCON. Logo em seguida tivemos a honra e o prazer de termos o maestro britânico Neil Thomson, que teve uma paixão muito grande pela orquestra, viu a ambição do projeto, abraçou a causa e está até hoje conosco. As temporadas foram ficando cada vez mais dinâmicas, com visitas a outros estados, com um projeto de ensino nas escolas através de distribuição de cartilhas sobre o que é música de concerto. Com todo esse crescimento, tanto de ações quanto de público, eu tenho certeza de que tudo o que se faz no CCON com qualidade dá público.  Já fizemos mais de 30 exposições nos museus e galerias, o Café de Ideias, a própria esplanada com ações abertas ao público. Me lembro quando a orquestra fez um concerto com interpretações de músicas de clássicos do cinema. Deu mais de 3 mil pessoas no Palácio da Música. O mesmo concerto foi realizado no Parque Flamboyant e reuniu mais de 6 mil pessoas.
 
O projeto Filarmônica Itinerante será continuado na temporada deste ano?
 
Sem dúvida. Faz parte do projeto da temporada como um todo. A interiorização da orquestra e levar aos bairros. As pessoas gostam, frequentam já que a música é uma linguagem universal. Ela sensibiliza pela qualidade e pela naturalidade. Vamos continuar a levar para as praças, parques, teatros, outras cidades.
 
Como o senhor avaliar o crescimento de público das apresentações da orquestra?
 
Foi muito rápido. A cultura tem umas magias muito legais. Por exemplo, já fizemos Fica, Canto da Primavera, Bienal do Livro e vários outros projetos culturais e quando me perguntam qual foi a maior realização nos quase 20 anos que trabalho no governo estadual, eu respondo que foi a elevação da autoestima do goiano pela sua cultura. Socialmente e historicamente é um processo muito longo e para nós ele aconteceu de forma muito rápida. Acredito que o trabalho de base feito vários anos atrás e da equipe atual, sempre focado na qualidade do que é oferecido ao público, é o principal responsável pelo sucesso da Filarmônica. Ressalto a importância da equipe da Seduce e dos músicos, que são de altíssima qualidade.
 
A continuidade das temporadas da orquestra segue um padrão de outros projetos em Goiás?
 
Com certeza. Não apenas continuar, mas continuar melhorando. Sempre existe um avanço no desempenho da orquestra e isso é perceptível por parte do público. Até meados dos anos 1990, os projetos culturais não passavam do primeiro. Você fazia um evento e não tinha continuidade. Hoje estamos comemorando 19 anos do Fica, 18 anos de Canto da Primavera, 16 anos do TeNpo, seis anos de temporadas da Filarmônica. O resultado que vemos hoje é uma somatória de fatores como trabalho, qualidade, aprimoramento, investimentos governamentais. Quando assumi a Agepel em 1999, o nosso orçamento era de R$ 7 milhões, do último governo do PMDB, e entreguei com orçamento de R$ 36 milhões. Isso exemplifica o salto orçamentário que a cultura teve em Goiás. Atualmente, através de Lei Goyazes e Fundo de Cultura, o investimento anual é de R$ 40 milhões.
 
Ainda existe o pensamento de que música clássica e que apresentações de orquestra são um tipo de entretenimento que não combina com algo popular. O que o senhor acha disso?
 
Acredito que quem pensa assim é porque nunca veio (a um concerto). A música é uma linguagem universal e Goiânia, por ter um contexto histórico e cultural que já citei anteriormente, permite que se goste de vários tipos de expressão artística. Nossa cidade é eclética, temos oferta de atrações a este público.
 

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