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Da base ao profissional: pais ajudam a moldar carreira dos filhos no futebol

Atletas destacam apoio paterno na rotina | 11.08.24 - 08:35
Da base ao profissional: pais ajudam a moldar carreira dos filhos no futebol pais ao lado de jogadores de categorias de base de times goianos (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação e acervo pessoal)
Victor Santos

Goiânia -
 Um chute. Para muitos, um gesto simples, parte de um jogo qualquer. Mas, para os pais que sonham ver seus filhos nos gramados profissionais, cada bola que encontra a rede é muito mais do que um simples gol. É a concretização de um sonho, a recompensa por anos de dedicação e o alívio de uma jornada incerta. A euforia da estreia, o orgulho de vê-los em campo, a esperança que pulsa a cada drible: o chute, para eles, é a tradução em movimento de uma paixão que vai muito além do esporte.
 
A jornada é longa e, muitas vezes, o primeiro passo é a escolinha de futebol. Em uma delas, com 400 alunos, como a do Vila Nova, apenas dois futuros jogadores se destacam aos olhos de Allysson Suzano Rodrigues de Souza: o zagueiro Enzo Henrique, de 14 anos, que começou a jogar em 2018, e o meio-campista Esdras Henrique, de 11 anos, que iniciou a jornada no esporte em 2019. Ambos são filhos de Allysson. De família vilanovense, o pai dos garotos conta que a veia esportiva vem de outras gerações. "Minha família vem de uma linhagem de atletas. Meu pai foi goleiro profissional e eu fui jogador profissional. A paixão veio daí", relata em entrevista ao jornal A Redação.


Esdras Henrique e Enzo Henrique em campo pelo time da Escolinha do Vila Nova (Fotos Letícia Coqueiro/A Redação e Acervo Pessoal)

Para Allysson, apoiar o sonho dos filhos vai além das quatro linhas. "Quando você tem dois lados que entendem do mesmo assunto, a comunicação melhora, e a relação de pai e filho se estreita com muito mais facilidade. Hoje, o respeito que eu tenho por eles e que eles têm por mim aumentou. Nossa comunicação é aberta, principalmente quando o assunto é futebol", completa.
 
Com um sorriso aberto e brilho nos olhos, Allysson revela o orgulho em ver os filhos darem os primeiros passos rumo ao futebol profissional. "Ver a cara deles de felicidade é o melhor sentimento do mundo. Acho que esse é o maior sentimento que a gente tem, sabe? É a felicidade de vê-los felizes", afirma.


Enzo Henrique, Allysson Suzano e Esdras Henrique na Escolinha Oficial do Vila Nova (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)

Apesar da timidez, o filho mais velho de Alysson, Enzo Henrique, não esconde a alegria de ver o pai torcendo por ele nas arquibancadas. "Dá uma vontade a mais de querer jogar, fazer um gol e dedicar para a família, fazer uma boa partida. É um conjunto de emoções. Dá um gás a mais para fazer o melhor jogo da minha vida, até desmaiar no campo, se for preciso", diz ao jornal A Redação.
 
Enzo conta que trabalhar em busca do sonho tendo o irmão ao lado, compartilhando o mesmo objetivo, torna a relação ainda mais especial. "Às vezes faço algumas críticas, mas não para abalar, e sim para ele ver o que está errando. Ele também faz isso. Como jogamos em posições diferentes, ele me dá dicas do que sabe, e eu dou dicas do que sei", comenta.
 
O irmão mais novo, Esdras Henrique, esbanja personalidade. Com o cabelo tingido de vermelho, o pequeno meio-campista também valoriza o apoio do pai. "É bom que ele me apoie, eu acho bom. Quando ele vai ao treino, eu fico feliz", revela.


Esdras Henrique ouve instruções do técnico da Escolinha Oficial do Vila Nova (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)

Saulo Raimundo da Silva também tem dois filhos que sonham em se profissionalizar no futebol. A família de Saulo saiu do Espírito Santo rumo a Minas Gerais em 2021 para apoiar os filhos na trajetória. Após passagem pelo Cruzeiro, Salomão de Deus, ponta de 16 anos, e Benjamim José, ponta e centroavante de 13 anos, chegaram nas categorias de base do Atlético-GO, em Goiânia.
 
A dupla de irmãos começou a trajetória nas categorias de base também em 2021. Na jornada para Goiânia, Salomão foi o primeiro a chegar, em agosto de 2022, e morou no alojamento do Atlético-GO até fevereiro de 2023, quando Saulo, Benjamim e a mãe, Flávia de Deus dos Reis da Silva, também chegaram na capital de Goiás.
 
"Desde o início eu vi que eles tinham futuro. Eu vi que se diferenciavam dos outros meninos durante os jogos. Foi isso que me deu a ideia de sair com eles para fazer testes. Eu e minha esposa sentimos que era de Deus sair do nosso estado para acompanhar nossos meninos no futebol", lembra Saulo.
 

Salomão de Deus, Benjamim José, Saulo e a mãe dos jogadores, Flávia de Deus dos Reis da Silva, no estádio Antônio Accioly, em Goiânia (Foto: Letícia Coqueiro/A Redação)
 
Mesmo se mostrando uma pessoa mais fechada, Saulo não tem dificuldade em se abrir para falar do sonho relacionado aos filhos. "Não pensamos no dinheiro. Quando você vê seus filhos jogando bola, você acha tão legal que nem pensa em dinheiro. Eu penso em vê-los jogando bem, vendo que são diferenciados dos outros meninos. Isso nos impulsiona a fazer isso por eles, porque eles merecem", afirma.
 
Saulo também abre o coração para falar da sensação de acompanhar os jogos dos filhos. "Dá uma emoção boa. Quando eles fazem gol, ficamos mais alegres. Ficamos mais tranquilos, porque sabemos que o atacante vive de gol. Se não fizer gol, tem que ser liberado ou mudar de posição. Por isso, quando sai o gol, vem o alívio. É uma comemoração dupla", reflete.
 
Para Salomão, além de apoiador, o pai é uma fonte de inspiração. "No início do futebol foi meu pai que me inspirou. Quando eu era pequeno, ele sempre me colocava para jogar, me levava para a escola e tudo. Eu comecei a gostar do futebol por causa dele. Daí para frente eu coloquei no coração que era meu sonho e fui", lembra ao citar o pai como inspiração. "Eu me sinto mais inspirado vendo o meu pai ali. Aí eu vou com tudo. Isso me inspira a jogar melhor".
 

Salomão de Deus em campo pela base do Atlético-GO (Foto: Acervo pessoal)
 
Benjamim, assim como o irmão, também coloca o pai como um alicerce para a carreira. "É bom ter o apoio do meu pai. Quando estou em momentos difíceis, ele ajuda, cuida e treina comigo para eu melhorar", diz o jogador.
 
Os dois jovens jogadores levam toda a rotina de treinos e jogos de forma leve e bem-humorada. Principalmente Salomão, que não poupa Benjamim das típicas implicâncias entre irmãos. "De vez em quando, tem que dar um puxão de orelha nele, para ele me imitar, fazendo o que eu faço dentro de campo e aprender a jogar bola comigo", conta, arrancando risos do irmão.


Benjamim José durante partida da base Atlético-GO (Foto: Acervo pessoal)

Histórias semelhantes são vistas também em outras escolinhas. Gustavo Xavier, ou simplesmente Xavier, já viveu o sonho de ser jogador profissional. Apesar de o ponta de 20 anos já ter defendido o Goiás em jogos oficiais, Amarilio Miguel Teixeira, pai do atleta, conta que o início, em 2014, foi um tanto despretensioso. "No começo, o coloquei na escolinha do Goiás só para praticar esporte mesmo, mas ele sempre disse que seria jogador de futebol", lembra.
 
Amarilio ainda conta que o esporte sempre esteve presente na vida da família goianiense. "Nossa relação com o futebol começou muito cedo. Sou torcedor do Goiás desde os três anos de idade. O Xavier sempre ia aos jogos comigo e daí saiu sua paixão pelo futebol", conta.
 

Xavier, ainda criança, ao lado dos pais e da
 irmã, Ana Júlia Xavier Teixeira (Foto: Acervo Pessoal)
 
O pai de Xavier também revela o sentimento ao ver o filho disputando um jogo da elite do futebol brasileiro. "A estreia do Xavier no profissional foi na última rodada da Série A de 2023, contra o América-MG. O Goiás já estava rebaixado e o treinador, na época, era do sub-20 e trabalhou com ele na Copinha. Quando ele falou que o meu filho ia estrear, foi uma mistura de alegria e apreensão, mas deu certo e ele foi bem", comemora.
 
Xavier contou ao jornal A Redação que a trajetória só foi possível graças ao apoio que teve dentro de casa e, em especial, do pai. "Virar jogador profissional é um processo muito delicado e difícil. Por isso, ter esse apoio é fundamental. Felizmente, tenho muitas lembranças boas desde sempre", revela o jovem.
 

Xavier em campo pelo Goiás (Foto: Acervo pessoal)

O jovem jogador não esconde a emoção por poder atuar pelo time da família. "É muito especial saber que pude estrear no time do coração de toda minha família e, principalmente, do meu pai. Sei que não é apenas um sonho meu, mas sim um sonho nosso. Estou vivendo o que ele sempre sonhou e não pretendo parar por aqui", acrescenta.
 

Xavier conquista títulos pelo Goiás desde a infância (Foto: Acervo pessoal)

Focado nos objetivos, Xavier não esconde que tem grandes planos para a carreira. "Não é todo dia que temos momentos tão especiais assim em nossa vida. Fiquei muito feliz e com sentimento de quero mais e mais, de que é apenas o começo de uma grande história que pretendo fazer", arremata, ao dizer que está com pique para alcançar novas conquistas.

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