Jales Naves
Especial para o jornal A Redação
Goiânia - Atleta desde criança, em disputas que começaram pelo judô e prosseguem ao longo de sua vida, Marco Antônio Figueiredo Menezes, 61 anos, sempre se destaca e gosta de colecionar troféus, o que o torna competitivo em todas as provas de que participa. A mais recente aconteceu no dia 25 de agosto, ao concorrer, na faixa de 60 a 64 anos, da 11ª Maratona Internacional de Goiânia em Movimento, modalidade 5km, quando ficou em primeiro lugar, ao completar o percurso em pouco mais de 23 minutos (23’11). A prova, promovida pela Associação Goiana de Esclerose Múltipla e Ice Sports e Eventos, teve por objetivo incentivar a prática de atividade física regular, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos participantes, e a conscientização sobre essa doença autoimune, que afeta o sistema nervoso central
Ele é também dedicado aos estudos, com graduação em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (1983), com mestrado (1991) e doutorado (1998) em Engenharia de Sistemas e Computação, ambos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor titular da PUC Goiás, atualmente orienta alunos, com um deles agraciado com o segundo lugar no Concurso de Trabalhos de Iniciação Científica, da Sociedade Brasileira de Computação, em 2003. Ainda, escreve artigos científicos, e é autor de opúsculo e de quatro livros, o mais recente intitulado “Programação Linear”.
Judô e futebol
Goianiense, de 31 de outubro de 1962, Marco Antônio começou os estudos pelo colégio Os Pequeninos, ao mesmo tempo em que ingressou na prática do judô, com o professor Désio, e nas competições esportivas, aos nove anos, conquistando o primeiro lugar no Campeonato Goiano. Na época havia muitas academias; em 1973 ganhou novamente, mas o torneio estadual foi meio bagunçado e até hoje não recebeu essa medalha.
Apaixonado pelo futebol, conheceu a equipe do Atheneu Dom Bosco no final de 1973 e início de 1974 quando houve um escândalo de abuso sexual e o colégio encerrou as atividades no futebol naquele ano
Na segunda metade dos anos 1970 o Clube Jaó passou a investir nos esportes, montando equipes de futebol de salão, basquete, vôlei, natação e futebol de campo com o tampinha até 12 anos de idade, o dente de leite até 14 e o infantil até 16 anos, coordenadas pelo professor Handel Soares. Marco Antônio estava na equipe de futebol, conquistando o vice-campeonato de 1974 a 77, ganhando a competição de 1978. Apelidado de Japão, foi destaque como meia direita, ponta de lança, geralmente com um marcador adversário exclusivo durante todo o jogo.
Teve o episódio de um técnico que trouxe dois filhos para a equipe que iria treinar e dava preferência para eles, desgastando o relacionamento entre os atletas. Não era possível barrar o Marco Antônio, mas esse incidente prejudicou o seu futebol e contribuiu com sua decisão pelo estudo ao invés da paixão pelo esporte. A propósito, ele nunca sofreu um cartão amarelo.
O Jaó, na época, fornecia ônibus, que buscava os atletas em determinados locais, levava para o clube, onde treinavam, tinham direito a lanche, e eram levados de volta para a cidade. As equipes, inclusive, jogavam em cidades do interior, enfrentando equipes de adultos e, por isso, não conseguiam bons resultados.
Nova mudança no roteiro, pois passou no vestibular para Economia na então Universidade Católica de Goiás, aos 17 anos, quando desequilibrou as disputas, que eram semestrais e predomínio do pessoal da Engenharia. Era o destaque, como ala direita, escolhido para a seleção da Universidade.
Acidente
Nesses anos tentou também o curso de Matemática, no Instituto de Matemática e Física da Universidade Federal de Goiás, quando participou da disputa entre as duas instituições de ensino superior, na modalidade de futsal, em que se sagrou campeão pela UCG.
Logo, o professor Juarez Milano viu seu potencial nos estudos e o indicou para o Mestrado em Matemática, fez o curso de verão na Universidade de Brasília, mas queria mesmo era o Curso de Engenharia de Sistemas e Computação no Programa de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ (Coppe), para trabalhar sob a orientação do professor Clóvis Gonzaga.
Na ocasião ele enfrentou um problema – o acidente quando estava em sua bicicleta, foi atropelado por um carro, fraturou a cabeça e o levaram para o hospital do INAMPS, onde poderia ter morrido, por falta de assistência, pois chegou como se fosse um desconhecido. A sorte é que foi rapidamente identificado por uma pessoa amiga, que chamou sua família e ela o encaminhou para o Hospital Neurológico, que tinha como um de seus neurocirurgiões o tio, médico Paulo Guimarães. A partir dessa identificação teve integral atendimento especializado e boa recuperação.
Taekwondo e kickboxing
Antes de ir para o Rio houve a experiência com o taekwondo, em que disputou um campeonato interno dos faixas amarelas e, também, com o kickboxing, participando de um torneio interno, onde quebrou um dente. Em ambas as provas ficou em segundo lugar.
Houve o episódio na luta final do kickboxing, quando soube aproveitar a primeira chance, dando um belo chute, de frente, forte, de esquerda, no adversário, que caiu de costas, num apagão, indo para o chão, num quase nocaute; o juiz não entendeu a jogada, não fez a contagem, ele se levantou e na tentativa de outro chute o juiz o empurrou. Marco Antônio ficou dividido durante a luta entre as vaias de reprovação da torcida e o seu ímpeto competitivo. Luta interna dividida, luta perdida.
Rio de Janeiro
Nova etapa surgiu quando foi chamado para o Rio de Janeiro, conseguiu ingressar no mestrado e teve o apoio do professor Nelson Maculan Filho, um dos mais respeitados na UFRJ, da qual foi Reitor, e que o incentivou em seu trabalho, concedendo-lhe uma bolsa de estudo, o que viabilizou sua permanência naquele estado. Morou na rua Silveira Martins, no Catete, onde jogava futebol, e se aproximou de colegas imigrantes, entrosando-se, quando participou de um campeonato, organizado por Consulados no Brasil, que permitia a inclusão de até três brasileiros e reuniu diversas equipes. Jogando pela equipe do Peru, a participação foi um fiasco, perdendo todos os jogos – para a Argentina, no Estádio São Januário; para a Itália, em Laranjeiras; onde Marco Antônio fez um gol de falta; e para o Paraguai, no Estádio Caio Martins, em Niterói.
Depois que retornou do doutorado, em 1998, passou a se dedicar a corridas de rua. Mais recentemente, diante da empolgação do professor Bruno Barreto, da Viver Academia, para atletas da terceira idade, resolveu voltar às disputas, organizou uma equipe de apoio, com endocrinologista, fisioterapeuta, podólogo, cardiologista etc., participando de maratonas, como a de agosto, em Goiânia.