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Campeonato Goiano de Futebol Feminino

Após golear o Goiânia, Jaó enfrenta Aliança no domingo (12/10)

Jogadoras falam das dificuldades do esporte | 08.10.14 - 19:13 Após golear o Goiânia, Jaó enfrenta Aliança no domingo (12/10) (Foto: Yasmin Dias)

Domingos Ketelbey
Especial para A Redação

Goiânia - O final de semana em que ocorreu a 26ª rodada do Campeonato Brasileiro e o encerramento do primeiro turno das eleições também marcou o início da edição 2014 do Campeonato Goiano de Futebol Feminino. Três times da capital, Aliança, Goiânia e Jaó disputam o título e uma vaga para a Copa do Brasil de 2015, torneio nacional que dá vaga à Libertadores da América.

O primeiro jogo do primeiro turno foi realizado no sábado (4/10), com Goiânia e Jaó reeditando a final do ano passado na Vila Olímpica. A partida terminou com a goleada do Clube Jaó, que venceu por 6 a 0. 

O próximo adversário do Clube Jaó será o Aliança, no Centro de Treinamento (CT) da Universidade Salgado de Oliveira Universo (Universo). A partida será no próximo domingo (12/10), às 15h30. Goiânia e Aliança encerram definitivamente o primeiro turno do campeonato no dia 19 de outubro, em jogo realizado no CT da Ovel, às 9h30. 
 
A previsão é que a final do Campeonato ocorra no dia 30 de novembro, sendo também a última competição de 2014 organizada pela Federação Goiana de Futebol. 
 
A competição
O Jaó, detentor dos últimos quatro títulos da competição, já entra como favorito. “Além de termos uma estrutura muito boa, estamos com uma equipe entrosada e que treina junto há um bom tempo” diz o técnico da equipe, professor Lasaro  Caiana. 
 
Em parceria com a Universidade Salgado de Oliveira (Universo),  o Jaó vem disputando alguns torneios universitários em categorias como o Futsal. “Fomos bem no Campeonato Brasileiro Universitário, em Brasília, ficando em nono na classificação geral, num campeonato com vários times de todo o Brasil. O saldo final foi bem positivo”, relata Caiana, que estreou no time naquele Campeonato.

“Nossa expectativa vai além. Queremos ser campeões goianos e fazer a melhor campanha de Goiás na Copa do Brasil.” Os treinos no futebol de campo são realizados na segunda, quarta e sexta, na terça e quinta-feira as meninas treinam futebol de salão. 
 

Professor Lasaro Caiano, técnico do Jaó (Foto: Matias de Souza)
 
Luis César, o treinador do Aliança, reconhece a superioridade dos rivais, no entanto assume que pode dar trabalho e, com amor e garra, mudar as perspectivas na final do Campeonato.

“O Jaó entra como principal candidato, é claro. Mas também treinamos regularmente todos os dias do ano e temos um bom entrosamento. Essas garotas jogam por amor ao esporte e vão dar o melhor de si, com toda a certeza. Estamos indo bem em todas as competições que participamos como preparação.”


Luis César, treinador do Aliança (Foto: Yasmin Dias)
 
Com o time ainda sendo montado e sem técnico, o Goiânia corre por fora na briga pelo título.
 
Dificuldades e sonhos
As dificuldades para uma garota que quer jogar futebol são inúmeras, já que o esporte conta com pouca ajuda de empresas. Sem falar que o preconceito ainda é realidade nesse cenário, embora muitos aspéctos já tenham sido superados. 

“Antigamente você via muita gente ir ao estádio apenas para xingar a jogadora de 'lésbica' e 'sapatão'. Hoje você não vê mais isso dentro do estádio, o pessoal vem para prestigiar mesmo. Mas ainda tem um certo preconceito dentro da casa com relação à mulher jogar futebol”, conta o técnico do Aliança. 

“Antes você via falar que mulher tinha que jogar vôlei, já o homem tinha que ir pro futebol. Mas o vôlei masculino ganhou muita força e anda ganhando muitos campeonatos nos últimos anos. Hoje esse pensamento de vôlei só para mulher já não existe mais, e o futebol está indo pelo mesmo rumo", comemora Karine Couto, volante e capitã do Jaó. 

"O nível técnico das meninas anda melhorando e você não vê mais grandes goleadas como via antigamente”, completa a experiente jogadora de 33 anos que, difente de outras aletas, tem o apoio da família. 

 

Karine Couto é zagueira e capitã do Jaó (Foto: Matias de Souza)
 
Para o técnico Lasaro, a falta de apoio e investimentos impede boas jogadoras de continuarem seus sonhos. “Em Goiás, por exemplo, apenas três times da capital que são federados, e nós temos boas jogadoras aqui", diz.

"Temos também outros bons times que disputam campeonatos amadores e de várzea, com muita menina boa de bola. Em Goiás também tem times profissionais masculinos que poderiam investir no futebol feminino e não investem", lamenta. "Poderiam ser feitos excelentes campeonatos com um nível técnico elevado se tivéssemos apoio. Jogadoras preparadas nós temos em todo o Estado. Eu viajo muito e vejo isso.”
 
Os desafios existentes pela falta de apoio são grandes, mas, com colaboração e esforços individuais, os treinos e jogos acontecem. “Recentemente tivemos o caso de duas irmãs que jogam aqui no time, com chuteiras muito desgastadas e sem condições de uso. Tive de fazer uma ‘vaquinha’ com outros treinadores e membros do Jaó e da Universo para ajudar as meninas”, diz o professor. 
 
O esforço, segundo Lasaro, não é inválido. “Muitas são as dificuldades, mas aqui, por exemplo, tínhamos meninas que poderiam claramente estar no crime e fazendo coisas erradas. O futebol, sem dúvidas, as afastam desse perigo. Muitas meninas poderiam estar numa situação muito melhor se existisse uma atenção maior ao esporte. O investimento, do ponto de vista social, devia existir, mas a realidade é outra." 
 
Karine, de apenas 17 anos, é uma das "pupilas" de Luis César no Aliança. Mesmo tão jovem, a jogadora participou por 15 dias de um período de treinamentos da seleção Brasileira sub-17 na Granja Comary no Rio de Janeiro. “Foram os melhores dias da minha vida. Eu trabalho para, em breve, poder jogar num grande clube do Brasil e na Seleção Brasileira.”
 
Luis orgulha-se em dizer que, além de Karine, outras três jogadoras foram selecionadas para a equipe brasileira nesse período de treinamentos. “Não dá para ignorar o resultado desse trabalho”.
 
Débora Freitas, a Pitchu, atacante do Jaó, também sonha em sair de Goiás e chegar à seleção. Lásaro conhece o trabalho da jovem e, confiante, diz que não é um sonho impossível. “Ela tem apenas 17 anos e ainda não pode ser considerada a jogadora mais importante do time, mas tem talento! Foi artilheira dos últimos campeonatos que disputamos no futsal e agora que assumi também o futebol de campo trouxe ela para compor o elenco e ela tem agradado.” 
 
Para a capitã do Aliança, Raniella Ferreira, de 31 anos, sendo 15 dedicados ao clube, apenas o amor ao esporte justifica a persistência em continuar lutando pelo sonho. "Quem joga no futebol feminino tem que jogar por amor ao clube ou esporte. Se for pensar em questão financeira você só tem a perder”, alerta. 

 

Raniella Ferreira, capitão do Aliança 
(Foto: Yasmin Dias)
 

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