A Redação
Goiânia - Utilizar a experiência acumulada na recuperação de edifícios e locais históricos, artísticos e culturais no espaço urbano. Assim, uma empresa que está há mais de 30 anos trabalhando com restauração pelo país, decidiu desenvolver um projeto urbanístico a partir de um espaço natural. E mais que isso, decidiu recuperar este espaço degradado e adaptá-lo para o uso integrado entre habitação humana e preservação da natureza.
Neste contexto surgiu o Condomínio Florestal Florata, condomínio de chácaras lançado em Goiânia que recuperou uma área de pastagem, antes utilizada para a atividade agropecuária convencional e a transformou em uma agrofloresta. Nada de adubação química ou defensivos agrícolas, lá, uma floresta que se mantém com alimentos e árvores nativas em uma área verde que deve chegar a 700 mil m² e alimentar mais de 300 famílias. O excedente que sobrar dos moradores será (e já está sendo) doado a instituições filantrópicas.
Tradicionalmente os usos são excludentes e antagônicos porque se distroi a natureza para adaptar o espaço à ocupação urbana. Mas as épocas mudaram, as necessidades evoluíram e no meio do caos urbano, o sossego e a necessidade de um pouco de qualidade de vida se faz necessário e urgente. A execução do Florata portanto, complexa e detalhada, começou em 2012, com pesquisa e apoio da Universidade Federal de Goiás (UFG) que resultou em um seminário internacional em 2016.
“Uma restauração exige diversos fatores não comuns em obras convencionais. Além do estudo minucioso, dos detalhes da obra, tem também que reverenciar a história. É sobre quem fez aquela obra e sob que contexto, em que época. Isso faz com que a gente trabalhe com mais elementos do que simplesmente colocar pedra sobre pedra. Há uma necessidade grande de ter uma convivência com a comunidade que conviveu com tudo que aquela obra representa. Isso nos torna mais sensíveis porque é mais que uma obra entregue, ela precisa pertencer à comunidade. Nós agora queremos trazer um pouco disso para o urbano e é esse sentimento que me move ao trabalho”, afirma Manoel Garcia, engenheiro civil e diretor da Biapó.
Para uma obra tão importamte, um time de peso. O projeto urbanístico do condomínio e do parque são assinados por Fernando Teixeira, responsável pelo Plano Diretor de Palmas e os projetos de arquitetura estão sob responsabilidade de Raquel Thomé e o paisagismo traz o ar oriental de Yara Hasegawa, que junto com a Arquiteta Paisagista Mercêdes Brandão foi responsável pela revitalização da Praça do Sol e construção do Jardim Japonês do Parque Flamboyant.
“Garantir a conexão das pessoas com a natureza é um dos princípios orientadores do projeto. Proporcionar vivências, sejam elas culturais, afetivas, de lazer ou outras, relacionadas ao meio ambiente interfere diretamente na qualidade de vida das pessoas. Assim, todo o Projeto Paisagístico foi pautado nos conceitos de valorização da vida em comunidade, do desenvolvimento de sua relação com os recursos naturais, associada à construção de um sentimento de pertencimento e identificação com o local”, completa Yara.
Referência em restauração
Com 30 anos de mercado, a Biapó realizou restaurações relevantes pela visibilidade artística e arquitetônica como patrimônio como o complexo de Congonhas com esculturas de Aleijadinho (MG), o mercado de Manaus (AM), o conjunto da Pampulha em Belo Horizonte (MG) e o palácio da Casa da Moeda no Rio de Janeiro.
Pela complexidade da engenharia merecem destaque o salvamento emergencial após a enchente em São Luiz do Paraitinga (SP) e a recupação da Matriz de Pirenópolis, após o incêndio. Finalmente, pela complexidade logística, destaca-se o forte da Vila dos Remédios, na ilha de Fernando de Noronha, atualmente em execução.
Obras de restauração em andamento
Palácio Universitário da UFRJ (Rio de Janeiro)
Estação Ferroviária de Goiânia (GO)
Forte de Nossa Senhora dos Remédios (Fernando de Noronha - PE)
Templo da Humanidade (Rio de Janeiro)
Fazenda Santa Eufrásia (Vassouras - RJ)