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Larissa Lessa
Atualizada às 13h15
O aumento da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados já provoca efeitos na venda de veículos. Nas concessionárias que ainda não reajustaram os preços, a procura por carros importados cresceu. Somente na JAC Motors, revendededora da chinesa JAC na capital, a venda de carros dobrou no último final de semana. “Foi o melhor final de semana da JAC em todo o Brasil. O consumidor está assustado com as mudanças e quer comprar os carros com o preço antigo”, afirmou o diretor da revenda da JAC em Goiânia, Sidney Alves.
Em nota divulgada à imprensa, a montadora afirmou que a elevação do IPI em 30% para automóveis importados traduz-se em um aumento real de 230% do imposto para os carros da marca. No entanto, os preços dos automóveis vendidos no Brasil continuam inalterados. “A expectativa é de que esses preços sejam ajustados internamente, sem repasse para o consumidor. Temos um estoque que pode garantir os mesmos preços por um bom tempo”, disse o diretor da revenda.
Na Hyundai, que produz em Anápolis apenas dois modelos da família de carros da montadora, a tabela de preços dos veículos já sofreu alterações. Na concessionária Saga Hyundai, em Goiânia, o recém-lançado Veloster já chegou com o preço reajustado. O carro, que iria custar entre R$ 68 mil e R$ 75 mil, está sendo vendido entre R$ 80 mil e R$ 84 mil. “O preço de todos os modelos subiu cerca de 5%. Já começamos a ter os impactos negativos do aumento e a expectativa é de diminuição de vendas, principalmente se todo o aumento do imposto for repassado pela fábrica”, afirma o gerente comercial da Saga Hyundai, Frederico Wascheck.
A chinesa Chery, que deve começar a produzir veículos no Brasil em menos de dois anos, vê a alteração do imposto com mais tranquilidade. “Com a fábrica pronta, sairemos desse risco de sofrer com qualquer medida do governo ou variação cambial”, explica o representante da marca em Goiás, Sérgio Leão. Segundo ele, os valores dos carros ainda não aumentaram na concessionária em Goiânia, que deve “preservar os preços ao máximo”. No fim de semana, o volume de vendas cresceu 50% na Chery Fàn.
Fábrica no Brasil
O aumento do IPI para carros importados pode afetar os planos da JAC Motors de instalar uma fábrica no Brasil, provavelmente em Goiás ou na Bahia. “Tínhamos planos para estabelecer uma fábrica no Brasil, mas agora preocupa-nos o fato de o governo ter elevado o IPI sobre os veículos”, disse o diretor de Negócios Internacionais da JAC Motors, XieFang em reunião com o governador Marconi Perillo, que está em missão oficial na China.
Em resposta, Marconi afirmou que na próxima segunda-feira (26/9) irá a Brasília para reunião com o Ministro do Comércio Exterior, Fernando Pimentel. O objetivo é relatar o descontentamento das montadoras chinesas visitadas pela missão do governo goiano com o aumento do imposto.
A empresa anunciou no mês passado investimentos de R$ 600 milhões de dólares e geração de 3 mil empregos na fábrica. A JAC havia planejado escalonamento do índice de nacionalização dos componentes de 25% no primeiro ano, 45% no segundo e 65% no terceiro. Já as novas regras criadas pelo Governo Federal apontam que somente veículos com mais de 65% de componentes nacionais não vão ter o imposto reajustado.
De acordo com o superintendente do Programa Fomentar/Produzir da Secretaria de Indústria e Comércio, Júlio Paschoal, as empresas do setor demandam pelo menos três anos para alcançar o índice de nacionalização das peças e componentes estipulado pelo Governo Federal. “Com isso ganham os países concorrentes do Brasil e de Goiás, como os que se encontram na América do Norte, do Sul e do Continente Europeu, isto porque a economia é globalizada, os investidores buscam mercados em que podem otimizar ao máximo seus recursos”, diz.
Reação
Em carta aberta à Presidência, a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva) afirmou que o aumento de 30% do IPI representa acréscimo real de 120% a 428% sobre as alíquotas viagentes. “Significa uma ação protecionista às montadoras locais (que são as maiores importadoras) e ao mesmo tempo inviabiliza comercialmente o setor de importação de veículos automotores”, diz a nota.
Os carros importados pelas 27 marcas que não têm fábrica no Brasil representam 5,8% do mercado brasileiro no acumulado de janeiro a agosto. Segundo dados da Abeiva, se forem considerados somente os carros com valor até R$ 60 mil, que concorrem diretamente com a indústria local, a participação dos importados da Abeiva cai para 3,3%.
O reajuste do IPI foi anunciado no fim da semana passada pelo Governo Federal. O incentivo, que foi justificado como um meio de melhorar a competitividade do automóvel brasileiro e estimular a produção dentro do país, vigorará até 31 de dezembro de 2012. No caso dos automóveis até mil cilindradas, o IPI passará de 7% para 37%. Para os veículos de mil a 2 mil cilindradas excluídos dos benefícios, a alíquota, atualmente entre 11% e 13%, subirá para 41% a 43%.
Para fugir do imposto, as empresas devem investir em tecnologia, utilizar 65% de componentes nacionais (do Brasil ou da Argentina) e executar pelo menos seis de 11 etapas de produção no Brasil.
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