A Redação
Goiânia - Com fábricas em Itaberaí e Nova Veneza, a São Salvador Alimentos (SSA) ampliou a produção para atender o aumento de demanda por alimentos no Brasil durante o período de isolamento social decretado pela maioria dos Estados e Distrito Federal como medida de combate à propagação do novo coronavírus (Covid-19). Apesar do aumento de custos, principalmente com insumos, a empresa goiana diz que mantém seus preços. A informação foi dada pelo CEO, José Garrote, em conferência realizada pela XP Investimentos.
"Nossos insumos estão mais caros, com aumento do consumo e da cotação do dólar. Mas conseguimos antecipar muito a compra de insumos, estocamos o máximo possível, o que tem garantido a nossa produção para atender o aumento das demandas nos mercados interno e externo. Vendemos tudo o que produzimos, sem qualquer aumento de preço, para garantir o abastecimento aos consumidores com produtos de qualidade das marcas SuperFrango e Boua", afirmou José Garrote.
Com cerca de 8 mil colaboradores, a SSA atende mais de 25 mil clientes (atacadista, supermercados, etc) no País e exporta para 66 países. No ano passado suas vendas cresceram 35%.
A SSA se preparou para a crise do novo coronavírus. "A China é um dos nossos principais mercados. Acompanhamos tudo o que acontecia lá, sabendo que poderia acontecer também no Brasil. Implantamos esta filosofia de gestão na empresa, de nos antecipar a potenciais crises. Aprendemos muito com a greve dos caminhoneiros, em 2018, que afetou o nosso negócio, especialmente na cadeia de suprimentos e de distribuição", afirmou José Garrote.
CEO do Grupo Maratá, um dos maiores produtores de café do Brasil, Frank Vieira afirmou que existe uma grande insegurança no País, o que levou a maioria dos consumidores a uma correria nos supermercados. "Apesar do aumento da demanda e dos insumos, muitos cotados em dólar, não repassamos também para os nossos preços", frisou.
Já o CEO da St Marché, rede premium de supermercados em São Paulo, Bernado Ouro Preto afirmou que desde o dia 12 de março houve forte crescimento do consumo. "Vendemos hoje o dobro de dias normais. Mas é algo que aconteceu na Europa: explosão do consumo nos primeiros 10 dias da pandemia do novo coronavírus, depois estabiliza por mais 15 a 30 dias, e a partir daí acontece forte redução. Hoje o fluxo de clientes nas nossas lojas é 20% menor do que antes desta pandemia, mas o valor médio do ticket praticamente dobrou", afirmou.
Membro de conselhos de grandes empresas no varejo e na indústria, José Barral afirmou 90% das vendas nas redes de supermercados foram de até 20 itens. "As pessoas foram comprar o básico do básico. Isso, claro, pressionou os preços porque as indústrias também tiveram dificuldade de suprir o varejo. Acredito que haverá um novo pico do consumo no Brasil na primeira semana de abril, quando os trabalhadores receberão os salários. Mas, novamente, de itens mais básicos", opinou.
"Muitos fornecedores também aproveitaram para aumentar suas margens, prevendo aumento da inadimplência e redução de vendas, o que vão impactar seus caixas lá na frente. Mas não haverá espaço para aumento de preços. A demanda hoje é forte, mas logo será menor que a oferta. Haverá um achatamento na renda dos brasileiros", afirmou.
Os empresários se mostraram otimistas quanto ao futuro do Brasil, apesar da grave crise gerada pela pandemia da Covid-19. "As oportunidades, especialmente para o agronegócio, são enormes. Acredito que vamos sair mais fortes e mais preparados desta crise", afirmou José Garrote.
"Está sendo um grande aprendizado para o varejo brasileiro, principalmente em buscar excelência no atendimento ao consumidor e a explosão dos canais digitais de venda, que vieram para ficar", afirmou Bernado Ouro Preto. "Acredito que haverá valorização dos pequenos e médios estabelecimentos, do supermercado de vizinhança, do atendimento diferenciado. Antes da crise, os preços dos atacarejos é que ditavam o mercado. Essa relação vai mudar", disse José Barral.