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São estampas, tecidos diversos e até bordados | 01.06.20 - 07:30
Foto: Divulgação
Carolina Pessoni
Goiânia - Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, em abril, que o uso comunitário de máscaras pode ser uma forma de diminuir o número de infecções por covid-19, a população passou a usar o equipamento de proteção de maneira mais ampla. Em Goiás, o uso de máscaras se tornou obrigatório com a publicação do Decreto nº 9.653, de 20 de abril do Governo do Estado, para qualquer pessoa que precise sair de casa.
Com a falta de máscaras descartáveis devido à alta demanda para profissionais da saúde, o uso do utensílio de tecido se transformou em uma solução de segurança para toda a população. Assim, mais que um item de proteção, a máscara passou a ser parte da indumentária e uma opção de geração de renda fixa para quem produz moda ou passou a produzir como trabalho alternativo.
Os criativos da moda na Nigéria, Senegal e África do Sul estão dando sua própria cara nas máscaras, integrando designs tradicionais e exclusivos. O diretor criativo de uma empresa de moda da Nigéria, Inga Gubeka, afirma que "a necessidade do uso de máscaras não descartáveis no cotidiano trouxe a ideia de mascarar com estilo". Alguns designers dizem, inclusive, que a integração de máscaras na moda pode mudar a maneira como se projeta uma roupa.
Fashion creatives across Nigeria, Senegal and South Africa are putting their own spin on face masks by integrating traditional and unique designs.
"Seeing that masks are going to be an everyday thing, you know, you want to mask in style." pic.twitter.com/23rTF6Om4u
A estilista goiana Sandra Neves explica que as fashionistas estão combinando o novo utensílio com os tecidos ou tons das roupas. "As máscaras estão sendo coordenadas com o tom da calça ou da blusa, como um verdadeiro acessório para agregar moda. Vemos também usar na máscara uma cor de tendência para 'alegrar' o look do dia. A sacada dos fashionistas e das empresas de moda é fazer com que a máscara seja um acessório diário, como uma tiara ou um brinco. Quando a pessoa pensar no look, já vai pensar também na máscara que ornar melhor com a roupa", afirma.
Sandra ressalta, entretanto que as máscaras devem ser feitas prioritariamente de algodão, por ser o tecido mais recomendado para proteção, além de ser o mais confortável e higiênico. “É a melhor matéria-prima para ser usada. Deve ter uma camada dupla de algodão e aí o toque da moda, como um poá, um tule, uma renda, ou até mesmo jeans.”
"As pessoas estão se preocupando em combinar a máscara com as suas roupas", diz a estilista Sandra Neves (Foto: Divulgação)
Mesmo neste momento de incertezas, a estilista acredita que, pelo menos até o fim deste ano, a máscara continuará como um acessório de segurança, mas que vai compor a roupa. “As pessoas já estão se preocupando em colocar a máscara como um item que faz parte do look, principalmente no segmento feminino. A mulher é, geralmente, mais vaidosa e quer que o seu rosto comunique também com o seu visual”, destaca.
Máscara como um negócio
Rendas, bordados, estampas e até emblemas de super-heróis passaram a ser comuns nas máscaras. Com isso, abriu-se uma oportunidade de renda extra, alternativa ou até mesmo de crescimento nas vendas de marcas que já trabalham com moda.
A empresária Larissa Noda já possui uma loja de blusas femininas na região da 44, em Goiânia, e viu na produção do item de proteção uma oportunidade de incrementar o mix de produtos oferecidos para os clientes. “A princípio a ideia das máscaras no início da pandemia foi uma válvula de escape. Nós tivemos essa ideia para manter a produção ativa, manter o pessoal empregado. Nós fomos uma das primeiras confecções a fabricar as máscaras de tecido em Goiânia. Já nas primeiras semanas da paralisação começamos a fabricar as máscaras de maneira intensa”, afirma.
Produção de máscaras bordadas de Larissa Noda (Foto: reprodução/Instagram)
A inspiração de Larissa veio de uma das marcas mais consagradas do mundo da moda, a Louis Vuitton. Ela explica que se guiou pela marca, pois o modelo é maior e com um “bico de papagaio”, que se encaixa melhor no rosto. “São máscaras maiores, que se encaixam perfeitamente protegendo toda a região necessária. Esse conceito da Louis Vuitton foi o que nos inspirou, primeiramente pelo conforto, mas também pelo fashionismo que ele permite”, diz.
Com o aumento da produção, Larissa teve a ideia de produzir looks para combinar com o item de proteção. “Nós estilizamos essas máscaras para que elas coordenassem com as roupas e agregassem mais valor ao produto que já produzimos. Isso atraiu vários olhares e teve uma ótima procura por parte dos clientes”, afirma a empresária.
Larissa diz que as máscaras mais procuradas e vendidas são as estilizadas, com aplicações em pedrarias termocolantes. “Isso trouxe uma identidade para a nossa marca e o pessoal gostou muito. Foi uma máscara que chamou muita atenção por ser muito diferenciada. O modelo mais procurado é o modelo anatômico estilizado, que se adapta melhor no rosto, além de ter alguns acessórios, como aplicações, cores vibrantes e estamparia diferenciada.”
Para a empresária, as máscaras se tornaram modismo e tendência. Cada pessoa procura a que se adapta melhor, a mais confortável, mas sem deixar o estilo de lado. “As pessoas procuram fazer as combinações tanto de cores, quanto de estampas. Para se ter uma ideia, até mesmo a modinha mãe e filho pegou muito bem e as estampas minimalistas foram um sucesso de vendas.
Faça você mesmo
A confecção de máscaras caseiras também tem se tornado um fenômeno, pois qualquer pessoa pode fazer em casa e sem gastar muito. Além de eficiente, é um equipamento de produção simples, na maioria das vezes, feito com produtos que a pessoa já tem. Veja abaixo como produzir uma máscara caseira sem gastar nada:
Inclusão
Para pessoas surdas ou com perda auditiva, as máscaras podem impedir que elas entendam qualquer coisa, já que cobrem boa parte do rosto, impedindo a leitura labial ou expressões faciais que facilitam a compreensão. Por isso, grupos em todo o mundo têm defendido a produção de máscaras com janelas transparentes como uma solução para este problema.
Máscaras com janelas transparentes facilitam a comunicação (Foto: Reprodução/BBC)
Em entrevista à BBC, a fundadora de uma associação que apoia surdos e deficientes auditivos no norte da França, Kelly Morellon, afirmou que trabalhou para criar um design de máscara que cobrisse o nariz, mas deixando a boca visível. "O objetivo básico dessas máscaras transparentes é permitir que surdos e deficientes auditivos leiam os lábios de alguém que está falando com eles", disse Kelly.
Ela destacou ainda que esse tipo de máscara pode ser útil também para pessoas autistas ou com dificuldades de aprendizado e crianças pequenas, que podem ter medo de máscara ou precisem ver expressões faciais. "De qualquer forma, uma máscara transparente permite que você veja os sorrisos um do outro, e nesse momento triste isso não poderia ser mais importante", ressaltou em entrevista à BBC.