A Redação
Goiânia - Lojistas de seis shoppings goianos, sem uma liderança definida e representados pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), se uniram numa ação para alertar sobre a urgência da abertura consciente dos centros de compras. Na Semana do Dia dos Namorados, o grupo lançou, nas redes sociais, o vídeo Shopping Legal É Shopping Seguro, com cenas de sanitização de ambientes e de normas adequadas pelo shopping para combater a covid-19.
Depois de uma espera passiva de 90 dias de portas fechadas, período essencial para apoio aos funcionários e finalização do protocolo sanitário estipulado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o grupo decidiu mostrar para a sociedade, e para as autoridades, a necessidade da abertura consciente dos shoppings centers. A ação do vídeo, segundo os lojistas, foi impulsionada também pelo desejo de contribuir na prevenção da doença, diante do aumento de casos de contaminação pelo novo coronavírus em vários bairros da capital e municípios goianos. Nesse contexto, o grupo reforça que, em outros estados com índices de contágio e letalidade da doença bem maiores que em Goiás, os shoppings foram reabertos após finalização de protocolos e adoção de medidas para prevenir a covid-19.
Os lojistas dos shopping tradicionais defendem ainda que, com a reabertura, muitos compradores não vão mais precisar recorrer somente ao comércio de rua e a outros pontos liberados durante a pandemia. Isso, segundo eles, pode diminuir fluxos e aglomerações em ruas e em avenidas. Para a empresária Raquel Pires, dentro do shopping é muito mais fácil fiscalizar e controlar o uso de máscaras, de álcool gel e, ainda, conter eventual aglomeração, com o suporte de sistemas de câmeras e de vigilância. Ela exemplifica que, no início de junho, teve sua temperatura medida ao entrar num estabelecimento comercial numa segunda-feira, mas que, no final de semana, tal medida não foi verificada no mesmo ponto de compras. “Isso indica que, em muitos locais que estão abertos, há uma falta de padrão na aplicação de regras do protocolo sanitário e, também, que na fiscalização que ainda é inadequada”, observa.
Reabertura consciente é defendida
Na luta pela reabertura de suas lojas, o grupo de lojistas de shopping centers tradicionais de Goiás, a maioria formada por empresários de shoppings de Goiânia, tem o apoio da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping). Esta associação, com cerca de 55 mil associados, é presidida por Nabil Sahyoun, que apoia movimentos para uma abertura consciente de lojas e alerta para a necessidade da aplicação do protocolo sanitário de combate à covid-19 também como ação para retomada da economia e contenção do desemprego.
Para ele, não há dúvidas de que o shopping é um ambiente controlado e que segue protocolos sanitários rígidos de funcionamento, como o da Associação Brasileira de Shopping Center (Abrasce). “Aferição de temperatura, controle de entrada, adoção de equipamento como dispensadores de álcool gel, e até tapetes de ação bactericida, são algumas das medidas que tornam o shopping center um ambiente seguro”, destaca. Nabil Sahyoun diz que, baseado na experiência da abertura dos shoppings em São Paulo, o shopping center que deseja voltar a funcionar deve comprometer-se com o poder público, adotar e fiscalizar a aplicação desses protocolos sanitários, segundo ele “a saída para uma abertura segura”.
Dificuldades e desemprego
João Grego, outro lojista do mercado varejista de shopping center tradicional, ressalta que o grupo vive uma espera passiva, diante de situações geradas ou agravadas pela pandemia que não têm prazo para soluções rápidas, como contágio da doença, problemas de saúde mental e dificuldades econômicas. “Eu ainda não precisei fechar as portas como vários colegas, mas tive de demitir em torno de 20% dos meus funcionários”, lamenta. Raphael Souza Rios, presidente da Associação dos lojistas do Shopping Flamboyant (Aslof) espera que a abertura das lojas de shopping center ocorra ainda em junho. Uma data aguardada pelos lojistas para reabrir o shopping é o dia 22. “O shopping e os lojistas estão totalmente prontos para a reabertura. Não existe mais negociação a longo prazo. Num shopping de 4 mil empregos, as demissões chegam à marca de mil”, alerta.
Marcelo Baiocchi, presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), disse que a entidade apoia todas as ações e o movimento do shopping pela abertura, até porque conhece a proposta da Associação Brasileira dos Shopping Centers (Abrasce), chancelada pelo Hospital Sírio Libanês para abrir “com segurança”. Temos mantido reuniões semanais com o Prefeito e seus secretários e estamos empenhados para que isto ocorra o mais rápido possível. Com a conversa que estou tendo com empresários de shopping, cerca de 10% das lojas não abrem mais”, destacou. Nossa luta não é pela abertura simples das lojas, do comércio, nossa luta é pela segurança e respeito à vida. Nós defendemos vidas, tanto na economia como na pandemia, pois na economia, com o desemprego crescente já tivemos mais de 32 mil desempregados nos meses de março e abril deste ano”, lamenta.