A Redação
Goiânia - Empresários do setor de bares e restaurantes de Goiânia anunciaram que farão paralisação de atendimento por aplicativos de delivery na terça e na quarta-feira (9 e 10/3). Mais de 50 estabelecimentos da capital participam da ação e estarão totalmente fechados nesses dois dias, sem venda de produtos. A informação sobre quais participarão tem sido divulgada pelos perfis dos locais em redes sociais na internet.
As entidades que representam o setor afirmam que a manifestação tem o objetivo de mostrar que é inviável que os estabelecimentos se mantenham somente por aplicativo de entregas. Para o presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes do Município de Goiânia (Sindibares), Newton Pereira, os empresários entendem o momento crítico na saúde, mas querem que a prefeitura libere novamente para o cliente poder buscar sua refeição, seja como drive-thru, take-away ou take-out. “Pedimos também a liberação para reabertura, pelo menos no almoço, seguindo todos os protocolos de segurança.”
Apesar dos aplicativos funcionarem como ponte entre clientes e restaurantes, aumentando a demanda em muitos estabelecimentos, proprietários afirmam que esse crescimento não significa lucro. As taxas cobradas pelas plataformas são altas e em muitos casos chegam a 30% em cima do valor de cada pedido.
Proprietário de cinco restaurantes em Goiânia, o chef Ian Baiocchi afirma que estará com suas atividades paralisadas nesses dois dias em protesto. Segundo ele, o setor sobrevive de público e sem ele é impossível manter as empresas. “Não temos nenhum auxílio do governo e nenhum respaldo para mais essa crise. E o que é pior é a má gestão pública que coloca na gente toda a culpa de todo mal que a covid-19 está causando”, pontua o chef.
Ian Baiocchi afirma ainda que a situação ficou pior com as novas regras do decreto. “O take-away e retirada é uma das poucas formas de respiro para empresas. Não falo nem lucro, porque período de fechamento é um prejuízo muito grande. O que a gente tenta nesse período é pelo menos manter os empregos, manter as pessoas trabalhando, gerando renda para suas famílias, comendo e apenas sobrevivendo. Se a gente tirar isso deles, principalmente sem nenhum auxílio do governo, como eles vão sobreviver?”
Prejuízos
Bares e restaurantes alegam, por meio de seus representantes, que amargam prejuízos desde o início da pandemia e não conseguem mais ficar fechados e enfatizam que, mesmo com pedidos por delivery, o valor recebido não cobre os custos de salários, impostos, aluguel, água e energia. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em parceria com o Sindibares e seus associados em Goiânia aponta uma queda no faturamento de 80%.
Para o presidente da Abrasel em Goiás, Fernando Machado, a conta não fecha. “Empresários entendem o momento crítico que vivemos em relação à pandemia, mas o setor está chegando muito perto de um colapso. Se bares e restaurantes continuarem fechados por mais tempo, muitas empresas terão que fechar as portas”, destaca ele.