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ECONOMIA PRATEADA

De consumidor a empreendedor: a força dos 50+

Maturidade gera renda e transforma o mercado | 30.09.25 - 10:50 De consumidor a empreendedor: a força dos 50+ (Foto: Crédito/Arquivos pessoais)Fernando Dantas
Especial para o jornal A Redação

Goiânia - A população brasileira está vivendo mais, em maior número, e isso é uma excelente notícia para a economia. Hoje, 27% das pessoas têm mais de 50 anos, e a estimativa é que, até 2044, quatro em cada dez brasileiros estejam nessa faixa etária. Essa parcela, conhecida como economia prateada, já representa 24% do consumo nacional — cerca de R$ 1,8 trilhão — e deve alcançar R$ 3,8 trilhões nos próximos 20 anos, o que equivale a 35% do consumo domiciliar privado, segundo a pesquisa Mercado Prateado: consumo dos brasileiros 50+ e projeções, realizada pela Data8, hub líder na América Latina em pesquisa, inteligência de mercado e inovação sobre a revolução da longevidade.

Mais do que fazer parte de estatísticas, homens e mulheres ‘prateados’ mostram que o que era exceção pode se tornar regra: envelhecer deixou de ser sinônimo de aposentadoria e passou a significar reinvenção. São pessoas que consomem bastante, se preocupam em investir e buscam oportunidades para empreender, estudar, mudar de carreira e encontrar novas formas de garantir qualidade de vida, com equilíbrio financeiro e bem-estar emocional.
 
Um desses exemplos é o da corretora de imóveis Beth Ramos, de 57 anos. Durante décadas, ela trabalhou com vendas no setor publicitário em revistas voltadas ao agronegócio, em Goiás, e conseguiu construir uma carreira com dedicação e bons contatos. Entretanto, o mercado evoluiu, e Beth acompanhou de perto como a mídia impressa perdeu espaço para o meio digital, o que reduziu a estabilidade financeira que ela havia conquistado. “Na verdade, eu não tive escolha para mudar. Gostava muito do que fazia, mas o mercado foi engolido pela mídia digital e o salário caiu bastante”, recorda.
 
Beth revela que, aos 51 anos, decidiu mudar de rumo e ingressou no mercado imobiliário. O início não foi fácil, porque a transição de carreira se deu em 2019, justamente quando a pandemia da Covid-19 paralisou diversas atividades comerciais pelo país. “Sem vendas, sem clientes e com contas se acumulando, cheguei a sentir que não conseguiria. Quase pirei, porque estava sem dinheiro, não havia vendido nenhum imóvel e não sabia como teria acesso aos clientes. Mas venci”, conta.
 
Hoje, consolidada como corretora de imóveis, ela reconhece a importância de investir constantemente na profissionalização, por isso se mantém atualizada em relação a tudo o que o mercado imobiliário exige. “A falta de domínio de ferramentas digitais pode ser um obstáculo, por exemplo. Profissionais maduros que se atualizam e mostram flexibilidade tendem a se destacar e conquistar seu espaço com autoridade”, enfatiza.
 
Formada em Administração de Empresas e pós-graduada em Marketing Digital, Beth reconhece que o planejamento financeiro é essencial para quem está acima dos 50 anos. Inclusive, a meta dela é garantir segurança para o futuro por meio de investimentos em imóveis na planta. “Comecei a ter uma situação financeira melhor há pouco tempo. Como sou autônoma, passei a investir em imóveis, pois, pelos conhecimentos que tenho, vi que é o mais seguro e mais rentável. Chegando à velhice, com toda certeza, terei renda vinda desse mercado. Tenho planos de muito trabalho por mais 10 anos”, relata.
 
A corretora acrescenta que é preciso entender que ‘dinheiro não aceita desaforo’, por isso enfatiza que o ideal é guardar parte dos vencimentos. “Já passei muitos perrengues, pois ganhava pouco e as despesas eram altas. Então, aprendi a não gastar tudo o que ganho. Sempre que realizo uma venda, separo uma parte e já deixo reservada, e sempre que é possível invisto um pouco. Mas esse amadurecimento financeiro veio ao longo dos anos”, ressalta.
 
Beth Ramos fez a transição de carreira da área de vendas no mercado publicitário para o setor imobiliário após os 50 anos (Foto: Rhudy Christian)
 
E como longevidade exige equilíbrio, não basta apenas pensar no planejamento financeiro; é necessário investir em saúde física e mental, bem-estar e inserção social. Por isso, a mudança profissional também trouxe novos hábitos para Beth. Depois de anos convivendo com estresse, cansaço excessivo, dores no corpo, refluxo, peso acima do ideal e pressão alta, ela buscou acompanhamento médico, emagreceu dez quilos, fez até cirurgia plástica e retomou a autoestima. “Essa fase da vida exige cuidados específicos. O segredo é equilibrar trabalho, saúde e prazer. Não podemos abrir mão de nenhum desses pilares”. 
 
De família humilde, a corretora se orgulha de ter sido a única entre nove irmãos a concluir um curso de graduação. Hoje, olha para trás com gratidão pelo caminho percorrido e deseja inspirar quem ainda tem dúvidas sobre mudar de rumo após os 50 anos. “Muita gente acha que está velha para empreender ou mudar de carreira, mas é justamente quando estamos mais maduros que a chance da mudança dar certo aumenta. Vá com medo, mas vá”, aconselha.
 
(Crédito: Arte/Fernando Salazar)
 
 
O crescimento da economia prateada traz reflexos e mudanças no mercado, abrindo oportunidades em diversos segmentos comerciais. Segundo o gerente de Negócios e Relacionamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia), Wanderson Lima, é um movimento impulsionado por um consumidor mais experiente, conectado digitalmente e com poder de compra significativo. “Financeiramente estáveis, essas pessoas não apenas movimentam o mercado, mas também impõem novas exigências para empresas que desejam manter relevância”, diz.
 
Apesar desse cenário, ele acrescenta que ainda existe um descompasso entre o potencial desse público e a preparação das empresas. “Muitos consumidores sentem que as marcas não desenvolvem produtos e serviços adequados para eles. É preciso ter uma proposta de valor agregado e estratégia de vendas, porque essa parcela da população exige mais que preço; espera qualidade, atendimento diferenciado e uma experiência de compra personalizada”, afirma.
 
Para Wanderson, o perfil do consumidor acima de 50 anos vai além do individual, porque boa parte responde também pelas despesas da casa, apoia filhos e até netos. “Ao conquistar o cliente 50 mais, as marcas e as empresas podem alcançar todo o núcleo familiar. A fidelidade é outro diferencial importante, já que, uma vez bem atendido, o consumidor maduro volta e tende a se manter fiel à marca por anos”, reforça.
 

(Crédito: Arte/Fernando Salazar)
 
A pesquisa Mercado Prateado: consumo dos brasileiros 50+ e projeções, realizada pela Data8, confirma a avaliação do gerente de Negócios e Relacionamento da CDL Goiânia. De acordo com dados levantados pelo estudo, 54% dos brasileiros com mais de 55 anos não se sentem representados pela mídia e pelas marcas/empresas; e quatro a cada dez indivíduos com mais de 55 anos não encontram produtos e serviços voltados às suas necessidades, ou seja, querem comprar e não encontram.
 
Segundo uma das coordenadoras da pesquisa, Lívia Hollerbach, essa invisibilidade está refletida nas decisões de consumo desse público. Ela afirma que a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) mais recente – realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - demonstra que apesar de um consumo per capita mensal similar, a população com menos de 50 anos tem um cenário mais diversificado do que os prateados. “Enquanto a população mais jovem movimenta um pouco mais nos setores de vestuário, transporte, educação, higiene e cuidados pessoais, os principais consumos prateados mensais estão nas necessidades básicas, ou seja, moradia, transporte, alimentação e saúde”.
 

(Crédito: Arte/Fernando Salazar)
 
Tudo isso faz acender um sinal de alerta para a necessidade de mudança de postura do comércio. Wanderson ressalta que as lojas precisam oferecer ambientes mais confortáveis e acessíveis, atendimento humanizado e paciência no relacionamento, além de produtos funcionais e relevantes para essa fase da vida. Para ele, a comunicação também deve ser autêntica, livre de estereótipos que reforçam apenas a velhice, mas que representem, de fato, a maturidade como etapa produtiva e valorizada.
 
Além do consumo, a geração prateada marca presença no empreendedorismo. Uma fatia desse segmento abre negócios por necessidade e diante das dificuldades de recolocação no mercado formal, mas também pelo desejo de colocar em prática sua experiência. Os setores de saúde, turismo, beleza, bem-estar, moradia e capacitação são alguns dos mais escolhidos por esse movimento.
 
Um exemplo é Elvita Resende, de 62 anos, formada em Administração e empresária do ramo de purificadores de água em Goiânia. Nascida em Alto Araguaia, no Mato Grosso, mas goianiense de coração – como ela diz –, Elvita iniciou sua trajetória profissional ainda jovem, aos 18 anos, no Banco Itaú, onde trabalhou como escriturária, caixa e responsável pela abertura de contas e produtos financeiros. De lá para cá, passou por outros bancos, joalherias e imobiliárias, até se deparar com uma oportunidade que trouxe mudanças para a vida dela: o mercado de purificadores de água. “Eu descobri que tinha um dom para vendas, mas ainda não tinha desenvolvido. No banco, quando oferecia seguros ou aplicações, percebi que estava vendendo sem nem perceber. Depois disso, vi que era o caminho certo para mim”, relembra.
 
Empresária do mercado de purificadores de água, Elvita Rezende acrescenta que idade nunca é barreira para inovar, se reinventar e empreender (Foto: Arquivo pessoal)
 
Elvita começou como vendedora externa, batendo de porta em porta e atendendo empresas de grande porte. Reconhecida pelo talento, logo foi promovida a gerente e, posteriormente, assumiu a própria revenda. Ao longo de mais de 20 anos, montou lojas em pontos estratégicos da cidade e chegou a instalar estandes em parques, aproveitando o movimento de quem buscava qualidade de vida para oferecer um produto diretamente ligado à saúde.
 
Sempre atenta ao mercado, ela mesma encontrava soluções criativas para ampliar vendas e ter retorno financeiro. “Eu montei estandes embaixo de árvores, nos locais de caminhada do Lago das Rosas e em parques da cidade. Panfletava, conversava com as pessoas, explicava o produto. O importante era não desistir”, afirma.
 
Um dos pontos positivos de Elvita sempre foi enxergar oportunidades onde poucos viam e multiplicar forças ao formar equipes. “Eu convidava pessoas para vender comigo. Pagava boas comissões e, assim, todo mundo ganhava. Sempre acreditei que vender purificadores não era só negócio, era levar saúde para dentro das casas. E saúde não tem preço”, ressalta.
 
Para ela, a idade nunca foi barreira, pelo contrário. “A venda não tem idade, não tem cor, não tem raça. Basta ter talento”, afirma. Hoje, ela continua expandindo os negócios, mostrando que o empreendedorismo na economia prateada não é apenas uma alternativa financeira, mas também uma forma de manter vitalidade, autonomia e realização pessoal. “Espero que a minha trajetória inspire outros profissionais maduros a buscar novas oportunidades, reforçando que experiência e maturidade são ativos valiosos no mercado de trabalho e no consumo”, defende.
 

Gerente de Negócios e Relacionamento da CDL Goiânia, Wanderson Lima orienta que lojistas devem ter uma estratégica de vendas para fidelizar o cliente 50+ (Foto: Divulgação/CDL Goiânia)
 
De acordo com o gerente da CDL Goiânia, Wanderson Lima, a trajetória de Elvita revela o quanto é importante aproveitar as oportunidades e, neste caso, ‘surfar na onda prateada’, que pode trazer retorno financeiro para a economia como um todo. “A CDL acredita nisso e já vem trabalhando com capacitação de empresários e lojistas para preparar o comércio às transformações que ocorrem no mercado. Não é algo do futuro, é do agora. Precisamos adaptar os negócios e investir de forma inteligente nessa longevidade para fidelizar esse público e aproveitar as várias oportunidades que estão surgindo”, reforça.
 
O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás) confirma essa tendência. Dados do Boletim de Tendências da Economia Prateada mostram que, nos últimos dez anos, a quantidade de empresas formadas por sócios com mais de 50 anos mais que dobrou, representando hoje 29% dos negócios ativos em Goiás. Em 2025, praticamente um em cada quatro atendimentos do Sebrae Goiás foi direcionado a esse público, informa a analista e gestora de Projetos da instituição, Vera Lúcia Elias de Oliveira.
 

(Crédito: Arte/Fernando Salazar)
 
Segundo ela, o empreendedorismo dos ‘prateados’ se tornou alternativa real para autonomia financeira e aproveitamento da experiência acumulada. “Diante do aumento da expectativa de vida e do envelhecimento da população, profissionais maduros estão cada vez mais buscando empreender, seja por necessidade, desejo de realização pessoal ou para aproveitar oportunidades de mercado. A busca por autonomia financeira, a dificuldade de recolocação no mercado formal e o desejo de aplicar a experiência acumulada em novos projetos são fatores que têm impulsionado esse movimento. O empreendedorismo vem como uma alternativa para alcançar o que muitos 50 mais almejam”, relata.
 
De acordo com Vera Lúcia, nesse cenário promissor, o Sebrae surge como um parceiro estratégico e visionário, reafirmando seu papel fundamental de promover a cultura empreendedora e apoiar o desenvolvimento dos pequenos negócios. “Acreditando firmemente que empreender liberta e que não há idade para começar ou recomeçar, o Sebrae tem atuado de forma proativa para apoiá-los, pois são, sem dúvida, um grupo de altíssimo potencial”, reforça.
 
A instituição acompanha as oportunidades e tendências de mercado para essa faixa etária. Tanto é que o boletim, divulgado pela entidade, traz os setores de segurança, turismo, saúde física e mental, cultura, mobilidade e relacionamento como os que têm grande potencial, diante das demandas já percebidas, além de relacionar o conjunto de atividades, serviços e soluções voltadas à promoção da segurança, autonomia e bem-estar. “São áreas que abrangem desde profissionais autônomos que atendem em domicílio ou em instituições especializadas, até startups que desenvolvem ferramentas de teleassistência e tecnologias assistivas”, explica.
 
Vera Lúcia reforça ainda que a população 50 mais busca alguns diferenciais, como participar de cursos curtos, práticos, digitais e presenciais, como idiomas, tecnologia, finanças, saúde e empreendedorismo. “Aprender passa a ser visto não só como necessidade profissional, mas como forma de manter autonomia, autoestima e conexões sociais. Há disposição para investir em educação continuada, mas com demanda por formatos flexíveis, linguagem acessível e didática acolhedora”, informa.
 
Como toda jornada empreendedora, a trajetória dos ‘prateados’ também apresenta seus desafios, que podem ser transpostos com as estratégias certas, defende a analista do Sebrae. Segundo ela, é necessário transformar barreiras em oportunidades de crescimento, tendo como exemplos a adaptação tecnológica, já que três em cada quatro pequenas empresas do País utilizam as redes sociais para fazer negócios; o combate ao preconceito etário, por meio da excelência na execução e demonstração prática de capacidade de inovação e adaptação; a gestão financeira estratégica, com a busca por ferramentas de controle financeiro robustas e orientação especializada; e a captação de clientes no novo cenário, fidelizando-os por meio da entrega de valor e do relacionamento de confiança. “O empreendedorismo sênior não é apenas uma tendência demográfica; é a reafirmação de que a sabedoria, a experiência e o propósito são ativos atemporais que impulsionam a inovação, geram valor e enriquecem toda a sociedade. A jornada dos platinados no mundo dos negócios é um convite à reinvenção e à celebração do potencial ilimitado da maturidade ativa”.
 

Analista e gestora de Projetos do Sebrae Goiás, Vera Lúcia Elias de Oliveira complemente que a estratégia certa pode ajudar os ‘prateados’ a superarem os desafios de empreender (Foto: Divulgação/Sebrae Goiás)
 
Se, por um lado, a economia prateada estimula o mercado consumidor, movimenta o comércio e abre portas para novos empreendimentos, por outro, também exige atenção redobrada à vida financeira. Isso porque abrir um negócio ou investir para ter um futuro seguro, independente da idade, já é um desafio. O consultor e mentor de negócios Israel Rodrigues ressalta que o planejamento é fundamental para garantir uma aposentadoria confortável e segura. “Aumenta a durabilidade do patrimônio, reduz a ansiedade sobre quanto se pode gastar sem comprometer o futuro e ainda mitiga riscos, inclusive tributários”, afirma.
 
Para ele, entre os erros mais comuns dessa faixa etária estão a falta de controle de gastos, a ausência de projeção do fluxo de caixa para os próximos 20 ou 30 anos e a subestimação da própria longevidade, já que muitos acreditam que viverão até os 75 anos, quando, na realidade, a expectativa pode ultrapassar os 90. Outros equívocos frequentes, segundo Israel, incluem escolhas de investimentos de alto risco e baixa liquidez, manutenção de valores parados em conta-corrente ou poupança, a não contratação de plano de saúde ou seguro de vida, além do comprometimento de reservas ao ajudar filhos e parentes.
 
Na visão do consultor, quem decide empreender após os 50 anos deve redobrar os cuidados. A principal recomendação é manter uma reserva pessoal de 12 a 24 meses para despesas fixas, além de capital de giro suficiente para o negócio. “O risco pode ser mitigado quando se analisa bem a viabilidade, e a experiência de vida conta muito em fazer escolhas mais assertivas, mas não é o que garante sucesso no empreendedorismo. É preciso separar contas pessoais das empresariais, avaliar tolerância ao risco e contar com assessoria qualificada”, orienta.
 
De acordo com ele, esse preparo financeiro tem reflexos diretos na saúde emocional e mental. Famílias que se organizaram antes conseguem encarar a aposentadoria sem perda significativa de padrão de vida. Já quem não se planejou, explica Israel, enfrenta pressões que podem comprometer o equilíbrio. “Ainda há tempo para agir. Quem está na faixa dos 50 tem espaço para mitigar riscos e construir uma base mais sólida para o futuro”, pontua.
 
Quando se tem uma família que se preparou financeiramente para o momento — sabendo que, ao se aposentar, a renda tende a cair, levando à diminuição do padrão de vida — e buscou ter reservas financeiras que possibilitam uma renda passiva, esse tipo de família pode ter a tranquilidade de uma velhice menos penosa. “Já em relação a quem não se preparou e precisa ainda se preparar para que não fique para a última hora e necessite resolver com urgência seus problemas presentes e futuros no âmbito financeiro, tem que planejar hoje e identificar as ações necessárias para que se tenha uma saúde mental e o equilíbrio que todos desejam ter quando chegar à velhice”, enfatiza o consultor.
 

Consultor e mentor de negócios, Israel Rodrigues defende que planejamento é fundamental para garantir uma aposentadoria confortável e segura (Foto: Léo Oliveira)
 
Além disso, ele reforça a importância de manter uma reserva de emergência com liquidez suficiente para cobrir, no mínimo, 12 meses de despesas. A partir daí, reforça Israel, o ideal é investir em ativos atrelados à inflação para preservar o poder de compra. “Caso não seja conservador, ações e fundos imobiliários que pagam dividendos podem gerar uma boa renda. O importante é ter assessoria de um especialista ou estudo suficiente para investir em renda variável”, amplia o tema.
 
Na relação entre longevidade, aposentadoria e novas fontes de renda, o consultor é categórico ao dizer que depender apenas da previdência oficial pode ser arriscado. Isso porque, na visão dele, reformas previdenciárias podem adiar objetivos e, na maioria das vezes, a renda obtida será menor que o salário da ativa. “Buscar alternativas de renda é essencial. Isso pode vir de investimentos bem estruturados ou de um novo negócio, mas sempre com clareza sobre riscos e planejamento adequado”, destaca.
 
É essa visão de futuro financeiro que guia a empresária goiana Élita Ferreira Silva, de 56 anos, tricologista e esteticista, formada em Estética e Cosmética pela Faculdade do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Com 36 anos de carreira no setor da beleza, ela se reinventou várias vezes, desde quando começou, aos 20 anos, atendendo em casa para conciliar o trabalho com a criação dos filhos. Aos 35, já divorciada, comandava um salão com 15 profissionais. Mais tarde, aos 45, criou a própria marca de cosméticos, mas precisou encerrar em 2020, por conta da pandemia.
 
Durante toda essa trajetória, Élita também se preocupou em garantir estabilidade financeira. Investiu em imóveis, construiu reservas e manteve disciplina no controle das finanças. “Sempre tive medo do futuro, então me preparei. Não gasto tudo, não me deixo influenciar e busco guardar sempre. Tenho certeza de que ainda vou conquistar muito e posso investir mais”, diz.
Mas o planejamento dela não é limitado ao patrimônio. Quando completou 50 anos, voltou para a sala de aula e não parou mais. Fez uma graduação, aos 53 concluiu uma pós-graduação e, aos 55, iniciou um novo curso de Biomedicina. “Eu amo estar na faculdade com os jovens. É muita energia e isso acaba contagiando”, ressalta.
 
A rotina de estudos dela se soma a hábitos saudáveis que refletem a preocupação com a longevidade, como leitura diária, dança de salão três vezes por semana e uma visão de vida voltada à qualidade de vida. “Procuro apreciar os animais, a natureza, as músicas e o louvor a Deus. A mente precisa de descanso, porque mente saudável significa corpo saudável”, ressalta. Para ela, longevidade com equilíbrio é sinônimo de felicidade. “O verdadeiro sucesso é se sentir feliz. Não importa o motivo, a gente cria os motivos para ser feliz ou infeliz. Eu escolhi ser feliz”, conclui Élita.
 

Empresária no ramo da beleza, Élita Ferreira investe em estudos e enfatiza que longevidade é sinônimo de felicidade (Foto: Arquivo pessoal)
 
 
 

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